Alguns dos elementos que agora vão constituir a associação quando foram, em Fevereiro do ano passado, à Assembleia da República assistir à apreciação da petição

Será formalizada, na próxima semana, a Associação Profissional dos Trabalhadores das Pedreiras, criada por trabalhadores penafidelenses.

A entidade nasce na sequência da petição realizada, por alguns desses trabalhadores, reivindicando que a profissão de pedreiro fosse considerada de desgaste rápido. A medida que permite aos trabalhadores das pedreiras aceder ao regime de reformas antecipadas, equiparando-os aos trabalhadores das minas, foi aprovada, no final do ano passado, na Assembleia da República e inserida no Orçamento de Estado para 2019.

No passado dia 1 de Fevereiro, explica Manuel Teixeira, que vai presidir à Associação, várias dezenas de trabalhadores das pedreiras juntaram-se nas instalações da Junta de Freguesia de Peroselo, em Penafiel, e resolveram que a melhor forma de se fazerem ouvir perante as entidades competentes seria através da criação da Associação Profissional dos Trabalhadores das Pedreiras.

O objectivo é “apoiar, promover e defender os interesses, necessidades e direitos dos trabalhadores das pedreiras, bem como sensibilizar, junto das entidades competentes e da sociedade em geral para o impacto na qualidade de vida dos problemas de saúde significativos com que muitos dos trabalhadores se deparam, as suas dificuldades nas actividades do dia-a-dia, a nível pessoal, profissional, social, económico e familiar”.

Na mesma reunião, foram eleitos os órgãos sociais e definidos os estatutos. Manuel Teixeira vai presidir à associação, que terá como tesoureiro José Manuel Silva e Secretário Luís Oliveira.

É que, diz o presidente, ainda há muitas lutas a travar, “contra a precariedade, os baixos salários e os horários excessivos” destes trabalhadores. “São demasiadas horas consecutivas de trabalho para quem tem problemas”, descreve. Ele próprio trabalha há 40 anos nas pedreiras e está à espera da reforma. “Tenho silicose, problemas de coluna e de audição. Neste trabalho não deve haver ninguém que não tenha uma doença associada”, queixa-se Manuel Teixeira.

“Há coisas que ainda não estão bem resolvidas. Foi aprovado o acesso à reforma antecipada, mas ainda há o factor de sustentabilidade” que penaliza estes trabalhadores, explica.

Sendo associação terão outra voz para reivindicar, por exemplo, mais médicos pneumologistas na região para serem atendidos de forma mais célere. “Quando metemos papéis para pedir apoios por incapacidades causadas por problemas nos pulmões ou audição esperamos dois e três anos. Alguns quando chega a resposta já faleceram”, lamenta.

Manuel Teixeira salienta ainda que os trabalhadores estão cada vez mais envelhecidos porque a profissão não é atractiva. “Não há grandes jovens a vir para esta profissão devido ao desgaste que provoca e porque se ganha pouco. A maioria dos trabalhadores terá 40 anos ou mais”, diz.