Provavelmente, D. João V foi o primeiro governante a mostrar preocupação com o património edificado, pois é dele o primeiro documento legislativo sobre a protecção dos monumentos nacionais. “Daqui em diante, nenhuma pessoa, de qualquer estado, qualidade e condição que seja, desfaça ou destrua em todo, nem em parte, qualquer edifício que mostre antiguidade, ainda que em parte esteja arruinado”, pode ler-se no alvará que o rei fez publicar em 20 de Agosto de 1721, portanto, há quase 300 anos.

O património edificado e de interesse histórico e cultural é um dos grandes legados da história de um país. Essa percepção comunitária é cada vez maior e o património é visto como um factor de identidade cultural e o ex-líbris da identidade nacional. Para além disso, os monumentos têm uma vocação pedagógica, didáctica e turística, contribuindo para um desenvolvimento sustentável e favorecendo a manutenção de um conjunto de valores intrínsecos ao património.

Vem isto a propósito da comemoração dos 20 anos do projecto Rota do Românico, celebrados na passada quinta-feira. Hoje, é possível olhar para trás e começar a ver os resultados daquele que, provavelmente, foi o projecto intermunicipal mais bem-sucedido na história desta região, que tem o privilégio de possuir um património histórico edificado tão notável que era preciso observá-lo e potenciá-lo numa perspectiva mais ampla do que a de cada município.

O projecto Rota do Românico tem duas grandes vantagens: a primeira é o investimento conseguido para a recuperação e conservação desse património; a segunda a atracção de turismo de qualidade, que poderá vir a representar uma importante fonte de rendimento da região. E não se dirige apenas aos que vêm de longe: é também para nós, que vivemos lado a lado com cada um destes monumentos que fazem parte da Rota do Românico, porque nos mostra que temos uma herança comum.

Por isso, agora que chegaram os dias de Primavera, faça visitas guiadas ao nosso património, convide a família ou os amigos e vá aos diversos locais da rota investigar. Garanto-lhe que fará grandes descobertas.