Acidente nuclear de Chernobil, na Ucrânia

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QuercusHoje, dia 26 de abril, passam 30 anos sobre o acidente nuclear de Chernobil, na Ucrânia, que em 1986 fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS.

A história tem mostrado que é muito difícil de prever o desenrolar de acontecimentos como os ocorridos em Chernobil e que a gestão das centrais nucleares e dos resíduos aí produzidos, que têm de ser mantidos milhares de anos, é uma herança com futuro incerto legada às gerações vindouras.

A Quercus associa-se mais uma vez à exigência de várias organizações espanholas para que seja encerrada a Central Nuclear de Almaraz. Esta Central, localizada a cerca de 100km da fronteira e junto ao rio Tejo, continua a revelar-se como um potencial perigo para toda a região transfronteiriça dado que já ultrapassou o seu período normal de funcionamento e, não obstante, viu prolongado em 10 anos o seu período de actividade.

Existe um risco preocupante com as centrais nucleares espanholas na medida em que nem todos os factores de risco foram considerados nos testes efectuados. Com efeito, não estão contemplados os riscos de agressões externas (atentados, quedas de aeronaves, etc.) nem são considerados os riscos em caso de acidentes naturais (sismos, inundações, etc) e os sistemas externos de gestão de socorro às centrais nucleares (bombeiros, guarda civil, etc).

A título de exemplo, o risco sísmico no “stress test” à central de Almaraz efetuado pelas autoridades espanholas está claramente subavaliado e só foi analisada a resistência sísmica para sismos equivalentes aos que ocorreram entre 1970 e a atualidade. Pelo contrário, não foi analisada a possibilidade de ocorrerem sismos com uma grande magnitude, que atinjam com uma intensidade significativa a Central, como foi o caso do sismo de 1755, ou do que teve o epicentro em Espanha em 1954, com magnitude de 7,9.

É fundamental olhar para o nuclear como um todo: os problemas estão no início do ciclo, nas explorações de urânio que causam problemas ambientais e de saúde graves em todo o mundo. Em Portugal várias décadas após o fim da exploração deste minério, sobretudo na zona centro do país, os problemas não foram completamente diagnosticados e por isso estão ainda longe de estar resolvidos. Existem mais de sessenta minas abandonadas que continuam a poluir a água e os solos e a afectar as populações vizinhas.

No final do ciclo também ainda não se conhece um destino estável e seguro a dar aos resíduos nucleares, que se mantêm potencialmente nocivos durante muitos anos, sendo que alguns elementos mantêm a sua radioactividade durante milhares de anos. O fabrico de bombas atómicas e de armas contendo urânio está também intimamente associado à energia nuclear e é um perigo que continua a pairar sobre a humanidade e o planeta Terra, sendo urgente a eliminação de todo este tipo de armamento para um mundo de paz.

A opção pela fissão nuclear é contrária ao princípio da precaução e põe em causa a norma ética da equidade transgeracional, sendo que à luz dos actuais conhecimentos, esta opção não é uma solução energética aceitável devido aos seus impactes no ambiente e na saúde humana. Neste dia simbólico, em que assinalaram os 30 anos sobre o acidente nuclear de Chernobil, é pois importante continuar a alertar para os riscos que esta forma de energia comporta, para que Portugal e o mundo estejam livres do perigo do nuclear.