Os problemas estão à vista de todos e o desafio lançado pelo Centro de Cidadania Digital passa pela identificação de um deles e pela criação de uma solução baseada na tecnologia.

Vários grupos, constituídos por jovens, adultos e seniores, responderam ao repto e, semana após semana, desenvolveram projectos digitais, direccionados a necessidades específicas da comunidade, que foram apresentados, hoje, no Museu Municipal de Valongo.

Alguns querem dinamizar o Mercado Municipal de Ermesinde, outros eliminar os dejectos de animais das ruas ou promover a limpeza da via pública e ainda criar um movimento que apoie os jovens que não estudam nem trabalham.

Projectos de pessoas de todas as idades

Promover a participação e promoção da cidadania activa e inclusão digital, através da utilização das tecnologias de informação e comunicação é o grande objectivo deste projecto.

Durante os últimos meses os participantes pensaram em conjunto e criaram respostas baseadas na tecnologia para vários problemas, em sessões de cerca de duas horas por semana, explica Márcia Batista, do CDI de Valongo. “Fazem pesquisa, desenvolvem soluções e pensam numa tecnologia para intervir. Também fazemos workshops para adquirem outras competências”, refere. O resultado final da primeira edição do Centro de Cidadania Digital de Valongo, localizado em Ermesinde, foi apresentado hoje.

Maria Meireles e Fernando Araújo, porta-vozes do grupo que defende a dinamização do Mercado de Ermesinde, falaram dos problemas identificados por comerciantes e clientes, desde a degradação, sobretudo a fachada e do telhado, à falta de variedade de oferta nos dias em que não há feira, à falta de locais de armazenagem de produtos frescos, falta de ventilação e falta de divulgação do mercado. Propõem uma nova imagem, cartazes espalhados pelo concelho para chamar clientes e um site. “A reabilitação de mercados têm sido uma tendência e também gostávamos que acontecesse aqui”, defenderam.

No âmbito dos grupos seniores e de adultos houve dois projectos a defender maior limpeza nas ruas. O “Pegada Cívica” quer acabar com os dejectos de animais nas ruas, libertando os espaços verdes de lazer do problema e diminuindo os riscos de saúde pública. Aida Nogueira, Angelina Freitas, José Brito e José Silva defenderam que é preciso sensibilizar a população, afixar cartazes e cobrar coimas. Além de criarem folhetos informativos, desenvolveram uma página de Facebook do projecto e criaram um mapa interactivo que identifica os locais mais afectados.

O “Já Varreu” quer vias públicas mais limpas. É preciso mais contentores e limpeza, sobretudo fora dos centros das freguesias. Cátia Ferreira, Eduardo Alves, Joaquim Oliveira e Marisa Ferreira acreditam que é preciso envolver a população para criar uma mudança de comportamentos. Por isso, querem acções de sensibilização, sobretudo nas escolas. Este é o segundo projecto do grupo que já tinha desenvolvido um outro de apoio a quem estava em situação de desemprego.

Avelino Moutinho e António Ribeiro apresentaram um projecto que visa apoiar os jovens que não estudam, não trabalham nem estão em formação. O objectivo passa por criar um “Movimento NEET” a nível nacional a partir de um site com orientação vocacional e onde se faça a ponte entre os jovens e instituições. “Uma plataforma de jovens para jovens”, descrevem os proponentes.

“Qualquer pessoa pode ter uma ideia e traduzi-la numa ferramenta que pode ter uma função social”

Durante o evento, foram ainda apresentados projectos desenvolvidos no âmbito do programa Apps for Good uma competição que coloca jovens a resolver problemas sociais com aplicações para telemóvel e tablet. Foram divulgadas as soluções We Help, da Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento, e Food Drive, da Escola de Comércio do Porto.

Para o director executivo do CDI Portugal, João Baracho, estes resultados são “a prova de que com a tecnologia todos podem ajudar a resolver os problemas de todos. Já o presidente da Câmara Municipal de Valongo defendeu, no final da sessão, que viram no Centro de Cidadania Digital uma forma de trabalhar as questões da cidadania juntando-as às novas tecnologias. “Qualquer pessoa pode ter uma ideia e traduzi-la numa ferramenta que pode ter uma função social”, salientou José Manuel Ribeiro. O autarca lembrou que quer abrir em Valongo uma “Casa do Conhecimento” que vai também estimular estas ideias.