Freamunde volta a celebrar o seu ex-libris durante três dias com uma feira à moda antiga que assinala os 300 anos do foral da Feira dos Capões. Serão recriados tradições e costumes e haverá música, dança, teatro e animação de rua, demonstrações de ofícios, feira de animais e, claro, comes e bebes.

Este fim-de-semana será não só possível apreciar e adquirir capões vivos como também degustar, à dose na feira ou nos restaurantes aderentes, este produto devidamente confeccionado à moda de Freamunde.

Entre os muitos vendedores que vão estar nesta feira está Manuel Luís Silva, de 49 anos, que se dedica à criação de capões há cerca de 20 anos. Todos os anos cria cerca de 200 aves para vender.

Cria 200 capões durante todo o ano

Natural de Irivo, Penafiel, Manuel Luís Silva sempre teve o gosto pela agricultura a correr-lhe nas veias. Os pais eram produtores agrícolas, tinham vacas, vinhas e estufas, e desde cedo que ele participou nas actividades do campo. Fez depois um curso de técnico de gestão agrícola. Mal o terminou conseguiu emprego numa quinta em Freamunde, há cerca de 25 anos. Controlava o laboratório e a reprodução das ovelhas. Foi ali que conheceu a mulher, da freguesia vizinha de Figueiró, também em Paços de Ferreira, onde vive há 23 anos.

Em 1996 começou a trabalhar por conta própria. Tem estufas onde produz produtos hortícolas, nomeadamente para saladas (como tomate, alface ou pimentos) e também legumes (nabos, nabiças, pencas ou repolhos), dependendo da época do ano.

A ideia de criar capões surgiu pela tradição existente na terra que o acolheu e também pelos excedentes de legumes que eram desperdiçados. “Comecei primeiro a produzir galos e capões para mim. Fui aprender com uma senhora que já morreu e fui vendo o que os outros faziam. Isto exige aprendizagem”, comenta Manuel Luís Silva, que treinou primeiro as técnicas nos galos já depois de mortos. Na tentativa de fazer capões “morreram alguns antes de acertar”, não esconde. “Agora isso raramente acontece. Fui melhorando a técnica e usando utensílios mais adequados”, acrescenta. Tem 20 anos de experiência.

Começou com apenas 10 a 15 por ano até chegar aos cerca de 200 que cria actualmente, por ano. Nesta fase são cerca de 50 na capoeira. Antes a oferta era concentrada em Dezembro, por alturas da Feira de Santa Luzia, agora, afirma, há capão durante todo o ano, uma conquista da promoção desta ave.

Os galos são castrados por volta dos três meses e meio a quatro meses e depois criados “de forma o mais natural possível”. “Comem milho produzido por mim e trigo e legumes e ervas. Andam à solta”, conta o natural de Irivo. O objectivo é engordar. O processo de castração exige uma pequena cirurgia para retirar os testículos do animal, que Manuel faz sem dificuldade. É isso que dá origem ao capão. Quando corre mal o galo cresce como “rinchão”.

“Um bom capão tem de ter entre 10 e 12 meses. Temos um ditado que diz ‘Quem quer um bom capão capa-o pelo S. João’. Que quer dizer que ficavam seis meses a engordar”, explica.

Para Manuel Luís Silva um bom capão tem de ter até 7,5 quilogramas e cerca de 10 meses.

Os animais por ele produzidos estarão expostos e para venda na Feira dos 300 anos do Capão de Freamunde. “Parece-me uma iniciativa interessante, bem organizada e planeada. É mais uma possibilidade de venda e promoção do capão”, refere.

A tenda da Associação de Criadores de Capão de Freamunde, onde vai também estar a ajudar durante o certame, vai ter capão à dose para provar, mas não só, adianta. “Vamos ter rissóis de capão, paté de capão, sandes de capão no espeto e arroz de capão, como se fosse arroz de pato”, dá como exemplo.

Visitantes vão poder provar os sabores tradicionais e participar em recriações

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A Feira dos 300 anos do Capão de Freamunde é uma organização conjunta da Junta de Freguesia de Freamunde e de várias associações locais (Associação Sebastianas de Freamunde, Associação de Criadores de Capão, Associação Cultural e Recreativa Pedaços de Nós, Associação de Artes e Letras, Andatrilhos, Clube BTT de Freamunde, The New Party Makers). O evento conta ainda com o apoio da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.

Esta feira à moda antiga começa esta sexta-feira e prolonga-se até domingo, no centro urbano de Freamunde. “Os visitantes vão poder experienciar todo um contexto histórico de épocas, degustando sabores tradicionais, enquanto participam em recriações alusivas a esse período através de música, dança, teatro e animação de rua, demonstrações de ofícios, feira de animais, entre outras actividades. A entrada é livre”, diz a organização.

O ambiente não será esquecido, sendo que todos os copos, pratos e talheres serão reutilizáveis. “Sendo o capão o rei da feira, além da zona de restauração, não podia faltar nas mesas dos restaurantes de Freamunde. Assim, 5 restaurantes associaram-se aos 300 Anos Capão de Freamunde e vão servir o tradicional prato de capão à Freamunde, à dose, nomeadamente: Al’Capão Restaurante, Restaurante Lareu’s, Restaurante Parrilhada, Casa São Francisco e Restaurante a Presa”, diz nota de imprensa.

O evento também terá um papel em termos sociais com parte dos lucros de todas as vendas associadas à feira a serem distribuídos por instituições de solidariedade social e associações locais.

Recorde-se que o capão de Freamunde é um frango proveniente de estirpes de crescimento lento, castrado antes de atingir a maturidade sexual e que se destina exclusivamente à produção de carne.

O acto de capar remonta ao tempo dos Romanos. Reza a lenda que cônsul romano Caio Cânio, cansado da perda do sono por causa do cantar dos galos, conseguiu fazer aprovar uma lei impeditiva da existência destas aves na cidade de Roma. Sem contrariar a lei, houve logo quem se lembrasse de uma forma de continuar a usufruir da carne dos galos, capando-os.

Capão Freamunde 300 Anos – Feira à Moda Antiga

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تم النشر بواسطة ‏‎Capão Freamunde‎‏ في الخميس، ٥ سبتمبر ٢٠١٩