Barbaridades e Disparates

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Nos últimos tempos a atividade do executivo municipal de Paredes tem sido questionada,  através da Assembleia Municipal, dos diferentes partidos políticos e até por cidadãos no exercício dos seus direitos, sobre situações problemáticas ou deliberações ambíguas de interesse coletivo.

Disso têm feito eco diferentes órgãos de comunicação. Seja a reimplantação do bairro dos cidadãos de etnia cigana no mesmo espaço que ocuparam ilegalmente, seja sobre os milhões de euros pagos ou a pagar por esses terrenos e por outros que a autarquia diz querer comprar para fins tão diversos como, por exemplo, a ampliação de cemitérios, ou até o silêncio e a omissão – não se sabe propositada ou por ignorância – sobre os eventuais casos da bactéria “Legionella” , à solta na piscina Rota dos Móveis.

Quando confrontada pela comunicação social sobre estas situações, eventualmente graves, a autarquia usou, até agora, dois tipos de resposta. Ou é barbaridade ou disparate.

Ou seja, para Alexandre Almeida, presidente da câmara de Paredes, só há uma verdade e essa é a dele e só para seu conhecimento próprio.

Esquece-se ou ignora o presidente da câmara – e a culpa assim assumida por ele até pode ser da medíocre qualidade de alguns dos seus vereadores – que, por exemplo, à Assembleia Municipal (AM) está atribuída a competência de solicitar e receber informação sobre assuntos de interesse para o município. Também pode a AM, por exemplo, requerer à câmara municipal ou aos seus membros a documentação  que considere necessária ao exercício das suas competências.

Ignorar isto e não dar resposta ou não respeitar prazos para dar essa informação pode traduzir-se numa violação da lei com consequências que só os tribunais têm poder para decidir.

Esquece-se ou ignora o presidente da câmara que a informação clara e objetiva é obrigação sua perante todos os cidadãos, quer tenham votado nele ou não? Aliás, o respeito pelas minorias é padrão definidor da qualidade da democracia. Ocultar, deturpar, informar mal propositadamente, diz muito sobre a transparência tão proclamada em campanha eleitoral e, até agora, só visível em fotografias de propaganda e autoelogio. Algumas delas -diga-se- são dignas do maior repúdio moral, sobretudo aquelas em que a tragédia e a morte são usadas com fins eleitoralistas.

Utilizando expressões como barbaridades e disparates para fugir às respostas que tem obrigação de dar, facilmente esses vocábulos se viram contra quem os profere e, obviamente, se devolvem, com toda a justiça, à proveniência.

Nós, por exemplo, gostávamos de saber porque razão estão a reduzir o espaço do Parque da Cidade a um tamanho que não é compatível com a dimensão da cidade e do concelho de Paredes. Bárbara, esta curiosidade.

Também gostávamos de saber porque é que a “Estratégia Local de Habitação do concelho de Paredes”, existindo técnicos especializados nesta área, que, inclusivamente, se ofereceram para, gratuitamente, elaborar esse estudo,  acabou nas mãos de uma empresa cuja certificação sectorial diz tratar da “Distribuição, Venda e Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos” e “Mecanização agrícola e condução de veículos agrícolas”. Um disparate – dirá Alexandre Almeida.

Governar apostando na ignorância dos cidadãos ou na opacidade das deliberações são matérias que estudamos e, conhecendo-as, não queremos ver repetidas.