Na definição de um futuro para o concelho de Valongo há que procurar medidas para a fixação de empresas, que podem passar pela criação de um ninho de empresas (p. ex. na área da panificação, do turismo de aventura ou turismo científico) e de espaços de ‘coworking’ ou pela atração de setores afastados do centro do Porto pela pressão imobiliária (como o setor livreiro).

Há também que procurar medidas que promovam a ligação ao meio ambiente. A criação de infraestruturas e a dinamização de atividades são as únicas formas de assegurar a utilização sustentável daquele em harmonia com a promoção de estilos de vida saudável

Na publicação anterior, tive a oportunidade para defender que Valongo se encontra em posição privilegiada para tentar promover a fixação de novas populações que valorizem particularmente a qualidade de vida, o contacto com a natureza e um estilo de vida sustentável. Para tal, abordei o tema da mobilidade.

Proponho, agora, abordar medidas ao nível da fixação de empresas e da ligação ao meio ambiente.

Quanto ao primeiro tópico, existe muito espaço para a adoção de medidas que visem a fixação de novas empresas no concelho. Infelizmente, tal não se deve pouco ao facto de serem quase inexistentes as políticas voltadas para tal propósito. O tecido empresarial é frágil e não existe, como noutras áreas, uma aposta clara no caminho a tomar para inverter este estado de coisas.

Não esqueçamos que o concelho se situa na periferia da segunda cidade do país, integra-se na faixa mais industrializada do mapa português e encontra-se numa posição única para servir de entrada da área metropolitana do Porto no Vale do Sousa. Nenhuma destas características se encontra explorada atualmente.

Considerando as propostas feitas no artigo anterior, nomeadamente quanto à aposta na fixação de populações jovens no território, mostrar-se-ia de primordial interesse a aposta num ninho de empresas no concelho. Há áreas nas quais o concelho apresenta as condições ideais para se diferenciar, nomeadamente na indústria da panificação, com o peso da história, bem como no setor do turismo de aventura e do turismo científico. Promover as condições para o desenvolvimento do empreendedorismo em alguma destas áreas seria serviço público. Ao mesmo tempo, seria útil o concelho poder contar com algum espaço de coworking, que permite o aparecimento de novas empresas, bem como o desenvolvimento de projetos que, a prazo, podem dar frutos.

Por outro lado, Valongo poderia apostar na promoção de planos que permitissem a fixação de empresas, nomeadamente da área do comércio, que não têm lugar no centro do Porto. Existem setores afastados deste, nomeadamente devido ao crescente preço das rendas. O exemplo mais paradigmático será o das livrarias e alfarrabistas. É crescente o número de estabelecimentos encerrados, por serem incompatíveis com as rendas praticadas. Óbidos, com o projeto da Vila Literária, demonstra que é possível criar um projeto deste género fora de um grande centro urbano. Note-se que existe muito imobiliário destinado ao comércio que se encontra desocupado. Com o apoio certo, seria possível criar um cluster de determinado setor, como o livreiro, que permitiria diferenciar o concelho .

O segundo tópico a abordar, necessariamente de forma sumária, é a ligação ao meio ambiente. Com o peso acrescido de ser a sede do Parque das Serras do Porto, Valongo tem a responsabilidade de assumir este como um pilar determinante do futuro da afirmação de Valongo. Neste sentido, há, desde logo, que promover locais para a prática de desporto. Deverá ser incluído neste conceito tanto o desporto competitivo como a prática desportiva casual.

As serras encontram-se em posição de desempenhar um papel fulcral nesta realidade. A existência de infraestruturas e a dinamização de atividades são as únicas formas de assegurar a utilização sustentável do meio ambiente, fazendo-o em harmonia com a promoção de estilos de vida saudável. Mais uma vez, este é um contexto fundamental para a fixação de populações jovens no território.