A Unidade de Valorização de Resíduos Orgânicos que vai ser construída pela Ambisousa – Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos do Vale do Sousa, na Zona Industrial de Parada/Baltar, não terá impactos nocivos para a população, não causando maus-cheiros.

A garantia foi deixada pelo conselho de administração da Ambisousa e pelo presidente da Câmara de Paredes na apresentação, realizada esta manhã, do parecer técnico realizado pela Universidade de Aveiro, que determinou a escolha dos equipamentos que dão mais garantias.

Perante quatro cenários de tratamento para eliminar possíveis odores que poderiam incomodar a população vizinha da unidade, o que está dependente da eficácia dos biofiltros, a empresa intermunicipal escolheu a solução mais cara, mas com mais garantias de eficácia, atestou Antonino de Sousa. “O conselho de administração decidiu que a opção técnica é a do quarto cenário que, apesar de ser mais cara do ponto de vista da execução, é aquela que assegura garantia total de segurança e de inexistência de impactos”, sustentou o presidente da Ambisousa. “Nós escolhemos a que nos dá absoluta garantia. Não vai haver maus-cheiros em Baltar, nenhuns. A quarta solução é infalível”, frisou.

A apresentação destes resultados, antes do arranque da obra, previsto para o início de 2023, vem dar cumprimento aos compromissos assumidos com o presidente da Câmara de Paredes e com a população, destacou o também autarca de Penafiel. “Comprometemo-nos que a obra não teria início sem um estudo de impacte ambiental de uma entidade externa e isenta que nos assegurasse que deste projecto não resultaria qualquer impacto ambiental para a comunidade. Queremos ter uma unidade de tratamento de biorresíduos das mais modernas do país e até da Europa e que isso não se traduza em nenhum dano para a qualidade de vida das populações, sobretudo as mais próximas da unidade”.

Antonino de Sousa explicou ainda que o estudo demorou porque “só podia ser finalizado quando a empreitada estivesse adjudicada e validada pelo Tribunal de Contas”, já que a empreitada é de “concepção e execução”. O projecto de execução está agora a ser finalizado levando a solução escolhida em conta.

“Este é o maior projecto de investimento de sempre no domínio do ambiente na nossa região e o maior da Ambisousa, de cerca de 18 milhões de euros”, referiu o presidente da Ambisousa, lembrando que este é um equipamento com muita tecnologia e que o valor ainda pode subir, devido à inflacção. “Quando estiver concluído além de todas as vantagens ambientais vai traduzir-se também numa vantagem do ponto de vista económico muito grande”, sustentou, já que, segundo as estimativas pré-guerra (pelo que o valor pode aumentar), a injecção de biogás na rede permitirá angariar um valor “superior a dois milhões de euros por ano”. “Será uma receita importante para a empresa municipal que depois se vai traduzir nas tarifas mais baixas para os cidadãos”, acrescentou Antonino de Sousa.

A obra deve estar concluída até ao final de 2023. Dos 18 milhões, oito milhões serão financiados por fundos comunitários, e o restante valor por capitais próprios da Ambisousa e financiamento bancário já assegurado. Esta intervenção não terá “implicação nas tarifas” e o objectivo de futuro é que “não haja aumentos significativos” e que o sistema continue a ter “a tarifa mais baixa do país”.

A Ambisousa está a definir a estratégia de recolha de resíduos orgânicos para que esteja a funcionar mal a obra esteja concluída. Numa fase inicial a aposta passará pelos grandes produtores, como cantinas, restauração e IPSS’s. O processo vai depois alargar a todos os cidadãos. “Vai ser preciso o empenho de todos”, defendeu Antonino de Sousa.

Esta unidade terá capacidade instalada para tratar anualmente 25 mil toneladas de biorresíduos. A recolha selectiva será obrigatória em 2024.  

Alexandre Almeida “tranquilo” com projecto

Questionado, Alexandre Almeida, presidente da Câmara de Paredes diz-se tranquilo com este processo, mesmo depois das preocupações demonstradas pela população de Baltar.

“Quando fizemos as sessões de esclarecimentos já disse que estava tranquilo com este projecto. Agora depois deste estudo e do acompanhamento da universidade de Aveiro ainda mais tranquilo estou. Qualquer um dos quatro cenários dava garantias de cumprimento e estamos a optar pela solução que dá mais garantias. Estou convicto que vai ser um passo copiado por outros sistemas intermunicipais de tratamento de resíduos”, argumentou o edil.

O paredense lembrou ainda que “a partir de 2023 temos de deixar de depositar resíduos orgânicos nos aterros e eles têm de ser ou valorizados ou incinerados”. Este processo da Ambisousa está a antecipar o problema e a transformar os resíduos “numa mais-valia”, em “dinheiro”.

Ainda assim diz-se disponível para esclarecer qualquer dúvida por parte da Junta de Freguesia de Baltar e da população.

O estudo estará disponível para consulta no site da Ambisousa, empresa que abrange os municípios de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel.

Recorde-se que, para avançar com este projecto, a Ambisousa já adquiriu um terreno na zona industrial de Parada/Baltar por cerca de um milhão de euros.

Quando o projecto veio a público, em Junho do ano passado, a população e a Junta de Freguesia de Baltar mostraram-se contra a construção desta unidade. Devido à polémica gerada, o presidente da Câmara de Paredes apelou à realização de um estudo de impacto ambiental que foi requerido pela Ambisousa.

O investimento foi justificado na zona empresarial de Parada/Baltar “pelos bons acessos, por ser uma zona industrial em que a unidade se enquadra e por permitir a injecção directa do biogás que será produzido na rede de gás natural”. A promessa foi de que se trataria de um equipamento moderno e sem impactos no ambiente, funcionando num “pavilhão fechado sem possibilidade de emissão de gases ou cheiros”.