Nos dias de hoje, ouvir falar em “mil milhões” passou a ser rotina. Tudo é alvo de resgate, tudo tem importância e toda a falta de intervenção pode levar a consequências desastrosas. Eu não sou contra resgates e acredito que existem muitas, sérias e boas razões que levem a que o Estado tenha de intervir para salvar uma entidade que, pela sua importância, carece de apoio para se manter.

A questão é que não podemos salvar tudo e todos, sob pena de isso vir a determinar o nosso fim enquanto País ou a bancarrota que, de todo, ninguém deseja. Para acorrer com “mil milhões” aqui, “mil milhões” ali e “mil milhões” acolá, Portugal endivida-se junto dos mercados. E para pagar a dívida pública que não para de aumentar, só há uma solução: impostos!

Os mesmos impostos que nos baixam os rendimentos; os mesmos impostos que deveriam servir para apostar em serviços essenciais (SNS, Escola Pública, etc.) são os mesmos que estão a servir para comprar posições de privados em empresas, resgatar posições acionistas em empresas, encher o buraco deixado pela atuação de alegados criminosos (alegados, sim, porque não conheço um Salgado condenado…), pagar para se ter um banco público objeto de má gestão durante anos…

Muitos “mil milhões” é o que estamos a deixar para os nossos filhos e netos… Negativos! Que eles vão pagar ou não, mas certamente nos culpando do facto de os estarmos a endividar “a torto e a direito” e sem qualquer pejo. É este o futuro que queremos deixar para os que hão-de vir? Ainda vamos a tempo de salvar as contas nacionais? Será o COVID uma oportunidade para, verdadeiramente, procurarmos inverter o ciclo e ponderarmos sobre o que é realmente importante e merece o apoio e a intervenção do Estado? Há “mil milhões” de boas razões para parar e pensar…