A função de quem ocupa um lugar de oposição, em qualquer tipo de instituição democrática, reveste particular importância pois a sua acção será o garante de que o nosso sistema/regime se encontra a funcionar na plenitude. A proximidade com a população, a capacidade de manter uma visão alargada para a célula territorial em causa e o discernimento para exercer uma acção fiscalizadora eficaz são características que qualquer pessoa, organização ou partido deverá possuir para exercer esta função.

O PSD de Paços de Ferreira (e eu, em particular) perdeu as eleições autárquicas em Outubro de 2017. Nessa mesma noite, para além de cumprimentar o partido vencedor (a “talho de foice”, gesto que não foi retribuído), assumi desde logo que não abandonaria a função para a qual a população de Paços de Ferreira me decidiu indicar: Vereador da oposição, acompanhado pela Dra. Célia Carneiro. Mas mais, entendi (a contragosto da minha família!) que deveria ir um pouco mais além: juntar na mesma pessoa o primeiro eleito para a Câmara Municipal e o Presidente da Comissão Política do maior partido da oposição. Esta decisão tem por base a crença de que é uma condição importante para que a oposição seja mais acutilante, proactiva, rápida a reagir e, consequentemente, o garante de um regime democrático saudável, corajoso e focado no futuro da nossa terra.

É com este objectivo que o PSD se tem movido nos últimos meses: apontar o dedo sempre que entendemos que algo não está de acordo com a nossa visão para o concelho e, nos momentos que consideramos oportunos, apresentar propostas para que, em nossa opinião, consigamos contribuir para que o futuro da nossa população seja mais risonho. Só para o Orçamento Municipal do ano de 2018 apresentamos mais de 15 propostas ao Sr. Presidente da Câmara não tendo nenhuma delas sido acolhida.

Para que não haja dúvidas: as nossas intervenções, seja na comunicação social, nas redes sociais e nos fóruns políticos (Executivo Municipal ou Assembleia Municipal ou de Freguesias) foram, são e serão sempre, de âmbito político. É fácil de comprovar esta afirmação (e já agora comparar com o comportamento que a maioria socialista tem): basta ler as actas das reuniões de Executivo Municipal.

Posto isto, após uma intervenção da responsabilidade do PSD num assunto que nos preocupa há já vários meses, como poderá ser comprovado nas diversas acções que tivemos neste âmbito (por exemplo, apresentei em campanha um Plano de Segurança Rodoviária), fui vítima de um “ataque feroz” ao meu bom nome, perfeitamente descontextualizado e sem ligação nenhuma ao assunto em análise.

A situação é ainda mais grave quando percebi que o ataque é feito tendo por base um assunto no qual não tive nenhuma intervenção, como se pode facilmente comprovar na delagação de competências no início de mandato de 2005-2009. Efectivamente, apesar de ser o Vereador do Pelouro do Ambiente, o dossier da Concessão da Água e Saneamento não me foi atribuído, pelo que não participei em nenhuma reunião ou negociação com a contraparte desse contrato. Mais, o responsável pelo “ataque” ouviu exactamente isso, 15 dias antes, em reunião de Executivo do dia 1 de Março, tal como pode ser comprovado pela acta dessa mesma reunião. Como o estimado leitor terá conhecimento, esta situação mereceu da minha parte uma reacção curta mas obstinada.

Quanto ao resto, os contra-comunicados, contra-queixas-crime ou contra-posts, são veículos de ruido que em nada enobrece o debate político e democrático. Talvez por isso, o PSD de Paços de Ferreira e eu, até hoje (usando a oportunidade que o Verdadeiro Olhar me tem dado de escrever neste espaço) nunca mais nos referiremos a este assunto.

De hoje em diante, na parte que me diz respeito, não mais contribuirei para este ruido. Mas, perante este cenário, e como “quem não se sente não é filho de boa gente”, não consegui ter outro comportamento que não o de passar para o plano jurídico. E é lá que ficarei por agora.