Por diversas vezes, neste mesmo espaço, escrevi sobre a importância das oposições. Para além de garantirem a possibilidade de alternância no poder, as oposições são a garantia de que o Estado respeita e preserva os direitos fundamentais dos cidadãos. Embora sejam forças opostas, Governo e oposição complementam-se.

Por isso, exigir que a oposição desempenhe o seu papel é quase tão importante como pedir ao partido do poder que governe com rectidão e de forma ponderada.

Ora, há mais de dois meses que Portugal está sem uma oposição séria. Rui Rio, o líder do Partido Social Democrata, umas vezes descampa e outras aparece para dizer umas coisas avulsas, mas que não se coadunam com o papel de líder da oposição. A única coisa de relevante que Rui Rio fez nestes últimos meses foi avançar com processos em tribunal contra os candidatos autárquicos do seu partido que fizeram gastos excessivos na campanha eleitoral de 2016. É certo que é necessário responsabilizar as pessoas que gastam a mais do dinheiro que não é delas, mas será essa o primado do PSD?

Tivesse Rui Rio capacidade para liderar a oposição e não teríamos tantos disparates nas notícias. Se Rio fosse um líder da oposição, estaria a perguntar ao PS porque é que os habitantes de Vila Real têm que subsidiar os transportes públicos dos lisboetas. Se Rio tivesse a arte da liderança estaria a perguntar ao Governo porque é que vai oferecer 50 por cento de desconto no IRS a quem saiu de Portugal durante a crise e porque é que os que ficamos cá – e aguentamos como pudemos – não temos direito a tal desconto.

Se Rui Rio tivesse interesse em enfrentar o Governo teria exigido saber o que aconteceu ao dinheiro que os portugueses e a União Europeia doaram para as vítimas de Pedrogão Grande e, certamente, teria exigido a demissão do Ministro que geriu este assunto.

Se Rio não tivesse antecipadamente assumido o papel de perdedor estaria a questionar a trapalhada a que chegou a ferrovia nacional e as más opções tomadas pelo actual Ministro.

Com o Partido Socialista refém dos dois partidos de extrema-esquerda e uma posição agonizante, os direitos fundamentais dos cidadãos podem estar em risco.