Meu caro Donald

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Fernando Sena EstevesSe calhar, devia tratar-te por “Mr. Trump” e por “você”, mas espero que não te importes deste tratamento mais familiar. Devo confessar que numa primeira impressão fiquei admirado por o teu país não ter conseguido apresentar melhores candidatos para presidente dos EUA. Aconteceu-me o mesmo com Ronald Reagan. Apesar de ter ocupado o importante lugar de governador da Califórnia, não dava nada por ele, mas veio a ser um grande presidente. Deixa-me dizer-te de passagem que o nosso Cristiano Ronaldo tem este nome inspirado no desse presidente: nasceu em 1985, a meio do período da presidência de Reagan.

A tua eleição resultou de teres ganho 306 delegados dos vários estados, quando te bastavam 270. A tua opositora ficou-se pelos 232, embora tenha ficado com mais 1% no total dos votos populares. Isto deveu-se sobretudo aos resultados nos estados da Califórnia e de Nova Iorque. Quem não te quer como presidente veio agora requerer a recontagem de votos em locais onde ganhaste por margens pequenas, na esperança de que consigam a escolha da senhora Clinton.

Neste período em que preparas a tua administração, tenho observado com satisfação que tens moderado algumas posições eleitoralistas e que te tens esforçado na melhoria das tuas relações com pessoas que se te opuseram durante a campanha eleitoral. A tua vitória é de qualquer modo um espanto, ao ver como estavam contra ti não só os óbvios adversários do outro partido, mas também as grandes figuras do teu, com a ausência inédita dos anteriores presidentes do teu partido na convenção que te escolheu como candidato republicano. E com a oposição clara dos grandes meios de comunicação, tanto da televisão como da imprensa.

Devo dizer-te que costumo preferir, no teu país, os candidatos republicanos, com cujos valores  me sinto mais próximo do que com os dos democratas. Num aspeto fiquei gratamente impressionado: a tua decisão de escolher juízes para o Supremo Tribunal que tenham dado provas de defender a vida humana.

Também fiquei admirado – e agradado – com esta tua alocução aos católicos americanos, vinda de um episcopaliano, na própria noite da eleição:

Os católicos são uma parte importante da história da América. A América tem sido fortalecida pelo trabalho duro dos católicos. De Nova Iorque à Califórnia, a história dos católicos é realmente única e é uma história grandiosa: desde as marchas pelos direitos civis à educação de milhões de crianças, servindo os pobres e ajudando a definir o movimento pró-vida. Clérigos e leigos católicos, por todo o país, têm dado incontáveis contribuições para o sucesso americano e para a história do sucesso americano. Os políticos de Washington têm sido hostis à Igreja, têm sido hostis aos católicos, têm sido hostis aos membros do catolicismo. A minha Administração  estará lado a lado com os católicos americanos para promover os valores que todos partilhamos como cristãos e como americanos. Deus vos abençoe, Deus abençoe os Estados Unidos da América! Faremos de novo uma grande América!

É com muita sinceridade que te desejo, e ao teu grande país, abundantes bênçãos de Deus, e como “Trump” quer dizer “trunfo”, que sejas um ás do dito para o bem da América e o de todos nós.