O jovem actor lousadense, Gonçalo Babo é um dos protagonistas da novela da TVI “Jogo Duplo”, que passa em horário nobre no canal e que lhe tem permitido granjear reconhecimento, quer na vila onde nasceu quer na área da representação.

Em Lousada, onde regressa de quando em vez, para estar com a família e os amigos, o jovem actor já não passa despercebido, assumindo-se como uma referência para os mais jovens. Mas, tem sido no teatro que o jovem lousadense mais tem trabalhado, tendo já participado em vários projectos e integrado várias companhias.

Além do teatro, Gonçalo Babo assume que gostava de fazer cinema, tendo já participado nalgumas curtas e projectos independentes.

Já fazia teatro na escola

Nos últimos anos, o actor tem dividido o seu tempo entre Lisboa, onde reside, Coimbra, mas, também, Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde esteve durante um tempo, a fazer um curso com uma das melhores professores americanas na área da representação.

Foto: Gonçalo Babo, Facebook

Falando da sua ligação ao mundo da representação, Gonçalo Babo admitiu que ser actor era um sonho que sempre almejou atingir e que ganhou mais consistência devido ao facto de ter na sua família, uma prima, que o inspirou e convenceu a ir para o meio.

“Tenho as minhas raízes em Lousada, estudei na vila até aos 15 anos e fui para o Porto, tendo ingressado na Academia Contemporânea do Espectáculo. Por influência da minha prima que também, é actriz, a Maria Teresa Barbosa, que faz teatro e fez várias séries na televisão, acabei por ir para o teatro”, disse, salientando que já na escola chegou a participar em alguns projectos ligados ao teatro.

Mas foi a entrada na Academia Contemporânea do Espectáculo que acabou por lhe formatar o gosto e paixão pela representação, sendo no teatro que mais tem trabalho e onde tem feito grande parte da sua carreira.

“Com a entrada na Academia passei a perceber melhor este universo e o fascínio que é representar. É um processo enriquecedor e aprendemos muito enquanto pessoas e a ser mais humanos”, frisou, recordando que na Academia Contemporânea do Espectáculo fazia dois espectáculos por ano, trabalhou peças baseadas em autores clássicos, contemporâneos, tendo participado nos “Os Gigantes da Montanha” de Luigi Pirandello, trabalharam textos de William Shakespeare, Gil Vicente, entre outros autores.

“Um dos projectos que mais que marcou nesta fase foi o projecto Zero, que continha coisas nossas. Foi aqui que assimilei muito dos conhecimentos e aprendi muita coisa. Posso dizer que a academia foi a minha escola”, afirmou.

Após ter terminado o curso técnico-profissional,  o jovem lousadense integrou de imediato uma companhia de teatro em Coimbra.

“Não fui para a Universidade por opção minha, tenho estado sempre ocupado com vários projectos, participei no musical da Cinderela Plateia d´Emoções e fui para o Strasberg Theatre and Film Institute Nova Iorque, após ter participado num workshop com uma professora americana que esteve em Lisboa”, afiançou.

De regresso a Portugal, Gonçalo Babo continuou a trabalhar no teatro, fazendo parte do projecto Caixa de Palco que se dedica à criação e produção de espectáculos e eventos artísticos.

“Estou a trabalhar na peça ‘É Urgente’ que vai estrear em Novembro, vai estar na Mealhada e depois vamos andar em digressão. Ao mesmo tempo estou a fazer ‘Os Piratas’ de Manuel António Pina, ‘A Viúva e o Papagaio’, de Virginia Woolf, e faço parte da companhia de Sofia, com histórias e contos a partir de textos de Sophia de Mello Breyner Andresen. Estou com quatro projectos de teatro neste momento”, explicou, acrescentando que está a desenvolver um outro projecto com outra actriz de cinema formada pela Academia Contemporânea do Espectáculo que usa a arte e as diferentes formas de expressão para unir culturas.

Falando da sua participação na novela da TVI, o actor admitiu que fazer televisão é algo esgotante, que exige muitas horas em estúdio, de gravação, sendo um trabalho exigente, mas que é tentador para qualquer jovem.

