O ADN – Obra prima da criação

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Muito se ouve falar de ADN. Fala-se de ADN a propósito de provas de paternidade, fala-se de ADN nos livros e filmes policiais. O ADN é hoje fundamental em jurisprudência. Nos EUA onde há pena de morte o ADN já salvou a vida a condenados, à ultima  hora, quando se havia esgotado toda a esperança.[1]

O ADN é um verdadeiro prodígio de inteligência, da inteligência infinita do Criador. “ Não jureis pela vossa cabeça, pois não conseguis tornar um único cabelo branco ou preto” (Mt. 5,36); “quem de entre vós, por mais que pense, consegue aumentar um côvado à sua altura?” (Mt. 6,27) . Estas duas pequenas frases de Cristo, do Evangelho segundo S.Mateus, correspondem ao que hoje sabemos do ADN e contêm de modo admirável  o conteúdo de milhares de páginas de Genética.[2] Tudo  está no ADN dos pequenos cromossomas das células do nosso corpo: o nosso sexo, a nossa altura, a nossa beleza ou fealdade, etc.

Os cromossomas, presentes, em número de 23 pares,  em todas as nossas células, são essencialmente constituídos, cada um, por duas espirais lineares de ADN que podemos comparar  aos dois lados de uma escada em caracol, com os degraus, a ligá-los um ao outro.

Cada cromossoma tem em média 5 centímetros de comprimento e entre 2 a 23 nanómetros[3] de diâmetro[4]. Todos os cromossomas em fila têm cerca de dois metros de comprimento.

Como os cromossomas[5] estão dentro do núcleo da célula que tem entre cinco a dez mícrones[6] de diâmetro [7] , o enrolamento ou empacotamento do ADN dentro dos cromossomas equivale a meter 40 quilómetros de fio dentro de uma bola de ténis.[8]

O enrolamento do ADN dentro do núcleo pode comparar-se, se alguma vez pescámos com uma cana, ao carreto com que se estende e recolhe o fio de pesca. O carreto que dentro do núcleo enrola os cromossomas e o ADN, são quatro pares de proteínas, chamadas histonas[9].

O ADN é constituído por 5 elementos: Fósforo, Carbono, Oxigénio, Hidrogénio e Azoto ou Nitrogénio. [10]

Estes 5 elementos estão organizados em estruturas químicas que formam a “arquitetura” do ADN:  o ADN, como dissemos antes, tem a forma de duas  cadeias lineares paralelas, enroladas uma na outra de modo helicoidal. Estas duas cadeias são formadas por fosfatos ligados a pentágonos de carbono, (chamados “pentoses”, quimicamente açúcares), nos ângulos 3 e 5. Por sua vez os pentágonos de carbono, as pentoses, ligam as duas cadeias paralelas do ADN por meio de quatro outros compostos químicos com Nitrogénio, chamados “bases”[11], emparelhadas as de uma cadeia com as da outra[12]. Assim os dois tramos helicoidais do ADN mantêm-se unidos, aos pares.

E aqui entra a matemática: as quatro bases mencionadas podem seguir-se umas às outras em 20 sequências diferentes,  que no ADN funcionam como códigos para sintetizar  20 aminoácidos que constituem milhares de proteínas necessárias à vida das células e dos organismos tanto vegetais como animais. Como funcionam estes códigos dentro das células?

Uma outra estrutura, semelhante ao ADN, que se chama ARN, é uma espécie de mago que se desloca com uma velocidade incrível dentro da célula. Copia o que necessita dos códigos do ADN e com as cópias dos códigos vai para uma zona da célula, onde fabrica todas as proteínas de que os organismos necessitam para manterem as funções vitais e para a reprodução de novos seres, nos embriões.

O ADN com os seus 5 centímetros de comprimento[13] tem milhares de Genes. O “Gene” é uma sequência de elementos químicos do ADN atrás descritos: uma sequência de “nucleótidos” : fosfato, pentose, base. Estas sequências de diversos tamanhos determinam todas as nossas caraterísticas: as genéticas, dos nossos genes, e as fenotípicas, que se manifestam na nossa aparência.[14] [15]

Luís Sena Esteves

 

[1] Um caso real foi descrito por John Grisham no livro :The Inocent Man

[2] Há uma disciplina chamada Epigenética, de que falaremos em artigo posterior, que pretende sobrepor-se ao indiscutível determinismo da Genética.

[3] 10 elevado a menos nove, metros; um bilião de vezes mais pequeno que o metro.

[4] Conforme o estado de compactação em que se medem. Assim compreendemos as diferentes medidas do diâmetro do ADN. Segundo  Genética Humana de Solari, Editora Panamericana,2004, pag 8 o diâmetro do ADN é de 23 nanómetros; segundo Biologia Celular citada abaixo, pag. 142, cerca de  2 nanómetros

[5] Nos eucariotas.

[6] O mícron é mil vezes mais pequeno que o milímetro. 10 elevado a menos 6.

[7] Biologia Celular, Carlos Azevedo e Claudio Sunkel, Lidel 5ª ediçãp, pag.142.

[8] Biologia Celular…. Pag. 142.,

[9] Biologia Celular…., pag 142, pares de Histonas denominadas H2A,H2B, H3 e H4.

[10] O ar que respiramos é uma mistura de Oxigénio e Nitrogénio.

[11] Adenina, Timina, Guanina e Citosina.

[12] Adenina com Timina e Guanina com Citosina, uma de cada cadeia.

[13] Biologia Celular……pag. 142.

[14] As fenotípicas são também resultado da influência do meio ambiente.

[15] Os descendentes femininos da Rainha Vitória tinham o genótipo da hemofilia e transmitiam a doença, sem serem hemofílicos. Não tinham o fenótipo. Os descendentes masculinos eram hemofílicos: tinham o genótipo e o fenótipo.