Francisco Coelho da RochaA Câmara Municipal de Paredes tenciona homenagear Jorge Malheiro, que foi Presidente da Câmara pelo CDS-PP durante 17 anos (19 de Agosto de 1977 a 30 de Dezembro de 1993).

A minha vida cruzou-se por duas vezes com a de Jorge Malheiro: a primeira em 1992, quando trabalhei na elaboração do primeiro Plano Director Municipal de Paredes, e a segunda em 2004, por motivos políticos. Dele guardo a imagem de um homem coerente, firme no que pensa, diz e faz. Jorge Malheiro é um homem de trato simples, mas com modos cavalheirescos.

Quando assumiu a presidência da Câmara Municipal, já vivia na Quinta D’Além, onde continua a residir. Não é conhecido por ter enriquecido durante os seus 17 anos de autarca, nem tão-pouco foi alguma vez acusado de negócios menos sérios. Foi sempre um adepto fervoroso do União Sport Clube de Paredes, mas diz-se que fazia questão de ir ver os jogos fora no seu próprio carro. Se estamos todos sujeitos a que sobre nós se diga tudo, é de justiça que se diga que, durante 17 anos, serviu sem nunca se ter servido.

No seu último mandato, conseguiu que fosse construída uma ligação da cidade de Paredes à Auto-estrada n.º 4. Nessa altura, construiu-se uma rotunda para servir esse acesso e, por unanimidade, os vereadores decidiram atribuir o seu nome a essa rotunda. A proposta foi votada na Assembleia Municipal e o resultado foi o mesmo: os representantes dos partidos votaram por unanimidade que a rotunda à entrada da cidade haveria de chamar-se Jorge Malheiro.

Pouco tempo depois, Jorge Malheiro perdeu as eleições para o PSD e o novo Presidente da Câmara, Granja da Fonseca, na primeira oportunidade, tratou de mudar o nome à rotunda, renomeando-a “Rotunda 25 de Abril”. Na altura, à excepção dos eleitos pelo PSD, ninguém compreendeu a atitude de Granja da Fonseca.

Entretanto, passaram-se mais de 20 anos, o clima de crispação foi-se aliviando e, hoje em dia, provavelmente Granja da Fonseca não teria tido a mesma atitude. Até porque o mesmo Granja da Fonseca aceitou ter ruas e avenidas no concelho com o seu próprio nome.

Por isso, se a Câmara Municipal de Paredes quer mesmo homenagear Jorge Malheiro, a melhor forma de o fazer seria repor o nome original da rotunda. Certamente que o executivo, à semelhança do que aconteceu em 1993, voltaria a votar por unanimidade tal decisão.