O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, acusou o Governo soclalista de “má gestão” e de “não gostar de Penafiel”, em conferência  de imprensa, realizada, esta segunda-feira, na sede do PSD Penafiel, no final de uma visita de sete deputados eleitos pelo circulo eleitoral do Porto a empresas transformadoras de granito, em Peroselo, e à Associação para o Desenvolvimento da Figueiras, ambas no concelho de Penafiel.

“Infelizmente temos um Governo que não gosta do concelho de Penafiel e isso tem ficado demonstrado em muitas circunstâncias. Temos um Governo que em quatro anos nunca teve um secretário de Estado que fosse, e na altura não eram 50, mas já eram em número bastante significativo, para vir à Agrival que é só o maior certame agrícola do Norte e Centro do país. Nem um director geral que fosse para vir à Agrival. Isto é uma evidente questão de desconsideração”, sustentou o autarca. “Mas há outras mais importantes e relevantes, o facto de termos para lista de espera para uma consulta de cardiologia que ultrapassa os três anos, ou a circunstância de não haver pneumologistas em número adequado num território que tem dos mais graves problemas da tuberculose ao nível da Europa. Não é Portugal, sequer. É da Europa. E isso deve-se ao facto das transformadoras do granito provocarem os problemas do pó, a silicose, que cria fragilidades nesses trabalhadores, mas até por isso deveríamos ter aqui uma atitude de discriminação positiva colocando mais pneumologistas para acudirem a essa circunstância específica do nosso território. Quem diz isso, diz as macas. As corporações de bombeiros já começam a ter receio de ir ao hospital  levar doentes porque depois tem de ficar lá à espera das macas. Ainda recentemente aconteceu um episódio com mais de 25 ambulâncias”, criticou ainda Antonino de Sousa.

“É MUITO MAS FÁCIL FAZER LEIS A DIZER QUE O SALÁRIO MÍNIMO DEVE AUMENTAR PARA OS OUTROS PAGAREM DO QUE CRIAREM AS CONDIÇÕES PARA EFECTIVAMENTE SER PAGOS”

Referindo-se à Associação para o Desenvolvimento da Figueira e aos cuidados continuados que esta instituição presta, o autarca penafidelense concordou com a necessidade do Governo actualizar os acordos com a colectividade permitindo que a mesma consiga fazer face aos encargos que tem. “Só com sacrifício e uma extraordinária capacidade de gestão que tem tido o presidente da direcção e seus colegas tem sido possível continuar a gerir uma instituição sem que os acordos sejam vistos há anos e com os encargos a aumentarem permanentemente. Porque é muito mais fácil fazer leis a dizer que o salário mínimo deve aumentar para os outros pagarem do que criar as condições para efectivamente ser pagos”, sublinhou.

Na educação, o chefe do executivo recordou que o concelho de Penafiel prescindiu de fundos comunitários do seu Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial (PDCT), fazendo intervenções em escolas que são da responsabilidade do Governo.

“Abrimos mão de verba que se destinava ao nosso município, para a gestão municipal, mais de quatro milhões de euros para serem utilizados em intervenções que são da responsabilidade do Ministério da Educação. Além de prescindirmos desses fundos comunitários ainda vamos ter de alocar dinheiro do orçamento municipal para a componente nacional. Como só contamos para dar o dinheiro e ainda assistimos à má gestão que o Governo faz porque, verificamos que o Governo pegou nessa verba e foi afectá-la apenas à requalificação de duas escolas, deixando por requalificar três outras escolas que também são da responsabilidade da administração central. Estou-me a referir à EB 2,3 de Paço de Sousa, da EB 2,3 e Secundária do Pinheiro que tem mais de 40 anos e à EB 2,3 de Cabeça Santa que não vão ter nem um cêntimo para serem requalificadas. Se isto fosse tratado com ciência e reflexão prévia essa verba, eventualmente acrescida de algo mais, poderia permitir requalificar as escolas todas”, concretizou, relevando a importância desta visita e mostrando-se disponível para acolher os deputados mais vezes sempre os interesses e os problemas do município estejam em causa.

“Temos muitos exemplos de como é importante termos aqui os deputados para darem voz ao nosso território. Venham mais vezes porque os penafidelenses precisam de ter essa voz e ela há-de ser dos deputados do PSD porque quanto ao Governo do PS e aos seus representantes não temos grandes expectativas de vermos os problemas do nosso território serem tratados e ganharem essa visibilidade”, afirmou.

António Cunha, ex-director da Escola Joaquim Araújo, deputado eleito pelo circulo eleitoral do Porto, vice-coordenador da Comissão de Educação na Assembleia da República, assumiu que a deslocação a Peroselo permitiu contactar com os trabalhadores das pedreiras, abordar temas como a questão das reformas e o factor de sustentabilidade.

“É inadmissível as juntas médicas demorarem dois a três anos. Há um factor de sustentabilidade que está associado ao valor da reforma. Estamos a falar de pessoas que se reforma mais cedo pelo não faz sentido aplicar esse factor o que reduz o valor das reformas. Vamos estar atentos a esta situação”, disse.

António Cunha relevou, também, o trabalho realizado pela Associação para o Desenvolvimento da Figueira assumindo que é uma instituição de referência que faz um trabalho extraordinário. “Preocupa-nos o subfinanciamento destas instituições. Estamos a falar de uma associação que tem uma abrangência nacional pelas suas características e é de notar que a Segurança Social não tem actualizado os protocolos desde há muitos anos e há financiamento que deve ser alocado para estas instituições e não tem sido. O PSD compromete-se a tratar disso na comissão questionando o Governo e o ministro”, expressou, salientando que os deputados têm o dever de fiscalizar quer o Governo quer os ministérios.

O presidente da distrital do PSD Porto, Alberto Machado, relevou a importância dos deputados do seu partido efectuarem estes périplos, cumprirem com as suas propostas e identificarem com as comunidades, no terreno, os problemas que mais as afectam.

O líder da distrital do PSD Porto disponibilizou-se, ainda, para em concertação  com as secções locais de cada um dos concelhos, os respectivos deputados fazer chegar essas mesmas preocupações ao Parlamento e às comissões parlamentares.

“Estamos no terreno para procurar ir ao encontro das necessidades das pessoas e cumprir com os nossos compromissos eleitorais. Apesar de não termos vencido, temos o dever para que os compromissos que assumimos possam ser concretizados, uma vez que traduzem concelho a concelho as preocupações das pessoas.  Quero manifestar total disponibilidade na Comissão Política distrital para que as questões de âmbito nacional possam estar na ordem do dia. Temos uma legislatura para colocar essas questões e traduzir isso em questões ao Governo, iniciativas parlamentares projectos de resolução e de lei”, confirmou.

Pedro Cepeda, presidente do Comissão Política Concelhia do PSD Penafiel, destacou a importância da visita dos deputados a Penafiel e da necessidade dos eleitos fazerem chegar estas preocupações à Assembleia da República.