“Fazer coisas simples e extraordinárias”. É esse o grande objectivo do protocolo assinado, ontem, em Valongo, entre a Câmara e a Agência para a Modernização Administrativa (AMA), que leva à criação do quinto Laboratório Experimental Municipal no país.

Ao integrar esta rede, a autarquia de Valongo vai contar com um espaço que promove a investigação para informar decisões e faz uso da criatividade colectiva para gerar ideias, de forma a dar respostas aos desafios com que as organizações públicas se deparam.

A meta é criar soluções inovadoras na administração pública. “Agarramos esta oportunidade e estou convencido que pode resultar numa solução, num avanço. Espero que sirva as nossas necessidades e tenha um efeito disseminador noutros municípios”, afirmou o presidente da Câmara, José Manuel Ribeiro, numa sessão na Vila Beatriz, em Ermesinde. Valongo pretende testar soluções que agilizem a relação com o movimento associativo, permitindo que os pedidos de apoio sejam deliberados “de forma célere e atempada”.

Amplificar a cultura de inovação

O protocolo foi homologado pela secretária de Estado da Inovação e da Modernização Administrativa, Maria de Fátima Fonseca. A governante destacou a importância de uma “aprendizagem em conjunto” e destacou que Valongo é o quinto município do país a juntar-se a este desafio do LabX – Centro para a Inovação no Sector Público (unidade da AMA).

O objectivo é “amplificar a cultura de inovação” e a rede é para continuar a expandir, adiantou, afirmando-se como defensora da participação cívica e dos processos participativos na administração pública, o que apenas se consegue com “energia, aprendizagem e colaboração”.

É preciso, argumentou a secretária de Estado, expandir a cultura participativa para renovar a forma como as instituições funcionam. No fundo “fazer coisas simples e extraordinárias”.

Já José Manuel Ribeiro salientou a importância de “valorizar dimensões que nos últimos anos não eram valorizadas”. “Valongo é uma câmara conhecida por dizer ‘vamos fazer’ e por gostar de desafios”, afirmou, lembrando que ainda recentemente terminou, na autarquia, um processo participativo interno que dá cinco mil euros aos funcionários para aplicar ideias. “É pouco dinheiro, mas fica um manancial de ideias e sugestões”, referiu o edil.

O presidente da Câmara não deixou de lembrar o processo de desmaterialização iniciado no município há oito anos. “Em 2016 já tínhamos praticamente tudo desmaterializado”, disse, avançando ainda que pretende aderir a um projecto que todos os funcionários municipais, os quase mil, “digitalmente capacitados”.

O autarca não deixou de sustentar que os funcionários públicos “não ganham o suficiente”, pelo que projectos como estes servem de motivação como entrando no “salário emocional”. Isso consegue-se com “inovação, desafio, reconhecimento, integração em redes”.

Este, à semelhança dos outros laboratórios de experimentação criados vai “testar soluções com cidadãos e trabalhadores da administração pública, em ambiente real e de risco controlado, para as validar e implementar”.

Em Valongo vai incidir em particular “no que respeita ao movimento associativo do concelho, que felizmente tem um elevadíssimo dinamismo, com largas dezenas de associações de cariz desportivo, cultural, ambiental, social e educativo”. Um dos maiores objectivos “é que nenhuma actividade ou apoio deixe de se realizar por questões meramente administrativas e burocráticas”, permitindo que os pedidos de apoio sejam deliberados “de forma célere e atempada”.