Mostra-se essencial que a exposição nacional seja utilizada para o destaque ao município. Ao mesmo tempo, é responsabilidade dos eleitos trazerem ideias que sejam uma mais-valia.

Pena é que, analisados os artigos publicados em 2021 em jornais nacionais pelo Presidente da Câmara de Valongo, se conclua que José Manuel Ribeiro não aproveita os momentos de exposição pública nacional para promover Valongo ou para debater ideias, antes aproveitando para se promover a si.

O poder local desempenha um papel primordial para o sucesso das cidades. Podemos questionar – eu questiono – o quão adequada se mostra uma divisão administrativa que, no essencial, data do século XIX. Encontramos circunscrições municipais que se justificariam quando uma deslocação ao Porto demorava um par de horas e que podem não se justificar quando a mesma deslocação se efetua em poucos minutos. Em qualquer caso, é o contexto em que vivemos e é perante o mesmo que nos devemos debruçar.

Esta situação resulta numa grande competitividade entre municípios, nomeadamente no contexto do Grande Porto. Isto acontece quer para a fixação de população, quer para a fixação de empresas, como para a atração de investimento. Assim, mostra-se essencial os responsáveis locais aproveitarem os momentos de exposição nacional para procurarem o destaque face aos demais municípios.

Ao mesmo tempo, é responsabilidade dos eleitos utilizarem o espaço público para elevarem o debate, nomeadamente trazendo ideias que sejam uma mais-valia. A classe política tem uma responsabilidade acrescida quando lhe é dado tempo de antena.

Estes dois pontos poderiam fazer supor que José Manuel Ribeiro utilizaria os momentos de projeção nacional para promover o concelho de Valongo e/ou para lançar o debate ou ideias sobre assuntos prementes. Analisemos, então, os dois artigos publicados em 2021 em jornais nacionais pelo Presidente da Câmara de Valongo.

Em 15 de fevereiro, José Manuel Ribeiro publicou um artigo no Diário de Notícias intitulado “Curar a(s) democracia(s) sem medo da participação das pessoas”.[1] O tema é pertinente e o artigo toca no ponto fundamental: “É fundamental agir…”. O artigo constata que “o poder local (…) tem sido o agente mais empenhado no cumprimento desta ambição (…)”, mas mais não diz sobre o que pode ser feito ou o que deve mudar. Falta uma ideia ao artigo. Ficamos, apenas, a saber que tal é “determinação que move a Rede de Autarquias Participativas” à qual José Manuel Ribeiro tem  “a honra de presidir. Fica-se com a sensação de que o objetivo do artigo era dar a conhecer este facto.

A 25 de fevereiro, o Presidente da Câmara de Valongo publicou outro artigo no Jornal de Notícias – desta feita, com o título “Infraestruturas verdes, novas vias para a sustentabilidade”.[2] Mais uma vez, o artigo acerta no tema. Trata-se de um assunto relevante e atual e que valerá a pena explorar. Porém, feito o diagnóstico, nada nos adianta o escrito. Constata-se, e bem, que “no pós-pandemia as alterações climáticas serão porventura o nosso maior desafio coletivo”, mas fica-se por aí mesmo. Mas, o artigo não termina sem dar a conhecer ao leitor que com muita honra José Manuel Ribeiro preside à Associação de Municípios – Parque Serras do Porto. Mais uma vez, fica a ideia de que o artigo serviu para que o autor desse a conhecer o cargo que exerce.

Pena é que José Manuel Ribeiro não aproveite os momentos de exposição pública nacional para promover Valongo ou para debater ideias, antes aproveitando para se promover a si.

[1] https://www.dn.pt/opiniao/curar-as-democracias-sem-medo-da-participacao-das-pessoas-13349652.html?fbclid=IwAR3yg6Lco1bKw9Dxvx6ZniYLJXGLB0_Q9tLiam2sQcD-4kruLlXUus625IA

[2] https://www.jn.pt/opiniao/convidados/infraestruturas-verdes-novas-vias-para-a-sustentabilidade-13389618.html