Oito anos de liderança socialista em Paços de Ferreira levaram a um concelho “paralisado”, marcado por uma “governação absolutista, fechada apenas num único gabinete do edifício da Câmara Municipal”, a “perseguições” e a uma “cultura do medo”.

Alexandre Costa, candidato do PSD à autarquia pacense, afirmou, perante centenas de pessoas, que quer romper com este ciclo. “O concelho não pode esperar mais quatro anos”, argumentou.

Promete, caso seja eleito – e acredita que será -, que as 12 freguesias do concelho serão tratadas com equidade e terão programas específicos para investimento em mobilidade; vai haver aposta na Capital do Móvel e na revisão do Plano Director Municipal e criação de zonas empresarias; serão tomadas medidas na área da habitação, criada uma Casa das Artes e um Conselho Municipal da Cultura e instalado um pavilhão desportivo na zona Norte do concelho.

Na sessão de apresentação pública foram dados a conhecer todos os candidatos do partido às juntas de freguesia.

“Quero um concelho livre deste socialismo municipalista e castrador!”

Alexandre Costa quer “mudar os hábitos instalados”. “Não podemos continuar a permitir que existam perseguições sobre quem diverge do pensamento do actual presidente da câmara municipal. Chegou a hora de uma nova atitude, que contraste com a cultura do medo instalada. Estou aqui, hoje, para dizer basta! A partir de Outubro, o nosso concelho vai libertar-se dessas amarras! Quero um concelho livre deste socialismo municipalista e castrador!”, afirmou ontem à noite.

Ainda na senda das críticas ao actual executivo, o candidato do PSD foi mais longe: “O ciclo deste presidente de câmara esgotou-se. Demonstraram uma total inércia e impreparação para desenvolver o nosso concelho. Baseiam-se sempre na desgastada frase ‘a culpa é do PSD’ para se justificarem”. O social-democrata defende que é tempo de parar de enganar as pessoas “com obras de circunstância e sem critério”. “Não será o alcatrão ou as obras feitas à pressa que vão fazer esquecer os erros cometidos por este ainda executivo socialista. Os lapsos, os equívocos, as mentiras, as omissões, a incapacidade, que fazem parte do seu ADN. Podemos lembrar a forma habilidosa como está a ser gerido o dossiê da água e saneamento. O atual presidente de camara depois de utilizar um movimento popular para chegar ao poder, agora quer utilizar as artimanhas jurídicas para adiar a resolução de um problema que criou. Hoje 160 milhões de euros pode ser o preço da irresponsabilidade de Humberto Brito”, acusou, dizendo que o actual presidente da câmara usou de “populismo” e nunca quis resolver o problema. “Espelho disso, são as recentes e inqualificáveis declarações, onde refere a vontade de adiar juridicamente este problema por mais sete ou oito anos, sabendo, de antemão, que o adiamento implicará graves consequências para o concelho!”, alegou.

Segundo Alexandre Costa, o partido está a tratar de um processo para mandar para a DGAL, Tribunal de Contas e ERSAR para tentar perceber o estado do processo. “É inadmissível que este executivo não preste contas à população”, classificou, afirmando que é seu objectivo entrar em diálogo com a concessionária para resolver o problema da água.

Nos últimos oito anos, o concelho tem estado “num vazio” e a perder oportunidades e terreno para os municípios vizinhos, frisou o cabeça de lista do PSD. O PS fez “mandatos sonolentos, sem ideias, com execução de medidas básicas e corriqueiras, marcados por divergências internas e pelas saídas do vice-presidente da câmara e do presidente de Assembleia, tem discursos e comunicação malabarista e fez uma vergonhosa gestão da ETAR de Arreigada” deixando a população “quase anestesiada pelas políticas de tapar buracos nas estradas ou limpar as ervas das valetas!”, descreveu Alexandre Costa.

“É preciso dar prioridade à revisão do plano director municipal e criar zonas de acolhimento empresarial”

Pela sua mão, avançou, haverá “transparência, exigência e cooperação”. Enquanto presidente de junta, o agora candidato à Câmara pelo PSD diz que sentiu “frustrações”, à semelhança dos restantes autarcas locais. “Senti as barreiras criadas pelo ainda executivo socialista, que foi desvalorizando o papel fundamental que as juntas de freguesia devem possuir para o seu desenvolvimento. O único propósito deste executivo socialista foi querer o controlo de tudo e de todos, impondo um pensamento único que atrasa o nosso concelho”, acusou.

