A cem dias das próximas eleições autárquicas o concelho de Paredes fervilha. Os vários candidatos, pelo menos cinco, já se veem em tudo o que é evento, feira ou festa popular. Alguns fazem-no de forma discreta. A sua presença nesses locais acompanhados por alguns dos seus mais conhecidos apoiantes é nesta altura o bastante. É tempo de mostrar o seu interesse pelos problemas da comunidade e de apontar o que pode ser corrigido. Outros fazem-no de forma ruidosa, festivaleira e em grandes grupos, com bandeiras de campanha e apelando ao voto a quem passa. O candidato do PSD ou da continuidade do regime continua a antecipar-se aos demais. Rui Moutinho, funcionário da Câmara Municipal de Paredes é agora o seu representante oficial para tudo o que é evento popular. Foi assim no júri das marchas populares. É assim ao levar o lanche aos peregrinos das diferentes freguesias a Fátima nos passeios patrocinados pelo executivo que o propôs e apoia. Quem tem o apoio do poder instituído tem destas vantagens. A data oficial para abertura da pré campanha foi em 1 de Abril de 2017. No início de Março plantou mais de cem outdoors com a sua imagem e slogan eleitoral. A cem dias das eleições já mudou as lonas e não será a última vez que o faz. Desta vez a antecipação não é original porque os textos escolhidos são uma cópia fiel das medidas anunciadas em 2013 pelo seu mais direto adversário Alexandre Almeida. “Baixar o IMI para a taxa mínima” é uma proposta do PS que tem mais de oito anos. “Pagar os manuais escolares até ao 12º ano” foi uma das propostas de Alexandre Almeida na sua campanha de 2013. Recordamos que essas propostas foram sempre recusadas e até ridicularizadas pelo PSD por serem consideradas impossíveis de aplicar. Agora são slogans prioritários e antecipados. Em tempo de guerra não se limpam armas mas não vale tudo. Os outros candidatos também já se apresentaram publicamente. Já têm cartazes e slogans mas percebe-se que as capacidades de investimento são diferentes. Dizem as regras que apenas se podem gastar em cartazes 25% da despesa de campanha. É só fazer as contas e perceber como estamos de finanças. Alexandre Almeida, candidato do PS, deu uma entrevista à imprensa para falar de como deverá ser a governação na Câmara Municipal para diminuir custos de manutenção e continuar a pagar a dívida. Falou de diversos processos que pretende modificar mas o que surpreendeu os jornalistas, e quem mais teve conhecimento, foi a apresentação de propostas triviais e óbvias de que ninguém discordará. Onde está a novidade? São três as principais ideias: 1. Investir em obras públicas tendo em conta as prioridades estabelecidas pelo executivo com a colaboração dos paredenses através da sua representação nas juntas de freguesia e a sua relação custo-benefício; 2. Preferência por administração direta das obras que possam ser realizadas pela Câmara Municipal, diminuindo o recurso a serviços externos; 3. Entrega da administração das obras nas freguesias aos seus autarcas partilhando recursos locais e os meios colocados à sua disposição pela Câmara Municipal. Aquilo que parece ser óbvio e de outra maneira seria impensável é tudo o que não tem sido feito pela atual governação. Em Paredes será uma novidade. É um conjunto de medidas simples, lógicas, comuns nas autarquias com maior sucesso e com provas dadas na nossa vizinhança. São medidas mais económicas do que a sujeição ao mercado liberal e às suas condições de contratualização, como tem sido a prática. Aquilo que parece ser simples e óbvio em qualquer outra parte do país, será mais difícil em Paredes. Terão que ser adquiridos recursos, oficinas e máquinas, que nos últimos anos foram sendo alienados ou abandonados pelo atual executivo que sempre preferiu contratar fora. Mas é altura de impor uma mudança.

Se tivesse havido o respeito pela prioridade teríamos uma maior cobertura de saneamento e de distribuição de água pública. Talvez ainda tivéssemos Serviços Municipalizados de Água e Eletricidade. Se tivessem sido acautelados os investimentos, tendo em conta o benefício e o custo, talvez não tivéssemos os edifícios escolares tão caros mas teríamos outros mais funcionais e com menos custos de manutenção. Se tivéssemos a participação de todas as freguesias na partilha do orçamento camarário não teríamos a desigualdade na distribuição de obras, tal como foi denunciado ao longo deste mandato por alguns dos presidentes de junta, nomeadamente aqueles que não partilhavam a mesma tendência politica. Não há dúvida que uma mudança é necessária e consensual e todos os candidatos a anunciam. Cada um à sua maneira.