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O presidente da Ambisousa, o autarca da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, confirmou que deu indicações para que “com celeridade máxima” e “com o envolvimento da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) seja realizado um estudo sobre o impacto ambiental da unidade de valorização orgânica de resíduos que está prevista para a zona industrial de Parada/Baltar.

O anúncio surge como resposta ao apelo do presidente da Câmara Municipal de Paredes, Alexandre Almeida, e aos protestos da freguesia de Baltar sobre o tema.

Ainda assim, Antonino de Sousa mantém que o investimento, superior a 17,5 milhões de euros, não traz “qualquer risco” e que dizer o contrário e fazer comparação com “aterros” é “ignorância ou má-fé”.

A Assembleia de Freguesia de Baltar já se manifestou contra o projecto. Ontem, estava prevista uma sessão de esclarecimentos, com o autarca de Paredes, em Baltar. Mas, por falta de condições e de espaço para acolher as dezenas de pessoas presentes, a reunião foi adiada para a próxima segunda-feira.

“Esta unidade é do mais moderno que existe no país, não tem qualquer tipo de comparação com aterros sanitários ou qualquer outro modelo de tratamento de resíduos”

“Foi solicitado um estudo de impacto ambiental pelo presidente da Câmara de Paredes. Já dei indicações para que tal aconteça com celeridade máxima e para que se faça com o envolvimento da APA e da CCDR-N. Queremos que este processo seja o mais transparente possível”, salientou Antonino de Sousa, confrontado com as críticas que estão a surgir sobre este investimento.

“Esta unidade é do mais moderno que existe no país, não tem qualquer tipo de comparação com aterros sanitários ou qualquer outro modelo de tratamento de resíduos. Pedir um estudo de impacto ambiental nem faz grande sentido, porque não se faz um estudo de impacto ambiental para uma unidade industrial, mas como entendemos o anseio de algumas populações solicitamos à CCDR-N e APA que acompanhem este estudo para que todas as dúvidas fiquem dissipadas. Lamentamos, não posso deixar de o dizer, o aproveitamento político desta situação que é uma situação de Estado”, apontou o responsável pela gestão da Ambisousa – Empresa Intermunicipal de Tratamento de Gestão de Resíduos Sólidos do Vale do Sousa.

“Não há qualquer risco relativamente a esta unidade. Pelas informações técnicas que temos haverá naquela zona industrial unidades industriais que causam mais impactos no ambiente que esta unidade de valorização orgânica que será moderníssima e vai produzir biogás que vai ser injectado na rede de gás natural. Este é um projecto que é dos mais modernos do país, comparar isso com aterros sanitários ou qualquer outro tipo de unidade de tratamento de resíduos é mostrar ou má-fé ou ignorância”, sustentou o edil de Penafiel.

Questionado, Antonino de Sousa referiu ainda que a par deste concurso para construir esta unidade industrial, está a ser preparado um processo que irá para o terreno para incentivar a separação de resíduos orgânicos que serão encaminhados para aquele equipamento. “É um processo complexo. O Ministério do Ambiente está a dar um apoio excepcional à Ambisousa neste projecto já que estamos a ser pioneiros em Portugal”, sustentou. Será um processo gradual e vai haver novos contentores. “No início vamos estar focados nos grandes produtores de resíduos orgânicos, como as cantinas de escolas, hospitais e de empresas. Depois vamos avançar para os núcleos populacionais mais expressivos. O processo de recolha selectiva dos orgânicos é complexo e vai implicar o envolvimento de todos, mas as pessoas também estão mais sensibilizadas”, referiu ainda.

O autarca alertou que este projecto terá impacto também em termos financeiros. “Se não arrepiarmos caminho os custos da taxa de gestão de resíduos vai atingir valores insuportáveis”, lembrou, acrescentando que o que está previsto é que o valor pago seja superior ao actual “o que pressupõe um impacto de milhões nos orçamentos municipais”.

“Temos de ter consciência disso. Ou vamos reflectir valores na factura dos cidadãos ou os municípios vão subsidiar a tarifa violando o que a lei prevê e vão faltar recursos noutro lado. O futuro é nesta direcção. Os temas do ambiente têm de ser olhados com seriedade e sentido de Estado”, apelou.

Junta contra a obra. População também

As críticas sobre o facto de o executivo da Câmara de Paredes não ter apresentado este projecto à população antes de estar concretizado surgiram primeiro pela voz do PSD e chegaram depois à Assembleia Municipal.

Entretanto, também a Assembleia de Freguesia de Baltar veio dizer que era “totalmente contra” a instalação daquela unidade na zona industrial. “Eu serei sempre contra a instalação. A população também está contra. O descontentamento é geral”, confirma o presidente da Junta de Baltar, Jorge Coelho (PS).

Para ontem estava agendada uma sessão de esclarecimentos à população de Baltar, mas o espaço do auditório BaltarArte mostrou-se pequeno para as dezenas de pessoas que apareceram, algumas já com um cartaz dizendo “o lixo em Baltar não pode ficar”. O presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, presente na sessão, acabou por não conseguir dar explicações sobre o projecto devido à confusão gerada.

Foi entretanto agendada, para segunda-feira, às 21h00, na Escola Básica de Baltar, nova sessão. Um movimento cívico nascido nas redes sociais apela a que todos usem peças de roupa preta e se vão manifestar ao local.

O PSD Paredes emitiu hoje uma nota de imprensa afirmando-se “solidário com a população de Baltar” e apelando a que haja condições para a autarquia ouvir a população na segunda-feira.