Alice Costa, António Coelho e Marques Pereira

A promessa de que o preço da água vai descer para metade em Maio não é real, acusam os vereadores do PSD de Paços de Ferreira.

Com base no tarifário aprovado, recentemente, em reunião de executivo, os social-democratas afirmam que, caso o novo tarifário entre em vigor, “a factura de água e saneamento para a população não desce para metade”. “Para a esmagadora maioria da população a redução não ultrapassará os 29%”, sustentam. Por outro lado, o pequeno comércio verá a factura agravada em quase 20% e haverá um aumento do preço no saneamento em todos os escalões.

“Humberto Brito tenta a qualquer custo cumprir uma promessa eleitoral mesmo que isso implique que sejam os cidadãos a pagar a promessa com a factura do saneamento”, criticaram António Coelho, Alice Costa e Marques Pereira, numa conferência de imprensa realizada, esta terça-feira, na Câmara Municipal.

“Tudo o que Humberto Brito e os socialistas têm dito não passa de conversa eleitoralista, em tempo de eleições autárquicas, com o intuito de enganar os pacenses”, acrescentaram, acusando o executivo do PS de não conduzir este processo de forma transparente.

 

PSD não está contra a redução de tarifário, garantem vereadores

O PS chegou ao poder prometendo a remunicipalização da concessão de água e saneamento, lembraram os vereadores do PSD: “Durante quase quatro anos, refugiaram-se em manobras sucessivas de propostas, propostinhas, queixas e queixinhas para mascararem a inabilidade em concretizarem aquela que foi a sua principal promessa eleitoral”, afirmou António Coelho.

Com isto, os socialistas arrastaram o processo “até às vésperas das eleições autárquicas”, para agora virem anunciar a descida do preço da água para metade.

Mas “foram longe de mais” ao tentar passar a ideia que os vereadores do PSD estão contra esta descida. Como forma de disfarçar a sua “incompetência”, Humberto Brito já atirou as culpas para Pedro Passos Coelho, para a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos e já lançou um ultimato ao Tribunal de Contas, sustentaram os social-democratas. “Desta vez lembrou-se que a culpa é dos vereadores do PSD quando o PS tem maioria no executivo municipal”, disseram, realçando que não votaram contra a proposta de tarifário apresentada, abstiveram-se. “Congratular-nos-íamos com qualquer redução”, acrescentaram.

 

Factura baixa, mas menos de 30% “na esmagadora maioria” dos casos

Mas feitas as contas, os vereadores do PSD garantem que não vai acontecer a prometida redução para metade do preço da água. “Depois de aplicado o novo tarifário não há nenhum caso onde a redução do preço da factura seja de 50%”, afirmam.

“Para a esmagadora maioria da população a redução não ultrapassará os 29% e o pequeno comércio verá a factura agravada em quase 20%, num aumento com algum significado”, dizem os autarcas.

Por outro lado, há um aumento do preço no saneamento em todos os escalões.

Segundo o PSD, este tarifário aprovado, recentemente, em reunião de câmara não era o que estava previsto no memorando de entendimento aprovado anteriormente pelos vereadores e pelos eleitos da Assembleia Municipal.

Se existe um novo memorando, com alterações resultantes de possíveis negociações com a concessionária nos últimos meses, os vereadores dizem desconhecê-lo. “Nós não conhecemos outro memorando e o que é certo que o tarifário aprovado não corresponde ao memorando anterior”, sublinham.

Além disso, António Coelho, Alice Costa e Marques Pereira lembram que a indemnização prevista à Águas de Paços de Ferreira é de 50 milhões de euros, e não de 36 milhões como os socialistas muitas vezes afirmam. O PS também mente quando diz que não haverá mais possibilidade de novos pedidos de reequilíbrio financeiro por parte da concessionária. “A cláusula quarta do memorando prevê, no seu ponto três, as várias situações em que a concessionária pode pedir o reequilíbrio económico-financeiro. No memorando de entendimento que conhecemos o risco de reequilíbrio existe”, sustenta o PSD.

Foi a falta de informação sobre o processo que levou os eleitos do partido a optar pela abstenção.

 

“O que o leva a entregar 50 milhões de euros à concessionária sem que o município fique accionista da empresa?”

Durante a conferência de imprensa, António Coelho deixou algumas questões ao presidente da câmara que ainda não viu respondidas: “Porque é que Humberto Brito não comprou a concessão de Paços de Ferreira?”, como aconteceu com outras do grupo; “O que o leva a entregar 50 milhões de euros à concessionária sem que o município fique accionista da empresa?”; e “Se a decisão agora tomada é sem acordo com a concessionária, desrespeitando a ERSAR e atropelando o Tribunal de Contas, porque não o fez no início do mandato?”.

Para o PSD, pagar 50 milhões de euros e não ter “alguma participação” na empresa não faz sentido. “Era essa a grande proposta do PS, remunicipalizar”, lembraram os vereadores.

Os social-democratas criticaram ainda esta tentativa de “instrumentalizar a opinião pública” e acusaram Humberto Brito de ter usado um grupo de cidadãos preocupados com o resgate da concessão de água e saneamento “apenas como trampolim político”.

Esta conferência de imprensa surge depois de o PS Paços de Ferreira ter vindo criticar o sentido de voto dos social-democratas. Recorde-se que o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira anunciou, recentemente, que o preço da água descerá para metade em Maio.