Vitorino Fernandes, residente em Casais Novos, freguesia de S. Martinho de Recesinhos, Penafiel, de 105 anos, foi homenageado, no Parque da Cidade de Penafiel, conjuntamente com mais seis mil avós do concelho. O dia dedicado aos avós é iniciativa da Câmara de Penafiel e contou com a presença de várias associações e instituições particulares de solidariedade social do município.

Vitorino Fernandes, alfaiate, rodeado dos filhos, netos e bisnetos, mostrou-se visivelmente bem-disposto e agradeceu o gesto da autarquia penafidelense.

O idoso participou na festa que lhe foi proporcionada pela autarquia e teve direito a partir um bolo com o número de metros correspondente à sua idade, ou seja 105 metros.

Aos jornalistas, com um brilho nos olhos e sempre bem-disposto, Vitorino Fernandes partilhou algumas memórias do seu passado, as dificuldades que passou para vencer na vida e falou da profissão de alfaiate. “A vida era difícil, andava-se a pé”, disse, realçando que sempre foi uma pessoa saudável. “Tive uma vida boa. Só tenho pena de ter partido a perna. Fui operado. Dantes andava uma hora a pé. Agora só consigo fazê-lo com apoio”, expressou.

Vitorino Fernandes realçou que, apesar da morte da sua mulher, continua a ter o apoio da família, dos seus quatro filhos, seis netos, seis bisnetos e um trisneto.

“Eles têm-me ajudado imenso. Gosto de todos, sem excepção”, afirmou, mostrando-se agradecido pelo bolo e a oportunidade de partilhar este dia com a família e os demais avós presentes no Parque da Cidade.

Vitalia Fernandes, 45 anos, neta de Vitorino Fernandes, realçou que o seu avô foi sempre uma pessoa alegre, saudável e independente. “Adora dizer que tem 105 anos. É uma data importante. Não é todos os dias nem é para toda a gente fazer 105. A minha filha até costuma dizer que ele vai durar até aos 110 anos. Ele está lúcido e apesar de ter partido a perna mantém a boa disposição”, avançou, salientando que Vitorino Fernandes exerceu a profissão de alfaiate até aos 80 anos, quando a sua mulher faleceu.

“Em Penafiel sentimos que o concelho é uma espécie de capital do Dia dos Avós”

O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, relevou este evento conhecido à escala nacional e recordou a sua fundadora, Ana Elisa do Couto, uma penafidelense que lutou 17 anos até o seu sonho ser aprovado na Assembleia da República em 2003 depois de ter desenvolvido diversos contactos com inúmeras autoridades nacionais e estrangeiras entre 1986 e 2003, chamando a atenção para a importância de se instituir este dia.

“Esta é uma história que começou no concelho, no ano de 1986, pela saudosa Ana Elisa do Couto, uma penafidelense que lutou para que o dia dos avós fosse oficializado. Isso aconteceu em 2003 com a Assembleia da República a consagrar a data e o dia 26 de Julho como o Dia Nacional dos Avós. Em Penafiel sentimos que o concelho é uma espécie de capital do Dia dos Avós porque estas comemorações realizam-se há muitos anos e de ano para ano há mais avós que se dirigem para o Parque da Cidade oriundos de toda a região”, avançou, ressalvando o facto de esta efeméride homenagear, também, o idoso mais velho do município.

“Temos gosto em o ter cá, dedicamos-lhe um bolo que tem tantos metros quantos os anos do avô de Recesinhos. Fazemos votos para que continue a somar muito mais”, atestou.

O autarca realçou, também, o facto da autarquia em colaboração com o Clube Penafidelense de Automóveis Antigos proporcionar aos mais idosos a possibilidade de andar num dos clássicos. “Procuramos em cada edição trazer algo de  novo que torne especial este dia e este ano o mote Recordar é Viver proporcionou ao idosos a possibilidade de passear nesse carros e recordar os tempos da sua mocidade”, afiançou.

Armando Vilhena, do Automóvel Clube Penafidelense de Automóveis Antigos, enalteceu a parceria com a autarquia que tornou possível que muitos idosos passeassem em carros clássicos (a partir dos anos 30/40) podendo recordar o seu primeiro carro.

“Foi uma coincidência feliz. Estamos gratos pela iniciativa pelo convite da autarquia e isto prova que é possível trabalhar e fazer coisas diferentes que beneficiem os cidadãos quando há sinergias e se trabalha em rede”, concretizou. Manuel Cardoso, da direcção do Clube Penafidelense de Automóveis Antigos, alinhou, também, pelo mesmo opinião e recordou que o feddeback dos idosos, no período da manhã, foi bastante positivo.

“Para já, a ideia foi bem acolhida. Tivemos já bastantes idosos que se deslocaram à zona onde estão os clássicos. É uma excelente iniciativa que terá de se repetir mais vezes”, asseverou.

No dia dedicados aos avós, vários idosos enalteceram a iniciativa da Câmara de Penafiel, a possibilidade de passarem um dia diferente, conviverem com outros idosos de outras associações e colectividades e usufruírem das várias actividades.

“Além de estarmos em família, temos a oportunidade de estar num espaço diferente, participar nas actividades e conviver uns com os outros”

Isolina Pereira, das Termas de S. Vicente, utente no Centro Social Paroquial Santo Estevão de Oldrões, reconheceu que esta é uma iniciativa que contribui para promover a qualidade de vida dos idosos.

“Além de estarmos em família, temos a oportunidade de estar num espaço diferente, participar nas actividades e conviver uns com os outros”, anuiu, salientando que este evento permite valorizar os mais idosos.

Alcina Lopes, a residir em Galegos, utente do Centro Social Paroquial Santo Estevão de Oldrões, confirmou que o Dia dos Avós é um dia especial que contribui para reforçar os laços com utentes de outras instituições, aproximar as famílias e conviver com os netos.

“É a segunda ano que participo neste evento e faço questão em me deslocar ao Parque da Cidade porque é um espaço único, temos a oportunidade de usufruir do contacto com a natureza e é uma forma de intercâmbio com outras famílias”, confessou.

Além do tradicional piquenique que junta avós e netos, os idosos puderam usufruir de música com dezenas de artistas convidados, partilha de histórias e memórias com os mais novos.