Albano Teixeira tomou posse como comandante dos Bombeiros Voluntários de Lousada. A cerimónia decorreu no final da semana passada e contou com a presença de responsáveis das muitas corporações do distrito do Porto, que não quiseram deixar de elogiar as qualidades de um especialista em protecção civil que esteve prestes a emigrar para escapar ao flagelo do desemprego. Só o convite da direcção da associação humanitária lousadense para serenar um corpo activo em convulsão impediu que Albano Teixeira abandonasse o país.
Agora, direcção e comando garantem que estão unidos na concretização dos principais objectivos da corporação.

Escolhido para terminar com convulsão

A história é conhecida e já foi contada nas páginas do VERDADEIRO OLHAR. Em Abril do ano passado, 58 bombeiros exigiram a demissão do comandante Miguel Pacheco e pediram a passagem ao quadro de inactividade. A convulsão foi de tal ordem que levou à demissão da direcção e à marcação de eleições, das quais emergiu uma equipa liderada por Antero Correia. Durante os primeiros meses, a estrutura directiva manteve Miguel Pacheco em funções, mas acabou por decidir mudar de comandante. “Era necessário e muito importante pôr termo a um conflito entre corpo activo e comandante à data e, sobretudo, proteger o bom nome desta associação”, recordou, na sexta-feira da semana passada, Antero Correia. O actual presidente agradeceu, neste contexto, a Miguel Pacheco “o facto de ter contribuído para que, numa situação de conflito latente, a situação fosse solucionada da melhor forma”.
A escolha de Albano Teixeira para comandante surgiu, assim, num ambiente conturbado que Antero Correia assegura estar ultrapassado. “Estamos todos unidos e imbuídos do mesmo espírito. Todos temos os mesmos objectivos, todos queremos o melhor e o melhor é um corpo de bombeiros pronto e eficaz para cumprir a sua missão em todos os casos, em todos os cenários e todos os dias”, disse.

“Só faz falta quem cá está”

No discurso de tomada de posse, também Albano Teixeira fez questão de fazer uma referência ao passado recente para lembrar a necessidade da união de todos os elementos. “
Ficava bem aqui dizer e falar em disciplina, mas a disciplina que eu empenharei será aquela que vocês merecerem e quiserem que eu empregue. Quero uma casa só, uma família, todos por um só objectivo”, afirmou.
O novo comandante de Lousada deixou ainda elogios aos “guerreiros” da corporação. “Quero ser um guerreiro convosco e lutador em todas as missões em que estivermos presentes. Qualidade temos muita, competência também e vamos caminhando a caminhar. Só faz falta quem cá está, aqui não há supra nem super bombeiros qua acham que fazem falta. Aqui há homens e mulheres por uma causa, a causa de ser bombeiro pelo bem. E esses eu quero-os ao meu lado”, acrescentou.

Um especialista que ia emigrar

Albano Teixeira é um especialista em protecção civil que o país esteve quase a perder. Sem emprego, o ex-comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã esteve quase a emigrar para o Congo e só o convite da corporação de Lousada o impediu de viajar. Na cerimónia de tomada de posse, todos garantiram que a continuidade de Albano Teixeira nos bombeiros é uma mais-valia ímpar. “Com o currículo que tens não podes falhar”, afirmou o vice-presidente da Liga de Bombeiros, José Miranda.

Comandante aos 34 anos

Albano Teixeira nasceu em Vila Meã há 42 anos e foi na corporação desta terra que, aos 14 anos de idade, entrou em contacto com a realidade dos Bombeiros. Foi o pai, também bombeiro, que lhe incutiu o gosto que fez com que, ao longo dos anos que se seguiram, acumula-se conhecimento na área do socorro. Em 2003, tornou-se formador da Escola Nacional de Bombeiros na área de salvamento e desencarceramento e com apenas 34 anos de idade foi empossado comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã, cargo que lhe permitiu integrar os órgãos sociais da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto durante dois mandatos e o Estado-Maior do Comando Distrital de Operações de Socorro entre 2008 e 2014. Licenciou-se ainda em Engenharia de Protecção Civil. “Quando tinha feito dois anos do curso, quase tudo se desmorona. Fico sem emprego, com dois filhos para sustentar e com compromissos para fazer face. Mas nesta altura, senti a importância da família que não me deixou desistir”, explicou Albano Teixeira na tomada de posse.
Mesmo licenciado, Albano Teixeira viu-se forçado a abandonar o comando da corporação de Vila Meã, pois a única solução para escapar ao flagelo do desemprego passava pela emigração. “Tinha duas opções: ou continuava comandante fora do país ou saía para bem do corpo de bombeiros e para não comprometer a sua missão em função da minha ausência”, explicou.
A viagem para o Congo estava prestes a acontecer quando o convite de Antero Correia fez com que os bombeiros portugueses mantivessem o especialista.