Paços de Ferreira: Rastreios “fraudulentos” para vender colchões

Pessoas foram contactadas por telefone para um alegado rastreio do Centro de Saúde de Paços de Ferreira

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Habitantes de Paços de Ferreira terão recebido telefonemas a ser convocados para um rastreio do Centro de Saúde de Paços de Ferreira que estaria a decorrer nas instalações da Associação Empresarial do concelho. Quando lá chegaram, depois dos exames, tentaram vender-lhes colchões.

Tudo terá acontecido no final da semana passada, mas só esta semana chegaram as primeiras queixas ao centro de saúde, com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Tâmega III – Vale do Sousa Norte a negar que tenha realizado qualquer rastreio. Também a Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF) se demarca do que terá acontecido na sua sala que foi alugada por uma empresa (da qual para já não divulgaram o nome) por apenas duas horas.

Ambas as entidades desconhecem o número de pessoas abordadas e quantas poderão ter adquirido os produtos.

ACES e AEPF apanhados de surpresa

“Foram contactados por telefone e diziam que eram do Centro de Saúde. Somos totalmente alheios a esta situação. É uma fraude o que estão a tentar fazer às pessoas”, alerta Hugo Lopes, director executivo do ACES Tâmega III – Vale do Sousa Norte. Segundo as queixas que chegaram à unidade de saúde, os utentes eram aliciados no final a comprar um colchão. “Foi um rastreio fraudulento para aliciar as pessoas à compra de serviços”, clarifica.

Hugo Lopes deixa ainda um esclarecimento. “Os rastreios promovidos pelos centros de saúde têm sempre uma carta de chamada. Só depois, mais perto da data, as pessoas são contactadas telefonicamente para recordar”, explica. “Nós só fazemos cinco rastreios universais a grupos chave, do cancro do colo do útero e cancro da mama, do colon e do recto e à retinopatia diabética e à saúde visual infantil”, diz o director executivo do ACES, afirmando que pelas informações que lhes fizeram chegar, estas pessoas terão sido alegadamente convocadas para rastreios cardio e cérebro-vasculares.

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Contactado, o director executivo da AEPF confirma que o espaço terá sido alugado por uma empresa, por duas horas, no final da semana passada, mas sustenta que a associação não tem conhecimento do que acontece nos espaços que cede. “Na AEPF alugamos salas a dezenas de empresas e instituições para fazerem divulgação de produtos e acções de formação. O que se passa nas salas não nos diz respeito. Só soubemos agora e fomos apanhados de surpresa por esta situação”, refere João Pedro Begonha. Segundo o dirigente, a mesma empresa contactou já, posteriormente, a AEPF para novo aluguer que já foi recusado.

João Pedro Begonha lembra que é comum este tipo de empresas alugarem espaços a instituições com bom nome, como bombeiros e cruz vermelha, para que as pessoas caiam no engano.