Qualquer país desenvolvido tem como prioridades o abastecimento de água e uma rede de saneamento eficazes. Em Lousada, alturas houve em que esta era também uma questão prioritária. Isso mesmo foi o que comprovei quando, há dias, topei com uma entrevista antiga que o ex-presidente da Câmara Jorge Magalhães concedeu ao “Verdadeiro Olhar”. Colocando a questão como um problema e uma das grandes obras do seu mandato, o ex-autarca referia que, dali a dois ou três anos, a cobertura da rede de saneamento estaria perto dos 100%. Estávamos em 2007. Somando três anos (vamos ser generosos), encontraríamos o problema resolvido em 2010. Estamos em 2017. Mas, uma década depois daquela entrevista, continuamos com o problema de ausência de rede de saneamento em várias freguesias, existindo casos em que  não chega aos 50%. Jorge Magalhães falava, convictamente, que pretendia dar a “machadada final na rede de saneamento”. Não deu. O machado que veio a seguir também não se mostrou nada afiado e o problema continua.

Os lousadenses que se deparam com este problema assistem, incrédulos, a uma Câmara que se gaba de boas contas, de proporcionar qualidade de vida aos munícipes, mas não lhes consegue resolver um problema básico, que afeta a qualidade de vida de todos nós. É assim em Cernadelo, a história repete-se em Covas, em Nevogilde, entre outras freguesias. Porquê? A questão impõe-se. E a resposta é simples: porque quem gere a Câmara Municipal de Lousada não quis. Teve outras prioridades.

Teve… Porque nas últimas semanas parece que se lembrou que havia um problema de saneamento para resolver. E o que fez? À pressa, começou a abrir valas, a meter condutas… O que não significa que os munícipes tenham o problema resolvido! Muitas vezes têm é o problema agravado, porque não só continuam sem ligação, como ficam com uma rua sem conserto, com poeira por todos os lados, sujeitos a danificarem as viaturas e mais propensos a acidentes na via pública… Há casos que se prolongam no tempo. São meses e meses de calvário. Porque para este executivo o que interessa agora é começar, mostrar obra.

Mas a situação pode ainda ser mais grave. Temos verificado que, em determinados locais, têm existido problemas na rede de água, nomeadamente o seu rebentamento, o que motiva intervenções morosas, também elas nocivas para os moradores e, sobretudo, dispendiosas para o erário público. Porquê? Muitas vezes é a pressa. Obras feitas sem planeamento, de qualidade duvidosa.

E, assim, o machado continua pouco certeiro. Bate aqui, bate acolá, mas não corta. Usar um machado sem corte não só é ineficiente, mas também é perigoso: ele pode resvalar na madeira em vez de se fixar para um corte preciso. Afiar um machado pode ser necessário, pois uma lâmina afiada e eficiente compensa. Mas, neste caso, percebe-se que já não há solução para este machado. É preciso  mudar!