Quando criança brincava com soldadinhos de chumbo e pequenos tanques de guerra, o que denota que sempre foi um “apaixonado pelo tema da Segunda Guerra Mundial”. Talvez por isso, conseguiu materializar este seu gosto e realizou um dos seus sonhos que passava por escrever sobre esta parte da história.

E foi deste fascínio que nasceu o livro “Resistência com Sotaque” que é apresentado amanhã, sábado, na Biblioteca Municipal de Paredes, a partir das 15h30.

Rui Ferreira tem 52 anos e é natural do Lugar de Paredes, município de Penafiel. Da infância recorda estas brincadeiras, mas não só. Ao Verdadeiro Olhar recordou que o “pai sempre incutiu aos filhos o gosto pela leitura, desde livros, a revistas e jornais”.

Apesar de não ser oriundo de uma família abastada, nem com percursos académicos, a verdade é que “não eram ricos em valores monetários, mas tínhamos uma grande riqueza literária”. Talvez por isso, desde cedo, Rui Ferreira começou a ‘guardar’ em papel, “pequenos textos sobre acontecimentos familiares, a actualidade e também poemas. Conteúdos soltos” que, ao longo dos anos, se acumularam na gaveta.

Um dia, a filha Bárbara, descobriu esses escritos e incitou o pai a enviá-los para uma editora. E foi assim que nasceu o primeiro livro “A vida numa cicatriz”, uma história familiar, verídica, que envolve uma fatídica explosão numa oficina de pirotecnia e que coloca um trágico ponto final na relação com dois grandes amigos de Fernando. A tragédia marca-o de uma forma profunda e irreversível e uma nova e inesperada amizade nasce desta tragédia com José, ferido na explosão, numa história que se desenrola a partir daqui, pode ler-se na sinopse.

Este livro foi publicado em 2020 e, algum tempo depois, Rui percebeu que “sempre houve portugueses espalhados pelo mundo, mas não havia nenhuma referência ao papel que desempenharam na Segunda Guerra Mundial.

Depois de algum tempo de pesquisa, nasce a “Resistência com Sotaque”, que se desvenda à volta do “português António que, durante a França ocupada (…) adere à resistência para combater o exército nazi” e “apaixona-se por Corine, uma resistente francesa”.

O autor frisa ao Verdadeiro Olhar que este é um romance ficcionado, mas que tem a sua base sustentada na verdade, porque os portugueses “também tiveram um papel preponderante” e houve heróis nesta passagem da história.

A história deste livro decorre nos Açores, uma ilha com “importância geoestratégica”, quer para os aliados, quer para os nazis, onde as personagens “são chamadas a desempenhar um papel crucial na sua defesa”.

“Entre a luta e a intriga, entre o amor e a traição, desenrola-se uma narrativa arrebatadora, de paixão, resistência, combate e jogos de espionagem, enaltecendo o papel esquecido e pouco reconhecido que muitos portugueses desempenharam durante a Segunda Guerra Mundial e, mais concretamente, na resistência Francesa”, refere a sintese.

Rui Ferreira, reside em Paredes, em Penafiel, é licenciado em Solicitadoria, pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico do Porto. Já foi Presidente e Cofundador da Associação de Conservação do Meio Ambiente, fundada em 1992, e deputado municipal, em 1996. Actualmente, trabalha na Câmara Municipal de Penafiel.

Sobre o futuro, promete continuar a ler, mas, sobretudo, a escrever. Apesar de hoje ter a escrita como um hobby, quem sabe, se um dia, consegue concretizar o sonho de viver dos livros e para os livros. Apesar de reconhecer que “o mercado livreiro tem muitos obstáculos” e “é muito difícil viver desse trabalho em Portugal”, nunca se sabe. Aliás, há muitos anos, quando brincava com soldadinhos de chumbo, estava longe de imaginar que, um dia, teria dois livros publicados.