As diabruras do menino Pedro

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Que o menino Pedro é de boas e ricas famílias já todos sabíamos. Que o menino Pedro não precisa da política para viver também já nos fez saber. O menino Pedro -nota-se- está habituado a fazer tudo o que quer e lhe dá na real gana. Nada a opor quando não se é ministro.

Nós – confessamos – sempre gostamos do menino Pedro. Gostamos daquele seu ar todo decidido e disposto a fazer, coisa que parece rara entre os seus pares. Gostamos da sua frontalidade, quando não roça a arrogância, respondendo a tudo sem papas na língua. Gostamos sobretudo do seu pragmatismo, sustentado por uma ideologia que não esconde e que nos orgulha.

Contudo, nos últimos tempos e sempre suportado por uma áurea de líder que carrega desde a juventude, ampliada pelo protagonismo angariado enquanto mediador da “geringonça”, com o sucesso que se lhe reconhece, nestes últimos tempos – dizíamos – o menino Pedro parece ter-se deslumbrado com o poder e -agora especulamos nós – a possibilidade de chegar ao lugar de A. Costa. Não é descabida esta pretensão, sobretudo se tivermos em conta o empenho e tempo que o primeiro-ministro tem colocado nas questões internacionais e, quiçá, com a secundarização dos negócios internos que, mesmo sendo mais modestos, talvez por isso devessem merecer maior atenção do chefe do governo.

Das maneiras de ser e de estar de Pedro Nuno Santos parecem não gostar muito e muitos dos seus pares. As capacidades de diálogo à esquerda do menino Pedro também não agradam aos seus colegas que, aliás, se dizem socialistas. Este PS, não nos esqueçamos, é o que se aliou ao BE e à CDU apenas para se segurar no governo e os desarmar (desarmar, neste caso, significa “roubar” os votos) no primeiro momento em que viram a maioria ali à mão.

Aliás, se este PS gostasse do menino Pedro, nunca lhe teria dado o problema que não tinha e não parece vir a ter outra solução que não seja a dissolução: a TAP.

Desta novela toda sobram-nos duas ou três convicções sobre o menino Pedro:

– É mesmo um despudorado que quer o poder pelo poder.

– É só um “menino” a quem deram um brinquedo estragado e sem uso útil.

– Nem é uma coisa nem outra. Fica-se pelo voluntarismo que evidencia nas decisões que toma e deixa-se influenciar em excesso por quem diz que sabe mais do que ele, mas, realmente, sabe menos. São os seguidores, seguidistas, quase todos já bem colocados no aparelho do Estado.  E esta é também uma razão para Costa não o demitir.

Quanto ao humilde pedido de desculpas do menino Pedro acredita quem quer.

Sobra-lhe a esperança, que não é descabida, de daqui a uns tempos o governo vir a decidir tarde o que Pedro Nuno Santos já tinha decidido.

Nessa altura, emergirá então, o Pedro Nuno Santos, o tal que decidiu num dia fazer dois aeroportos enquanto os outros, em cinquenta anos, nem uma pista conseguiram obrar.