Francisco Coelho da RochaÀ mulher de César não lhe basta ser séria… Se há local onde a política mais se assemelha aos fenómenos do Entroncamento, esse local é Paredes. Em pouco mais de uma semana, aconteceram vários episódios caricatos. O primeiro começou com um tiro no pé do vereador socialista Alexandre Almeida. O PS e a CDU propuseram uma auditoria às contas da Junta de Freguesia de Cete, que é liderada pelo PSD. Até aqui, não há nada de anormal: a auditoria é um instrumento útil e que deve ser usado, principalmente depois de se saber que essa mesma Junta de Freguesia, entre outras irregularidades, tinha emitido vários cheques sem provisão. Isso é que não é normal. O problema é que a empresa escolhida para fazer a auditoria é propriedade do referido vereador do PS. É mais ao menos como se o Benfica fosse jogar com o Sporting e o árbitro fosse o Jorge Jesus. Não há que duvidar da seriedade de Alexandre Almeida enquanto auditor, mas não parece correcto ficar associado a uma operação desta natureza. Em política, estes erros pagam-se caro.

Defender o concelho ou a honra? No sábado passado, realizou-se uma sessão da Assembleia Municipal de Paredes. O assunto mais importante foi a discussão e aprovação do Orçamento para 2016. Quem já assistiu a estas reuniões presididas por Granja da Fonseca sabe que têm tudo menos a dignidade que lhes é exigida. A última não foi excepção. No período de antes da ordem do dia, os presidentes de junta eleitos pelo PSD inscreveram-se todos para fazer a defesa do presidente da Junta de Cete e aproveitar para atacar o vereador Alexandre Almeida. No entanto, alguns deles excederam-se nos termos em que o fizeram e acabaram por o ofender. É certo que os vereadores só têm direito à palavra se o Presidente da Câmara autorizar, mas quando se trata da defesa da honra, como foi o caso, cabe ao Presidente da Assembleia Municipal permitir que o ofendido se defenda. Granja da Fonseca não autorizou e os vereadores e a bancada do PS abandonaram a sessão. Sendo compreensível a indignação dos socialistas, foi esquecido, no entanto, o que deveria ter sido o mais importante da reunião. O que acabou por acontecer foi que, pela primeira vez, o Orçamento Municipal foi aprovado sem um único voto contra. Reagir a quente tem destas coisas…

Provar do próprio veneno. Há poucos anos, Elias Barros e Joaquim Neves compraram dois jornais locais e usaram-nos para fazer oposição a Celso Ferreira. Muitas foram as vezes em que os conteúdos aí produzidos se aproximaram mais de uma espécie de terrorismo jornalístico do que de uma leal oposição política. Entretanto, um desses jornais foi encerrado e o outro ficou apenas nas mãos de Joaquim Neves. O mesmo Joaquim Neves, agora, anunciou que será candidato à liderança do PSD-Paredes. Por seu lado, o PS entende que todas as notícias actuais que lhe são menos favoráveis são fruto daquela violenta estratégia editorial usada no passado. Na segunda-feira, durante a conferência de imprensa do PS, Elias Barros, agora presidente da Junta de Freguesia de Rebordosa, disse o seguinte: “Joaquim Neves tem usado o [seu] jornal para atacar-me a mim e ao Alexandre Almeida. Sinto-me perseguido! É vergonhoso apoderar-se de um jornal para se promover!” É verdade: é mesmo vergonhoso usar um jornal para se autopromover ou para mover perseguição a alguém. Mas não passou a ser vergonhoso agora. É-o desde sempre, até no tempo em que Elias Barros era co-proprietário dos dois jornais.