Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Preciso mesmo de ajuda”, escreveu o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, que inclui o Hospital Padre Américo, em Penafiel, num e-mail enviado esta segunda-feira de manhã à Administração Regional de Saúde do Norte e à ministra da Saúde onde pede médicos de clínica geral para as urgências.

Segundo o jornal Público, que teve acesso ao documento, Carlos Alberto Silva dizia ter em internamento 210 doentes Covid-19, dos quais 10 nos cuidados intensivos. “Já tenho 30 internados na urgência outra vez e hoje é segunda-feira”, ia-se no e-mail. “Se tiverem médicos de clínica geral que possam vir fazer urgência era bom porque tivemos aqui alguns positivos que fragilizaram as escalas e está complicado”, acrescentava o administrador. A RTP avançou ontem que há mais de 100 profissionais infectados ou em isolamento e que a urgência já não consegue dar resposta ao número de doentes.

O Observador acrescenta que o e-mail foi reencaminhado pelo presidente da ARS do Norte para os directores executivos dos agrupamentos de centros de saúde e que esta entidade, contactada pelo jornal, diz que o pedido será satisfeito em breve.

O número de internamentos por Covid-19 no Hospital de Penafiel continua a subir. Fonte hospitalar refere que hoje são já 235 internados, 11 em cuidados intensivos.

Recorde-se que o CHTS está sob pressão desde que os números de infectados na região começaram a aumentar, sobretudo em Paços de Ferreira e Lousada, mas agora em todo o Tâmega e Sousa. Mais de 40 doentes já foram transferidos para outras unidades do país.

No final da semana passada o CHTS, que serve mais de 500 mil habitantes, emitiu um apelo, sustentando que o hospital já concentrava 10% de todos os internamentos Covid-19 no país.

“Os números do crescimento de infecções das últimas semanas atingem valores muito preocupantes e devem merecer uma atenção redobrada de todos para que se consiga manter alguma vida social e económica sem necessidade de um novo confinamento que ninguém deseja”, dizia o comunicado assinado pelo presidente do conselho de administração do CHTS. “Para que alguns comportamentos irresponsáveis não sejam factor de pressão desmesurada sobre os diferentes serviços de saúde, apela-se ao esforço de todos para cumprir as recomendações já sobejamente divulgadas: uso da máscara, lavagem das mãos, ter em atenção a etiqueta respiratória e o distanciamento social. O CHTS tem estado nestas últimas semanas sobre uma pressão tremenda, com uma injusta sobrecarga de trabalho dos seus profissionais, devido à elevadíssima concentração de casos positivos nesta região”, admitia.