“Tive sorte da equipa do Jogo Duplo ter-me acolhido de imediato assim que entrei no elenco, criou-se uma cumplicidade não apenas com os actores, mas com toda a estrutura e equipa técnica e ainda hoje mantenho contactos com eles. Foi uma experiência interessante e gostava de voltar a trabalhar em televisão”, afiançou.

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O jovem lousadense assumiu, também, que  tem uma paixão pelo cinema e gostava de fazer uma incursão nesta área, apesar de ser difícil, reconheceu.

“É um meio que me fascina imenso, o cinema está a evoluir em Portugal, mas ainda não está no ponto em que muita gente queria que estivesse. É um meio fechado. É difícil, as propostas são escassas, é um universo à parte, as equipas em cinema são mais reduzidas e o ritmo do cinema é diferente do da televisão”, asseverou.

Quanto à sua relação com o público, Gonçalo Babo assumiu que o seu trabalho começa a  reconhecido, também, pela comunidade lousadense e não só.

“Até a minha personagem aparecer na novela, achava que esta não ia ter muita influência nas pessoas, mas a personagem evoluiu e as pessoas começaram a olhar-me como uma figura modelo, as pessoas identificam-se com o meu trabalho, passaram a valorizar-me”, avançou, sustentando querer continuar a evoluir e a superar-se.

“Há projectos independentes muito bons que mereciam ser apoiados e divulgados porque são estes que precisam de força, porque os projectos com famosos vendem-se facilmente”

O actor enalteceu, também, o trabalho cultural da Câmara Municipal de Lousada, reconhecendo, que neste domínio, a vila é um exemplo de sucesso na região do Vale do Sousa, conhecido a nível nacional, admitindo, no entanto, que há sempre espaço para crescer mais.

“Lousada está a crescer do ponto de vista cultural. O trabalho realizado está a ser reconhecido por vários actores nesta área, com uma nova dinâmica e isso agrada-me”, vincou, manifestando que as propostas acrescentam valor, sendo, no entanto, necessário dar oportunidade a outras propostas e projectos.

“É preciso acolher espectáculos independentes. Não me refiro ao Folia e ao Foliazinho, dois festivais que são já uma aposta ganha e que não necessitam de ter actores ou actrizes famosos para vingarem porque valem por si e têm já um público fidedigno. Agora, há projectos independentes muito bons que mereciam ser apoiados e divulgados porque são estes que precisam de força, porque os projectos com famosos vendem-se facilmente”, declarou.

Gonçalo Babo realçou, também, o trabalho que a autarquia tem realizado ao nível da formação cultural do público escolar, no sentido de formatar os mais novos e conferir-lhes instrumentos e ferramentas que lhes permitam encarar a representação de outra forma.

“Já fiz, também, uma proposta à Câmara de Lousada com a Caixa de Palco, trazendo espectáculos a Lousada. O projecto de que faço parte tem espectáculos para os diferentes ciclos de ensino, desde o pré-escolar ao primeiro ciclo, do segundo ciclo ao Secundário. As obras retratadas são do Plano Nacional de Leitura, são textos pedagógicos que motivam e sensibilizam os mais novos para o teatro e as outras formas de expressão artística”, concretizou, esclarecendo que está a aguardar que a autarquia dê o seu aval.

Quanto a um possível regresso a Nova Iorque, o actor confidenciou que não está excluída a possibilidade de voltar aos Estados Unidos.

“Quero voltar, dar aulas, explorar novas técnicas e conceitos. Saí de Nova Iorque, mas com o sentido de que tinha de voltar e há muito para descobrir e fazer nesta cidade que é verdadeiramente frenética do ponto de vista cultural”, declarou.

Questionado sobre a ausência de propostas culturais e as dificuldades que existem para quem quer seguir a representação em Portugal, o actor lousadense esclareceu que a ideia de que primeiro é preciso ser conhecido no estrangeiro para depois fazer sucesso em Portugal está longe de ser uma verdade absoluta.

“Frequentar o Strasberg Theatre and Film Institute permitiu-me adquirir novas técnicas e assimilar novos conhecimentos, mas existem jovens que conseguem singrar em Portugal e existem excelentes actores e actrizes no país”, confessou.

Diogo Infante, Fernanda Serrano, Dalila Carmo, Jani Zhao, a Bárbara Branco, estão entre os actores predilectos e que mais têm influenciado a carreira do jovem lousadense.