Quando o PSD de Paredes parecia ter batido no fundo, descobre-se que, afinal, havia um alçapão que conduzia a um nível inferior. Vem isto a propósito do último plenário de militantes daquele partido.

Na agenda dessa reunião não havia nenhum tema polémico e o plenário serviria para que um dirigente nacional explicasse a posição do partido sobre o Orçamento do Estado. Isto antes de Armando Costa, o vice-presidente da Comissão Política Concelhia (CPC), ter usado da palavra para uma distribuição generosa de acusações e ofensas.

O primeiro alvo foi a JSD, que, na sua opinião, “não serve para nada a não ser para arranjarem tachos”. Mais à frente, entre uma dúzia de vitupérios, sugeriu que os membros da anterior Comissão Política fossem expulsos de militantes. Instado por um elemento do plenário a confirmar se seria mesmo isso que queria dizer, reafirmou-o: pretendia a expulsão dos membros da anterior CPC.

Sendo Armando Costa conhecido pelo seu estilo truculento, já não se estranha o tipo de discurso. O que é de estranhar é que o actual presidente do PSD de Paredes não se tenha demarcado destas afirmações.

Primeiro, se tivermos em conta a actuação do actual presidente e do vice-presidente durante o período que antecedeu as eleições autárquicas, perceberemos que as afirmações são de uma injustiça tremenda; segundo – e mais grave ainda –, os vereadores do PSD na Câmara Municipal de Paredes eram os membros da anterior Comissão Política. Ora, afirmar que os membros da anterior CPC devem ser expulsos de militantes do PSD é dizer que eles não representam o partido, ou seja, é afirmar que três dos quatro vereadores da Câmara Municipal de Paredes eleitos pelo PSD não representam o partido.

Parece-me que, perante a gravidade das afirmações, só há dois desfechos possíveis: a actual Comissão Política assumir publicamente a confiança nos vereadores e mostrar que não se revê na intervenção do seu vice-presidente, ou os vereadores deixarem de representar o PSD e assumirem o mandato a título pessoal.

Nesta altura, o presidente da Câmara Municipal de Paredes, eleito pelo PS, deve estar a pedir a Deus que dê muita saúde à actual Comissão Política do PSD e os anime a manterem-se à frente dos destinos do partido até às próximas eleições autárquicas.