“Caracol, caracol, caracol”, gritam os alunos da Escola Básica de Duas Igrejas enquanto o animal arrasta missangas que completam mais que o seu próprio peso. Tudo devagar, devagarinho, e aparentemente sem noção da algazarra que o rodeia.

Esta foi uma das muitas experiências ligadas ao ambiente e à ciência que cerca de 800 alunos do 2.º do 1.º ciclo das escolas do concelho de Paredes puderam vivenciar, hoje, no Pavilhão Rota dos Móveis, durante o primeiro “Evento Colectivo Anual” do projecto Paredes Educa – Construir Mais Sucesso da Câmara de Paredes.

Puderam ainda, por exemplo, interagir com robôs, aprender mais sobre plantas e animais, sobre o património ou sobre a água. Segundo os alunos, não há dúvidas, é mais apelativo aprender enquanto brincam.

“Aqui aprende-se brincando, gostava de vir mais vezes”

No espaço do Centro de Ciência Viva de Guimarães a agitação era muita. Ali, as crianças puderam aprender conceitos básicos de robótica, “perceber que há sensores, um processador e uma parte mecânica”, explica José Pires. Experimentaram dois tipos diferentes de robôs, um controlado via bluetooth, pelo telemóvel, e outro com sensores de luz. “Queremos partir da experiência para a teoria e motivá-los”, assumiu o monitor.

Para dois dos alunos do Centro Escolar de Cete que por ali passaram a experiência foi mais que positiva. “Virei o carro dela ao contrário e marquei golo. Isto é interessante, aprendemos muitas coisas giras. Aqui aprende-se brincando, gostava de vir mais vezes”, conta Érica Barbosa, de sete anos, de Parada de Todeia. Antes, tinha aprendido mais sobre os caracóis no Centro de Ciência Viva de Vila do Conde. “Aprendi a ver se os caracóis eram velhos ou não e que não têm carapaça, mas concha. Os caracóis são lentos, mas têm força. Um conseguiu puxar 31 missangas”, explica com alegria.

Também Dinis Santos, de oito anos, de Sobreira, leva dali ensinamentos. “Estivemos na experiência dos caracóis e aprendi que são fortes. Já tinha visto caracóis, mas não sabia estas coisas sobre eles. Aqui estivemos a controlar os robôs com o telemóvel. Os outros quando se aponta a luz eles andam. Está a ser muito divertido”, garantiu.

No stand do Centro de Ciência Viva de Vila do Conde, Ana Caseiro recebeu as crianças a quem ensinou mais sobre os caracóis. “Descubram onde estão os olhos e o nariz e como respiram”, pedia. “O que é que os caracóis têm às costas?”, perguntava ainda. “Conchas”, respondiam os meninos e meninas que aprenderam ainda a avaliar a idade de um caracol.

“Está a ser muito divertido, os meus meninos estão a adorar”, dizia a docente Cristina Ribeiro da Escola Básica de Duas Igrejas.

Num outro espaço, da Águas do Porto – Pavilhão da Água, os alunos aprenderam que a água não se mistura com algo que tem uma densidade diferente e foram sensibilizados para a necessidade de poupança deste bem precioso. Raquel Sousa mostrou ainda como é feita uma análise da água, os efeitos da poluição no planeta e como se criam nuvens dentro de uma garrafa. “Eles aprendem melhor assim a brincar e de forma divertida”, defendeu.

“Podemos estar com os amigos a experimentar e a ver como funcionam as coisas”

Os alunos do Centro Escolar de Sobrosa, que antes já tinham visitado os stands da Rota do Românico e das Serras do Porto e que participaram numa corrida em que separavam lixo, da Ambisousa, concordam com esta ideia. “É mais giro aprender assim do que na escola porque estamos num ambiente diferente. Fizemos aqui coisas que nunca tínhamos feito. Podemos estar com os amigos a experimentar e a ver como funcionam as coisas”, dizem Martim Cardoso, Martim Rodrigues e Rafael Moreira, todos com sete anos.

O projecto Paredes Educa tem envolvido a realização de várias iniciativas para pais e crianças, como seminários e palestras. Desta vez, o objectivo foi proporcionar um dia diferente aos mais novos com experiências educativas, desde a sensibilização ambiental à robótica, aos alunos do 2.º ano do 1.º ciclo do concelho. “É no 2.º e 7.º anos que há maiores taxas de retenção e desistência no concelho. O objectivo é contrariar estes números e colocar Paredes na média da Área Metropolitana do Porto”, adianta o vereador da Educação, Paulo Silva.

Nesta iniciativa estiveram presentes diversas entidades, como os Centros de Ciência Viva de Vila do Conde e Guimarães, o Planetário – a Casa da Ciência de Braga, a Rota do Românico, o Serras do Porto, o Pavilhão da Água, os Som do algodão, a ASPEA + Ordem Biológos, escolas profissionais de arqueologia, Ambisousa, Sealife e Exército, entre outras..