Os eleitos do PSD de Paços de Ferreira defenderam, na última Assembleia Municipal, que a Polícia Municipal deveria ter um papel mais importante nesta fase da pandemia e que devia haver um reforço do número de efectivos.

Para o executivo liderado pelo PS essa ideia não faz sentido, já que o concelho é seguro e não precisa de uma terceira força policial, além dos dois quarteis da GNR já existentes, sendo que um reforço da polícia municipal implicaria um enorme custo.

De fora não ficaram alusões à “guerrilha” que existe entre a Câmara e os agentes da Polícia Municipal.

“Criarmos uma força da polícia municipal de 30 a 40 elementos tem um custo elevadíssimo e não se justifica”

Foi Miguel Pereira, do PSD quem levantou o tema, falando de uma reportagem sobre o trabalho desenvolvido pela Polícia Municipal de Sintra. “Um exemplo do que deve ser o trabalho da polícia municipal em contexto de pandemia. A nossa Polícia Municipal devia ter um papel importante de mitigação da doença, na manutenção da ordem pública, em estar perto das pessoas, em estar nas nossas escolas. Há tanto trabalho que podia estar a fazer e, por uma guerrilha interna, não está a fazer”, apontou.

Paulo Ferreira, presidente em exercício, já que Humberto Brito não esteve presente na sessão, salientou que, em Paços de Ferreira, o trabalho da polícia municipal é feito em conjunto com a GNR.

“É público o diferendo que existe com os agentes da polícia municipal. Os senhores agentes estão em greve às horas extraordinárias há muito tempo. É uma luta sindical. De um lado está a Câmara que entende defender os interesses da comunidade de uma determinada forma e a polícia municipal entende, legitimamente, que a solução seria outra”, contrapôs o socialista, frisando ainda que a Polícia Municipal não é uma força como a GNR e a PSP.

O pingue-pongue continuou com Miguel Pereira a voltar à carga. “Olhamos para a polícia municipal não só pela questão de segurança que pode ou não trazer ao território. Não está restrita à segurança e ordem pública, vai muito mais além. E entendemos que, neste momento, a polícia municipal devia ter outro papel no nosso concelho. As guerrilhas entre sindicatos e câmara municipal ao cidadão pouco importam. Mas, neste momento, a nossa Polícia Municipal às cinco menos um quarto não pode sair para qualquer patrulha ou diligência porque às cinco horas acaba o serviço”, deu como exemplo o eleito do PSD.

“Sabe quantos agentes da polícia municipal temos? Temos poucos. Concorda em abrirmos um concurso público para mais 15 ou 20 polícias municipais e fazemos aqui uma nova força com 30 ou 40 elementos? Eu não concordo”, ripostou Paulo Ferreira.

A situação financeira da autarquia não se coaduna com esse tipo de investimento, alegou. “Não é uma questão de opção, é uma questão de gestão de dinheiros públicos. O nosso concelho deve ser dos mais seguros do mundo. A polícia municipal trabalha todos os dias e faz bem o seu trabalho. E temos largas dezenas de agentes da GNR em dois postos diferentes que fazem outro tipo de trabalho do ponto de vista da proximidade e da segurança das pessoas 24 horas por dia”, explicou.

“Criarmos aqui no nosso concelho uma força da polícia municipal de 30 a 40 elementos tem um custo elevadíssimo e não se justifica”, frisou ainda o vice-presidente da Câmara, defendendo que o caminho passa por continuar a reforçar os meios do Estado, que tem a responsabilidade na área da Segurança, dando mais condições e mantendo os postos da GNR existentes, como é o caso da obra agora anunciada do novo quartel em Freamunde.

“Depois desta intervenção só lhe faltou mesmo afirmar que quer acabar com a polícia municipal no nosso concelho”, criticou Miguel Pereira. “A polícia municipal serve para muita coisa, e sim, a polícia municipal do nosso concelho devia ser reforçada”, acrescentou.

Paulo Ferreira clarificou: “ninguém aqui disse que queria acabar com a Polícia Municipal. O que não fazemos é demagogia em torno disto”. “Também gostaríamos de ter mais funcionários a fazer obras nas ruas e que pudéssemos disponibilizar às juntas de freguesia, mas temos um problema, que é um orçamento. E nós não fazemos o que vocês faziam antes, que era deixar de pagar as contas durante três anos. Aqui só fazemos o que conseguimos pagar”, argumentou o socialista.

O presidente em exercício garantiu ainda que o concelho não quer ter uma terceira força ao nível da GNR. “Isso está fora de questão, a dimensão do nosso concelho não o justifica. A Polícia Municipal faz um trabalho importante, mas o trabalho de segurança é da GNR”, concluiu.