A coligação ‘Acreditar Lousada’ quer que seja criada uma nova “comissão técnica independente’ para avaliar os lixos depositados no aterro da RIMA, o Aterro de Resíduos Industriais Não Perigosos, situado em Lousada, porque os deputados da bancada acreditam que aquela estrutura “continua a receber” matérias “perigosas, contrariando o objecto para que foi criado”.

O repto foi lançado por Leonel Vieira, na Assembleia Municipal local, tendo o deputado feito uma extensa preleção sobre o assunto, frisando que, “foi agora confirmado que o lixo vindo de Itália é perigosíssimo” e que põe em causa a saúde pública da população, através de um relatório veiculado pela Agência Portuguesa do Ambiente, a entidade responsável pela implementação das políticas de ambiente em Portugal.

O documento considerou que “mais de 98% do lixo que veio de Itália era perigoso”, disse ainda o deputado avançando ainda que, e segundo o mesmo documento, “dos 144 contentores apreendidos, nos portos de Leixões e de Sines, 142 tinham resíduos perigosos que entraram no nosso país como se fossem banais”.

O social-democrata acusou ainda a RIMA de “orientar e condicionar” a investigação da comissão, ao não ter permitido recolhas de amostras dos piezómetros, ter ocultado “documentos que seriam fundamentais para uma análise mais rigorosa aos resíduos depositados” e por não ter “apresentado os documentos referentes ao transporte e depósito em aterro dos resíduos provenientes de Itália”. Um cenário que põe em causa “todas as análises laboratoriais que foram realizadas no local”, disse ainda.

Recorde-se que a polémica com o aterro nasceu em Maio de 2020, quando vieram a público notícias que davam conta que ali estavam a ser depositadas milhares de toneladas de resíduos importados. O município interpôs uma providência cautelar para travar o processo.

Há cerca de um ano, foi conhecido o relatório desta comissão, tendo concluído que os materiais “não eram perigosos” e cumpriam os requisitos legais. As amostras mostraram que eram sobretudo resíduos de plástico, papel e têxteis.

Agora, Leonel Vieira voltou à carga ao sublinhar que a RIMA, para além de ter condicionado a investigação, foi um “obstáculo ao trabalho desenvolvido pela comissão, acusando ainda a autarquia local de ser conivente com toda esta situação, uma vez que é “dona a empresa”.

Perante aquilo que apelidou de “novidades” sobre esta matéria, Leonel Vieira lançou a questão na Assembleia Municipal: “o que fez o presidente da Câmara de Lousada acerca deste assunto. Zero!” Por isso, o deputado exigiu “respostas, acção e medidas concretas para repor a legalidade”.

Eduarda Ferreira, em nome da bancada socialista, não quis deixar de dizer que esta é uma situação que preocupa “todos”, frisando que “não há qualquer tipo de encobrimento por parte da Câmara Municipal”, recordando que “há um litigio” entre a RIMA e a edilidade.

Sobre a comissão técnica independe, a socialista lembrou que “foi indicada pelo PSD”, defendendo ainda que a autarquia “suspendeu o Plano Director Municipal (PDM) na zona”, de forma a “impedir o trabalho da RIMA”.

“Chocado”” Foi assim que Pedro Machado começou por responder a Leonel Vieira, explicando que o que o deputado disse não era novidade, porque “está disponível no site da Câmara Municipal”. O autarca acusou ainda o opositor de ter “falta de responsabilidade política”, porque cria “alarme social”, através de uma postura “muito infeliz e pouco digna de uma oposição”.

Pedro Machado relembrou que quem foi indicado peplo PSD para fazer parte dessa comissão “era apenas um técnico superior, não um perito” que passou o tempo a “injuriar o presidente da Câmara nas redes sociais”. Uma situação que levou o edil a “participar criminalmente contra essa pessoa”.

Por outro lado, “é uma demagogia” dizer que a autarquia é dona da RIMA, quando “detém “0,88%” do capital.