Por isso, uma das prioridades caso a candidatura que lidera saia vencedora das próximas autárquicas passa por tratar as 12 freguesias do concelho com equidade, mantendo proximidade aos autarcas e às pessoas, para ter uma real noção dos problemas. “Será um trabalho de equipa e cooperante com todos”, garantiu, dizendo que uma das metas é lançar programas municipais direccionados para as juntas de freguesia, nomeadamente com a dotação de todas as freguesias de passeios com um investimento de dois milhões de euros a arrancar já em 2022 e gerido pelas juntas; e com o programa “Junta Valoriza-te”, que vai desafiar as juntas a apresentar um projecto inovador à câmara que será depois financiado.

As apostas devem ainda passar pela habitação, criando condições para a fixação de jovens e para os que têm rendimentos mais baixos.

Alexandre Costa propõe-se a defender a marca Capital do Móvel e, em parceria com outras entidades, apoiar a valorização da formação profissional com cursos profissionais direccionados para as necessidades do tecido empresarial, nas áreas do mobiliário, do têxtil e da metalomecânica. Por outro lado, argumentou, é preciso dar prioridade à revisão do plano director municipal e criar zonas de acolhimento empresarial.  

“As empresas não encontram espaço no concelho para desenvolver actividades e crescer. Algumas já abandonaram o concelho e não fomos capazes de atrair um único investimento nos últimos anos”, afirmou o candidato, lembrando que a estratégia desenhada no passado foi interrompida com a insolvência da PFR Invest. “Não queremos retomar a PFR Invest, mas queremos ter um papel activo através da revisão do PDM”, referiu.

Na área da Cultura, comprometeu-se com a Casa das Artes e com uma agenda cultural promovida pelo município com os agentes e associações do concelho. Quer valorizar o património existente, nomeadamente a Citânia de Sanfins, cujo potencial turístico não está a ser aproveitado, assim como o património imaterial e a gastronomia, com a criação de festivais temáticos e do Conselho Municipal da Cultura.

Garante ainda que consigo à frente dos destinos do concelho, Paços de Ferreira terá “uma verdadeira política desportiva”, com apoio às modalidades existentes e criação de novas, a valorização da prática desportiva no feminino e com a instalação de um pavilhão desportivo na zona Norte do concelho.

Alexandre Costa disse ainda que quer um concelho moderno, com “um crescimento económico amigo do ambiente e das pessoas, fortalecendo factores de coesão social e equidade”, com respostas sociais para os seniores e para os mais vulneráveis e com um Plano Municipal de Saúde”.

“A política de Humberto Brito é a do quero posso e mando”

Antes, o mandatário da candidatura, José Eiras, classificou Alexandre Costa como “um homem sério, de diálogo e de estabelecer pontes sem abdicar dos seus princípios”.

“É preciso mudar, o actual presidente da câmara não tem esta capacidade de dialogar e estabelecer pontes. Estes últimos oito anos foram prova disso. A política de Humberto Brito é a do quero posso e mando, ou estão do meu lado ou contra mim. Ao fim de oito anos é um homem sozinho”, sustentou, lembrando o abandono do presidente da Assembleia Municipal e do vice-presidente a intervenção da distrital do PS para que a recandidatura do actual autarca avançasse.

“É preciso substituir Humberto Brito por Alexandre Costa, são duas formas diferentes de estar na política”, acrescentou.

Já Alberto Machado, líder da distrital PSD do Porto, que esteve presente na sessão, afirmou sem rodeios que o concelho de Paços de Ferreira “está a ser mal governado”. “O PSD aposta forte aqui em Paços de Ferreira com Alexandre Costa que é um homem do terreno e de proximidade, capaz de chegar a consensos e encontrar soluções para os problemas desta terra. Tem um novo paradigma de fazer política e uma nova forma de estar junto das pessoas. A forma de gerir de Humberto Brito não serve os interesses de Paços de Ferreira e está a estagnar o concelho”, concluiu.

Candidatos do PSD às Juntas de Freguesia

Carvalhosa – Anselmo Rocha (repete a candidatura de 2017)

Eiriz – Vítor Meireles

Ferreira – Ricardo Silva

Figueiró – Nelson Pinto (repete a candidatura de 2017)

Frazão/Arreigada – Joaquim Sérgio (recandidato, actual presidente da junta)

Freamunde – Fernando Matos

Meixomil – Serafim Leal (recandidato, actual presidente da junta)

Paços de Ferreira – Constantino Barros

Penamaior – Manuel Moreira

Raimonda – Alcina Neto

Sanfins/Lamoso/Codessos – Adelino Machado

Seroa – Rui Barbosa (recandidato, actual presidente da junta)