Promover a melhoria do sucesso educativo dos alunos, reduzindo as saídas precoces do sistema educativo, combatendo o insucesso escolar e reforçando as medidas que promovem a equidade no acesso à educação básica e secundária são os grandes objectivos do projecto MAIS VAL – Melhores Aprendizagens, Inovação e Sucesso em Valongo.

O plano, elaborado pela Câmara Municipal de Valongo em parceria com os agrupamentos de escolas e associações de pais do concelho, conta com acções até 2020, por três anos lectivos, e implica um investimento superior a 600 mil euros (comparticipado em 501 mil euros por fundos comunitários).

Os objectivos passam por elevar os níveis de sucesso escolar no concelho, diminuindo em 12% a percentagem de alunos com pelo menos uma negativa no 5.º e 6.º ano e por reduzir os níveis de retenção e abandono escolar precoce, diminuindo em 26% as taxas de retenção nos 2 º, 3.º 4.º, 5.º e 6.º anos de escolaridade.

Vários projectos previstos

O concelho de Valongo tem taxas de desistência e retenção no 10.º e 12.º ano e percentagem de alunos com pelo menos uma negativa acima da média da Área Metropolitana do Porto e da média nacional.

Para mudar estes e outros indicadores ligados ao abandono e insucesso escolar, o projecto MAIS VAL prevê um conjunto de acções que visam a promoção das competências da leitura, através da intervenção atempada nas dificuldades na aprendizagem; o apoio na transição entre o 1.º e 2.º ciclo de escolaridade, momento identificado como problemático no percurso educativo das crianças e jovens, com repercussões na qualidade do seu sucesso académico e no aumento de taxas de retenção; a promoção de práticas interdisciplinares e multidisciplinares, intervindo de forma integrada junto de crianças em risco de abandono escolar e/ou comportamentos de risco, e suas famílias; a promoção da participação parental activa no contexto educativo, promovendo competências parentais; e o desenvolvimento tecnológico, criando um ambiente de aprendizagem inovador, adaptável ao aluno, dinâmico e interactivo que estimule e reforce o processo de ensino-aprendizagem.

Estes objectivos serão alcançados com acções como a VALer – Valongo a Ler, que vai começar pelo diagnóstico dos níveis de leitura junto dos cerca de 800 alunos do 2.º ano do concelho, já no ano lectivo 2017/2018. Para contornar as dificuldades os alunos terão acesso livre a ferramentas pedagógicas como a “Ainda Estou a Aprender”, construída pelas Equipas do Centro de Investigação em Psicologia e do Centro de Investigação em Estudos da Criança, da Universidade do Minho.

Também no próximo ano lectivo os alunos do 4.º ano da rede pública (cerca de 850) terão acesso à medida “Aprender a Aprender”, com sessões de apoio ao estudo, dinamizadas por técnicos especializados, que visam dotá-los de estratégias de aprendizagem e de auto-regulação, fundamentais no apoio à transição para o 2.º ciclo.

Com este projecto o município pretende também criara E-MIEV – Equipa Multidisciplinar de Intervenção nas Escolas de Valongo disponibilizando profissionais com formação em psicologia, serviço social e terapia da fala, por exemplo, que, juntamente com os profissionais das escolas vão prestar apoio aos alunos que revelem maiores dificuldades de aprendizagem, risco de abandono escolar e/ou comportamentos de risco, e às suas famílias.

Por último, outro eixo de acção passará pela Valongo EduCA+: Educar, Comunicar e Aprender, uma ferramenta destinada a crianças do 1.º ciclo do Ensino Básico (cerca de 3.200 alunos) que visa promover a criação de novos ambientes de aprendizagem, através de uma plataforma digital interactiva.

José Manuel Ribeiro pediu investimento nas escolas secundária e básica de Valongo

Na sessão de apresentação, o presidente da Câmara Municipal de Valongo disse-se orgulhoso deste projecto e lamentou que avance só agora. “Já devia estar no terreno há dois anos, mas não foi possível devido aos atrasos nos fundos comunitários”, disse José Manuel Ribeiro.

O autarca aproveitou a presença do secretário de Estado da Educação, João Costa, para pedir obras nas escolas do concelho.

“O concelho de Valongo foi esquecido do ponto de vista do investimento em equipamentos. Somos o único concelho da Área Metropolitana do Porto, em 17 concelhos, em que nunca nenhuma das escolas tuteladas pelo Governo, as EB 2/3 e secundárias, viram um euro. Tiveram apenas intervenções básicas”, sustentou o presidente da câmara. “Há concelhos aqui à volta em que todo o parque escolar foi intervencionado, em que hoje os alunos não dizem que vão à escola, dizem que vão ao hotel”, ironizou.

“Apesar disso, nós conseguimos ter sucesso, fruto do esforço das direcções das escolas, dos professores, dos não docentes e dos pais. Mas, as condições de ensino e aprendizagem não são as melhores”, continuou José Manuel Ribeiro, dizendo que as primeiras obras na Escola Secundária de Ermesinde deverão começar em Agosto, mas não chegam.

“Esta intervenção resolverá 70% dos problemas da escola. Mas há problemas no resto do concelho”, defendeu, dando como por exemplo a Escola Secundária de Valongo e a Escola Básica de Valongo.

João Costa disse ter registado o “caderno reivindicativo” do autarca valonguense. “Estamos a sair de um período de paragem e desinvestimento em que intervenções previstas não foram feitas e estamos a arrancar com obra em 200 escolas do país”, adiantou o secretário de estado. “Temos consciência da situação de Valongo, quando houver uma janela de oportunidades veremos o que é possível fazer”, garantiu.

Sobre o projecto MAIS VAL, que considerou “inteligente” por ter acções dirigidas “à fonte dos problemas”, o governante elogiou a parceria que está na base, entre o município, a escola e os pais.