Realizar sessões de fisioterapia e actividade física, incluindo dança, para adultos com deficiência e dependência, e acções de informação e sensibilização para pessoas com deficiência, familiares e cuidadores informais sobre a importância da actividade física e exemplos de treino funcional para realizarem no domicílio é o grande objectivo do projecto “Caminhando para a inclusão”. A proposta na área do desporto inclusivo, apresentada por penafidelenses e que vai ser implementada em Penafiel, Lousada, Paredes e Felgueiras, foi a grande vencedora do Orçamento Participativo Jovem Portugal 2018, sendo o projecto mais votado.

O apoio conseguido é de 30 mil euros. Para já a proponente, Márcia Gomes, e a grande impulsionadora da candidatura, Elisabete Rocha, ambas ligadas ao Centro Social e Paroquial de Santo Estêvão de Oldrões, em Penafiel, ainda não sabem quando poderá arrancar e aguardam os próximos passos do projecto.

Sentiam a lacuna de um projecto nesta área

Foi Elisabete Rocha, de 37 anos, natural de Rio Mau, quem lançou o desafio a Márcia Gomes, de 28 anos, também de Penafiel. São ambas funcionárias do Centro Social e Paroquial de Santo Estêvão de Oldrões, a primeira directora técnica, a segunda animadora socio-cultural há cinco anos.

Já sentiam a lacuna de um projecto de desporto inclusivo junto dos seus utentes e quando Elisabete ouviu falar do Orçamento Participativo Jovem a nível nacional achou que valia a pena arriscar.

Márcia Gomes assumiu-se como proponente de uma ideia que pretende servir o concelho de Penafiel, mas também os de Lousada, Paredes e Felgueiras.

O projecto tem duas áreas distintas, explica: “actividade física e fisioterapia, que inclui a dança como forma de inclusão e formação para os cuidadores informais”. “Quem está em casa muitas vezes não sabe que tipo de exercícios pode desenvolver com adultos com deficiência e dependência. É importante estimular a parte física e mental”, acrescenta.

Como se lê na proposta, o objectivo é ter actividades de expressão corporal (dança e música) de forma a estimular a consciência corporal, criatividade, socialização, comunicação e autonomia de todos os participantes. Já na dimensão terapêutica a meta é realizar um trabalho preventivo com sessões de fisioterapia e actividade física, “trabalhando a força muscular, exploração dos limites articulares e controlo do movimento voluntário”. “O objectivo é a manutenção da capacidade funcional e da autonomia”, referem as autoras do projecto.

Na prática isso passará por ter uma equipa “a desenvolver os exercícios junto dos utentes e ir até às pessoas porque elas muitas vezes não se podem deslocar”, tendo ainda, por exemplo, grupos de proximidade a trabalhar localmente em sessões semanais. A formação será aberta à comunidade.

Sobre quantas pessoas o projecto poderá beneficiar ainda há incertezas. “Em Penafiel existe muita gente referenciada e as necessidades são conhecidas, mas ainda temos que perceber a realidade dos outros concelhos”, afirmam Elisabete Rocha e Márcia Gomes.

Foram o projecto mais votado, mas isso exigiu esforço

A candidatura foi realizada em Setembro do ano passado e as votações decorreram de Outubro a Dezembro. “O mais difícil na candidatura foi dizer muito em pouco espaço. Tivemos que sintetizar muito para cumprir os requisitos”, recordam.

Depois, não escondem que a vitória não veio sem esforço. Fizeram praticamente uma campanha porta a porta. “Houve um grupo muito grande de pessoas que nos ajudou com a votação, desde as nossas funcionárias, a direcção, os utentes e os familiares. Fomos apresentar o projecto a vários locais, sobretudo junto dos jovens que era quem podia votar. Fomos a associações desportivas e juvenis, a escolas, a bombeiros… a tudo o que tivesse juventude”, confessam.

O projecto foi o mais votado a nível nacional. Obteve 810 votos, sendo que o segundo mais votado, dos sete premiados, se ficou pelos 685 votos. Isso foi um orgulho acrescido, afirmam. “Valeu a pena o esforço e dedicação. Fomos muitas vezes a locais à noite a apelar ao voto”, recordam as proponentes.

A ideia vai receber 30 mil euros de apoio para ser posta em prática durante um ano. “É pouco para o que tínhamos em mente. Tínhamos orçado em 50 mil euros. Vamos ter que fazer adaptações”, lamenta Elisabete Rocha.

Agora, estão a aguardar notícias da organização para saber quais os próximos passos. Acreditam que haverá abertura do gGverno para ajudar com parcerias. “Os projectos vencedores do ano anterior ainda estão agora a ser colocados em prática”, dizem, não sabendo quando é que este poderá ir para o terreno.

Esta não foi a primeira vez que o Centro Social e Paroquial de Santo Estêvão de Oldrões apostou num orçamento participativo. Em 2016 candidatou-se ao de Penafiel e venceu, conquistando uma carrinha adaptada para portadores de deficiência.

O Centro Social e Paroquial de Santo Estêvão de Oldrões tem cerca de 140 utentes distribuídos por lar, centro de dia, apoio domiciliário e creche. Serve as freguesias de Oldrões, Cabeça Santa, Valpedre, Termas de São Vicente e Galegos.

O Orçamento Participativo Jovem de Portugal é “um processo de participação democrática no âmbito do qual os cidadãos com idades entre os 14 e os 30 anos podem apresentar e decidir projectos de investimento público”, refere o Governo. A primeira edição, realizada em 2017, contou com “uma significativa adesão de participantes, o que justificou a aumento da dotação global do processo de 300 para 500 mil euros”, explica a mesma fonte.

Em 2018, as propostas a apresentar tinham que ser nas áreas do desporto inclusivo, diálogo inter-geracional, inovação cultural e sustentabilidade ambiental, tendo uma dotação máxima de 100 mil euros e não podiam implicar a construção de infra-estruturas, tendo, necessariamente, que beneficiar mais que um município.