Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

A Câmara Municipal de Paredes vai assumir a responsabilidade de construir a rede de saneamento na zona Sul do concelho.

“Até ao final do ano, o acordo que temos vindo a fazer com a Be Water – Águas de Paredes será celebrado para que a parte Sul do concelho saia da concessão. Quem ficará responsável pela construção do saneamento em Gandra, Recarei, Aguiar de Sousa, Sobreira, Cete e Parada de Todeia será a câmara municipal”, anunciou o presidente da autarquia, esta terça-feira, durante uma sessão com jornalistas onde prestou contas sobre o trabalho feito nos primeiros dois anos de mandato.

Alexandre Almeida referiu ainda que, no orçamento para 2020, há já uma verba de meio milhão de euros para avançar com obras nas freguesias de Recarei e Sobreira.

“As negociações estão fechadas. É como se a concessão da Be Water fosse só na parte Norte do concelho, onde também ainda há muito a fazer tanto na água como no saneamento. Vão esquecer a parte Sul do concelho onde nunca entraram com investimentos de saneamento porque não exploravam a água, porque havia juntas e pequenas cooperativas a fornecê-la”, resumiu o autarca.

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O objectivo é “resolver um problema que se arrasta há anos”. “Em Recarei e Sobreira vamos começar pelos grandes aglomerados populacionais. Há prédios aí que têm de ser imediatamente ligados a mini-ETAR”, referiu.

Confrontado, Alexandre Almeida nega que a câmara fique “com a parte má” da concessão, que vai exigir maior investimento. “Não ficam com a parte boa porque vão ter de continuar a fazer investimentos na parte Norte do concelho. Em freguesias como Vandoma, Beire e outras ainda há muita falta de saneamento”, salientou.

O acordo ainda passará pela reunião de executivo e aguarda pronúncia da ERSAR. O presidente da Câmara acredita que é melhor que a última proposta que previa a entrega das concessões de água no sul do concelho e “também aumento de tarifas na ordem dos 30%”. “O que negociamos agora é que a água subirá só de acordo com a taxa de inflacção”, disse.

Quanto ao custo da totalidade do investimento na construção da rede de saneamento nas seis freguesias para o município ainda não há contas feitas. “É um investimento que será custoso e vai avançar de forma faseada, dependendo dos fundos comunitários que vamos ter para isso”, reconhece o autarca. Alexandre Almeida acredita que a Área Metropolitana do Porto vai conseguir negociar linhas de financiamento para executar saneamento não só em Paredes, mas também em concelhos com problemas semelhantes, como Oliveira de Azeméis e Santo Tirso. O Ministro do Ambiente já prometeu “um tratamento de excepção” para estes municípios.

De qualquer forma, garante o presidente da Câmara, esta solução, apesar de exigir investimento, é sempre mais vantajosa que um possível resgate da concessão que dura até 2035. “Em Mafra, um resgate em que faltavam dois anos para o final da concessão a empresa será indemnizada em 23 milhões de euros”, dá como exemplo.