Máscara para que te quero

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No nosso país nos últimos tempos tem-se assistido à discussão sobre o uso, ou não, de equipamentos médicos nomeadamente de máscaras faciais por parte da sociedade civil. A posição oficial das nossas entidades de saúde mais concretamente a Direção Geral da Saúde, (DGS), é que o seu uso ainda não é recomendado e que esta tomada de posição segue a mesma linha de orientação por parte das instâncias internacionais como a Organização Mundial da Saúde.

Além-fronteiras, na maior economia do mundo, os Estados Unidos da América, o Centers for Disease Control and Prevention recomenda que toda a população americana use máscara facial mesmo que sejam feitas de tecido e que não cumpram com os requisitos técnicos e de segurança, mas que ainda assim funcionarão, de algum modo, como uma potencial barreira à transmissão do covid19. Concomitantemente, talvez pudéssemos debruçar-nos sobre o que se passou concretamente em quatro países, a China, Japão, Coreia do Sul e República Checa. Em todos eles assistiu-se às medidas de isolamento social, de quarentena, o de realizar o maior número de testes possível, de recomendações incessantes para o cumprimento das medidas de higiene, tal e qual em todos os outros países, mas há um outro denominador comum e exclusivo que poderá eventualmente ser imperioso nesta luta global, a obrigatoriedade do uso de máscara facial. Sabemos hoje que foram e ainda são medidas que lhes permitiu conter e abrandar a já tão famosa curva de novos casos permitindo assim uma resposta adaptativa dos seus sistemas de saúde.

Nós por cá, e tendo por base que o uso de máscara pela população em geral não será uma panaceia, no entanto, temos assistido a comportamentos e à manifestação de opiniões contrárias à posição das nossas autoridades de saúde, por exemplo, do Presidente da República que usa máscara quando vai as compras ou do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas que critica mesmo a ausência dessa recomendação. Recentemente a DGS alargou também a recomendação do uso de máscara a profissionais mesmo quando eles estejam fora das instituições de saúde.

Posto isto e certos que nesta emergência global a procura destes materiais é muito superior à oferta, então, todo o equipamento médico e equipamento de proteção individual disponível deve evidentemente ser adstrito aos profissionais de saúde, forças de segurança, bombeiros ,proteção civil, porém, assistimos também ás noticias que a nossa indústria quis dar o seu contributo e rapidamente se soube reinventar, passando a produzir as tão necessárias máscaras, muitas delas, assumidamente sem as especificações técnicas exigidas mas que ainda assim e segundo alguns estudos, poderiam eventualmente constituir-se como uma útil arma nesta guerra contra este inimigo invisível.

Perante esta inolvidável pandemia e porque estamos em estado de emergência, mas aquando da circulação e contacto social previsto neste estado, por exemplo nas idas ao supermercado, será que não devíamos complementar às demais medidas tomadas o uso de uma máscara? Seguramente que iríamos proteger os outros e os outros também nos iriam proteger.

Nuno Pinho, Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa