Aproximadamente 100 médicos em fase de internato participaram, esta sexta-feira, numa formação de especialidade de medicina geral e familiar do ACES Vale do Sousa Sul, numa iniciativa organizada por Celeste Marinho, especialista em Medicina Geral e Familiar e assistente da MGF- USF União Penafidelis e directora de Internato José da Paz.

A sessão desta sexta-feira teve como tema a patologia cardíaca e foi primeira de um conjunto de sete acções, que vão acontecer à média de uma por mês. A próxima acção de formação é dedicada  às doenças reumáticas.

Falando dos objectivos desta formação, Celeste Marinho destacou que os participantes estão a fazer a especialidade de medicina geral e familiar e o objectivo passa por ministrar conhecimentos em outras áreas, uma vez que a clínica de formação geral e familiar é uma especialidade bastante ampla.

“em Penafiel existem várias unidades de saúde que não têm médicos constantes, ainda há uma mudança significativa de médicos e gostaríamos de ter mais estabilidade”

A assistente da MGF- USF União Penafidelis e directora de Internato José da Paz realçou, também, que muitos destes médicos serão colocados nas unidades de saúde e vão ajudar a criar nalgumas unidades do ACES Vale do Sousa Sul, que integra os concelhos de Paredes, Penafiel e Castelo de Paiva, mais estabilidade em termos de médicos de família.

“Gostamos que Penafiel receba bem os futuros médicos de família até porque em Penafiel existem várias unidades de saúde que não têm médicos constantes, ainda há uma mudança significativa de médicos e gostaríamos de ter mais estabilidade. Se tornarmos as cidades com unidades de saúde do ACES do Vale do Sousa Sul mais apelativas também é uma mais-valia para a comunidade”, atestou.

 

Sobre os impactos destas acções de formação e a presença de médicos internos nas consultas, Celeste Marinho avançou que os utentes da grande maioria estão habituados a privar com os internos. “Temos muitas unidades com médicos a formarem especialistas. Os utentes estão habituados a estar com estes médicos especialistas nas consultas, são consultados pelos internos e não vejo obstáculo nenhum. Sou médica e tenho internos nas minhas consultas”, expressou.

Nuno Gonçalves, médico do último ano do internato de medicina geral e familiar, defendeu que estas acções potenciam o conhecimento noutras áreas e permitem estar em contacto com médicos mais experientes e de outras especialidades.

“Esta foi uma formação de cardiologia mas qualquer formação, seja em que âmbito for, faz todo o sentido. Tenho colegas que estão em fases mais precoces, primeiro, segundo e terceiro ano e a formação pressupõe este tipo de actividades. Permite-nos contactar com médicos mais experientes e com outras especialidades. Como é do conhecimento público a medicina geral e familiar é mais ampla e isto permite-nos estar actualizados em todas as áreas”, afirmou, sustentando que os médicos de medicina geral e familiar são a base do sistema nacional de saúde e que os cuidados diferenciados, ou seja, as especialidades hospitalares são em número inferior aos médicos em medicina geral e familiar.

“No geral, os vários actores ligados à saúde têm conseguido defender o Serviço Nacional de Saúde, embora continuem a existir algumas questões no que toca à lista dos médicos, quantidade de utentes que cada médico tem que acompanhar. Os médicos têm muitas consultas diárias e torna-se difícil gerir o universo de todos os utentes. Se analisarmos as coisas por este prisma, a clínica geral e familiar não tem sido devidamente valorizada e isso claro que também se pode reflectir nos doentes. Se tivermos muitas consultas poderemos pensar que alguma coisa aqui e ali poderá não estar a ser bem feita e por isso os médicos têm lutado por melhores condições para os doentes”, manifestou.