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O número de ninhos de vespa velutina, ou asiática como é mais conhecida, identificados e destruídos nos concelhos de Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo baixou em 2020, em relação a 2019. Só em Lousada foram reportados mais casos em relação ao ano anterior. Na globalidade, nestes cinco municípios, foram destruídos 1.454 ninhos no ano passado, tendo sido identificados 1.650. É uma descida face a 2019 quando, indicam os dados cedidos pelas câmaras municipais ao Verdadeiro Olhar, foram destruídos mais de 1.900 ninhos e reportados 2.285.

Os concelhos mais afectados pelo problema continuam a ser Penafiel e Paredes, com 641 e 421 ninhos identificados em 2020, respectivamente. Valongo registou o menor número: 85. Já em Paços de Ferreira foram 220 os casos reportados e, em Lousada, 283.

Conheça a realidade de cada município e as freguesias mais afectadas. Recorde-se que estes ninhos são destruídos para medida de controlo da proliferação desta espécie invasora.

Lousada com aumento de 18%

Lousada, ao contrário dos restantes concelhos da região, viu o número de ninhos reportados e destruídos em 2020 aumentar face a 2019. Passou de 239 para 283, um crescimento de cerca de 18%. As freguesias mais afectadas foram Caíde de Rei, Casais, Lodares e Vilar do Torno e Alentém.

“Tivemos um aumento de casos nos anos de 2016 e 2017. No ano de 2018 uma quebra, apenas com 165 casos, seguido de um aumento exponencial nos anos de 2019 e 2020”, refere o vereador do Ambiente. O crescente número de ninhos reportados pode estar também ligado à consciencialização da população sobre o problema, acredita Manuel Nunes.

“Para o presente ano, com vista a garantir uma resposta mais eficaz e dedicada, a Câmara Municipal entendeu adjudicar à Associação NATIVA – Natureza, Invasoras e Valorização Ambiental, uma associação com larga experiência nesta área de combate a espécies invasoras, uma prestação de serviços para a eliminação de ninhos de vespa velutina. Este serviço contempla três grandes fases, a prevenção do aparecimento de ninhos de vespa velutina (colocação de armadilhas), o avistamento de ninhos de vespa velutina e a intervenção dos ninhos de vespa velutina (destruição de ninhos)”, adianta o autarca lousadense.

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O município conta já com uma equipa de dois elementos dedicada ao problema que sai, em regra, duas vezes por semana. “A captura e/ou destruição de ninhos é uma tarefa exigente e dispendiosa em função da localização dos ninhos e dos meios humanos e materiais necessários para a sua execução. O método utilizado pelo município para destruição de ninhos é por inceneração no local de origem e é realizado preferencialmente durante o período nocturno”, explica o vereador, que afirma que a população está sensibilizada já que 90% dos avistamentos são reportados pelos habitantes.

O tema preocupa o município de Lousada porque “se trata de uma espécies invasora que tem causado impactos e efeitos negativos no ambiente e biodiversidade, na saúde pública e na apicultura, actividade instalada no concelho com cerca de 25 apicultores”.

Paços de Ferreira, Figueiró, Sanfins e Freamunde foram as freguesias mais afectadas

Em Paços de Ferreira o número de ninhos identificados caiu entre 2019 e 2020, dos 321 para os 220. A autarquia clarifica ainda a diferença entre os reportados e os destruídos. Dos 321 identificados em 2019, “apenas se procedeu à eliminação dos ninhos de vespa velutina em 231 casos”, sendo que, dos restantes, “28 ninhos caíram devido às condições climatéricas, 17 ninhos foram removidos pelo requerente, um removido pela junta de freguesia, 13 ninhos foram avaliados como não tendo actividade, 26 não foram considerados ninhos de vespa velutina” e ficaram pendentes seis ninhos para remoção. Já em 2020, dos 220 comunicados, foram eliminados 188 ninhos – 178 deles pelos Bombeiros Voluntários de Paços de Ferreira. Dos em falta, dois ninhos já tinham caído, oito ninhos foram retirados pelos requerentes/terceiros, houve 12 processos em que não se registou existência de ninho, ou que eram de vespas europeias ou normais, e ficaram ainda 20 processos pendentes por inacessibilidade.

“Em 2020 as quatro freguesias mais afectadas foram Paços de Ferreira, com 14,5%; Figueiró com 10,9%; Sanfins, com 7,7% e Freamunde com 6,8%”, responde a câmara pacense ao Verdadeiro Olhar.

Primeiro, em Paços de Ferreira, os ninhos de vespa velutina eram removidos e colocados dentro de um saco e depois em arca congeladora durante 72 horas. Mas agora é utilizado um maçarico com vara telescópica para sua eliminação imediata. A equipa é constituída por dois bombeiros e por um colaborador municipal indo ao terreno sempre que necessário.

