De quatro em quatro anos, que coincidem sempre com o ano em que realizam as eleições autárquicas, aparecem pessoas preocupadíssimas com a coisa pública, sempre invocando uma moralidade acima da média.

Vem isto a propósito do ruído mediático sobre o Estádio das Laranjeiras, em Paredes, e a petição para que a Câmara Municipal compre aquelas instalações desportivas.

O insólito de tudo isto é que o terreno em causa já não é do União de Paredes há quase 20 anos, porque foi penhorado e vendido em hasta pública por causa de dívidas contraídas pelo clube. Em 1998 o terreno foi comprado por uma empresa privada, por 75 mil euros. Nessa altura, não houve petições públicas nem oposições preocupadas com assunto.

Para evitar que o clube ficasse sem instalações desportivas, a Câmara Municipal comprou os terrenos e, desde aí, que o clube passou a utilizar “à borla” umas instalações que não eram suas.

Em 2008, a Câmara Municipal vendeu aquele terreno por mais de oito milhões de euros e aplicou o dinheiro na construção de um complexo desportivo moderno, o mesmo que é usado “à borla” pelo União de Paredes.

Entretanto, a empresa, que comprou aqueles terrenos e pagou os mais de oito milhões, acabou por falir e os terrenos foram novamente colocados à venda.

Na altura em que Câmara Municipal de Paredes tornou público a intenção de voltar a adquirir aqueles terrenos, talvez por feliz coincidência, apareceram as petições e as oposições a sugerirem aquilo que já havia sido decidido e votado em reunião de Câmara.

Parece certo que os terrenos voltarão à esfera municipal e que, por infortúnio da empresa que os adquiriu, será um bom negócio para o Município. Da mesma forma que parece certo que a Câmara Municipal tenciona requalificar aquela área com equipamentos desportivos ao serviço da cidade. Por isso, também parece certo que as oposições e as petições irão exigir alvissaras pelo desfecho que já se conhece.

Depois de toda esta poeira mediática pousar, podia-se começar uma petição que exigisse que fossem apuradas responsabilidades sobre o calamitoso estado financeiro a que chegou o União de Paredes. Ao contrário da actual petição, em que já se conhece o desfecho, essa nova teria um desfecho bem mais interessante.

Seria bom que se percebesse que as sucessivas direcções do União de Paredes deixaram o clube afogado em dívidas. Se não fosse o Município o clube já não existia há muitos anos. Importa não esquecer que as instalações desportivas são municipais, que a água, aluz, o autocarro e outros serviços são pagos pelo Município. Até as dividas fiscais foram pagas com a ajuda da Câmara Municipal.

Não vale a pena continuar a fingir que não é nada connosco.