Num ano em que os socialistas passaram a dominar quase todas as câmaras municipais da região, Penafiel foi a excepção. Antonino de Sousa conseguiu segurar a reeleição e manter o município nas mãos da coligação PSD/CDS-PP.

De todos os cenários eleitorais locais, Penafiel era aquele que parecia ter o quadro mais complicado: o presidente em exercício tinha pela frente um candidato socialista que em 2013 havia ficado perto da vitória; enfrentava o ex-deputado e ex-vereador Mário Magalhães que jogava na mesma cor política; e contava ainda com a candidatura do mediático Tino de Rans.

Contados os votos, percebeu-se que as aspirações políticas de Mário Magalhães e Tino de Rans tinham terminado. O primeiro porque percebeu que não tem qualquer expressão eleitoral (conseguiu o feito de ter menos votos do que o número de assinaturas que teve de reunir para apresentar a sua candidatura), o segundo porque percebeu que a população não o leva a sério quando se trata de um lugar de responsabilidade política.

É certo que o socialista André Ferreira não conseguiu vencer as eleições, baixando mesmo a percentagem de votos relativamente a 2013, mas é precoce anunciar o fim político de alguém que ainda nem chegou aos 40 anos de idade e que acaba de ser nomeado para a equipa do ministro dos Negócios Estrangeiros. Parece óbvio que não será candidato em 2021, mas isso não significa que André Ferreira tenha desistido de chegar à presidência da Câmara Municipal.

Antonino de Sousa conseguiu um resultado confortável, tem junto dos seus pares a vantagem de se apresentar como o único sobrevivente da “tempestade laranja” e tinha tudo para fazer um mandato tranquilo. As eleições internas no PSD podem trazer-lhe desconforto.

Tendo sido um destacado militante do CDS-PP, chegou mesmo a ocupar lugares de relevo na estrutura distrital e nacional daquele partido. Em 2013, para poder ser candidato pela coligação de direita, desfiliou-se. Nas últimas eleições internas do PSD decidiu abraçar uma luta que não era sua e apareceu publicamente a apoiar o candidato Santana Lopes. Ninguém percebeu. Até porque do outro lado tinha o seu antecessor e a sua vice-presidente a apoiarem Rui Rio.

Contados os votos, os militantes do PSD optaram por Rui Rio, deixando a nu o peso de Antonino de Sousa dentro do partido. Parece-me que foi uma atitude precipitada e escusada, que lhe poderá condicionar a governação nos próximos anos e, acima de tudo, atrapalhar a preparação de um sucessor.