A autarquia pacense nota que além da preocupação em reportar os ninhos há cada vez mais conhecimento sobre o tema e as pessoas entram menos “em pânico”.

Ainda assim, o município mantém a preocupação com esta “praga” que tem de ser controlada pelos “estragos que provoca, principalmente aos apicultores”.

Paredes deixou de incinerar à noite para envenenar de dia

Fonte: Câmara Municipal de Paredes

A Câmara de Paredes resolveu todos os casos identificados, quer em 2019 quer em 2020, sendo que o número baixou dos 528 para os 421. As freguesias mais afectadas, ou pelo menos aquelas em que são comunicados mais casos, são “as de maior dimensão e onde existe maior número de pessoas”: Paredes, Rebordosa, Lordelo, Recarei e Gandra.

Segundo a autarquia os dados apontam para um decréscimo de casos, mas a pandemia pode ter influenciado os números de 2020, admitindo que durante o confinamento houve menos registos, que aumentaram mal isso terminou, pelo que só os números deste ano permitirão clarificar a tendência. “Haverá casos que não reportados/comunicados, mas é um número pouco significativo. Tendo em conta as campanhas de sensibilização e de esclarecimento que o Serviço Municipal de Protecção Civil de Paredes efectua todos os anos, a população está devidamente informada e ciente das formas de actuação e comunicação”, acredita o município.

Também aqui houve alteração. Os vespeiros eram incinerados durante a noite até 2019. “Actualmente o procedimento é de envenenamento dos vespeiros e actuação durante o dia, que nos permite uma actuação mais célere e com menos custos”, relata o pelouro da Potecção Civil.

Além de uma equipa de dois elementos do município, em Paredes há o apoio de outros dois elementos de uma associação sem fins lucrativos. “A destruição dos vespeiros é activada logo que é comunicada aos nossos serviços. Estamos com uma média inferior a 24 horas na resolução das comunicações”, destaca a câmara paredense.

Por outro lado, também neste concelho há uma população cada vez mais sensível ao tema, sendo imprescindível na comunicação dos ninhos de vespa asiática. “É certo que não depende exclusivamente da nossa actuação. Tem de haver um trabalho concertado entre todos os municípios de extermínio e controle da praga, pois esta não conhece fronteiras”, salienta a autarquia.

Penafiel continua a ser o concelho com mais casos

Entre os cinco concelhos desta região, Penafiel continua a ser aquele em que se registam mais casos. Penafiel, Termas de São Vicente e Guilhufe e Urrô concentram a maioria dos identificados.

Nem em 2019 nem em 2020 foram destruídos todos os ninhos identificados. Mas houve um decréscimo no ano passado. Se no ano anterior foram reportados 1.062 vespeiros e destruídos 785, em 2020 foram 641 os comunicados aos serviços e 477 os eliminados.

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“O número de ninhos participados em 2020, diminuiu cerca de 39% face a 2019 e o número de ninhos eliminados decresceu 39,2%, face a 2019”, compara a Câmara de Penafiel. A autarquia não põe de parte que ninhos em zonas menos acessíveis não estejam a ser comunicados. “O número de ninhos participados desceu consideravelmente em 2020, podendo ter sido influenciado pelas medidas de confinamento de combate à Covid-19”, reconhece ainda a Protecção Civil Municipal. Seguindo o plano de acção para a Vigilância e Controlo da Vespa Velutina o método de destruição continua a ser o método de aplicação de insecticida.

Em Penafiel, a equipa de dois elementos existente sai, em média, duas vezes por semana, destruindo 15 a 20 ninhos por saída.

“O combate à vespa velutina continuará a ser uma preocupação do Serviço Municipal de Protecção Civil de Penafiel, providenciando uma resposta atempada tanto à eliminação dos ninhos de vespa velutina que são participados, bem como tranquilização das populações em relação à sua segurança”, garantem os serviços.

Valongo com o menor número de casos reportados

O concelho de Valongo é o menos afectado. Todos os ninhos reportados são destruídos. Em 2019 foram 135 e em 2020 baixaram para os 85. Campo e Ermesinde foram as freguesias com mais casos no ano passado.

A autarquia valonguense diz que a pandemia não afectou o combate à vespa velutina, mantendo-se a operacionalidade da equipa dedicada de três elementos e os métodos de eliminação. Estes funcionários saem “aproximadamente” para resolver duas situações por semana, dependendo da época, “com mais incidência na Primavera e Outono”.

O município reconhece também que a população está mais sensibilizada e já não tenta resolver o problema sozinha. Mantém-se, no entanto, a preocupação com a temática da vespa velutina.