Há duas semanas que os cerca de 150 trabalhadores da Sioux Portuguesa, empresa de Boim, Lousada, que fechou portas sem aviso prévio, se vão revezando e não arredam pé das instalações da fábrica de calçado, de dia e de noite, com chuva ou sol. Fizeram mesmo uma tenda improvisada com lonas para se protegerem.

Não têm salários em atraso, mas querem salvaguardar o património da empresa e defender os seus direitos, porque há pessoas que trabalham ali há mais de 30 anos.

A insolvência já foi declarada e aguardavam a vinda do administrador de insolvência que está hoje no local a falar com os trabalhadores. Dizem que só saem com os papéis do desemprego e afirmam-se desgastados com esta situação.

“Hoje vieram aqui entregar as carrinhas de serviço e de transporte de pessoal da empresa. Disseram-nos que o administrador da insolvência vem amanhã. Esperamos que isto acabe esta semana”, explicava ontem Maria Moreira, funcionária há 28 anos. Diz-se cansada de toda esta situação, mas confiante de que com a venda do património da empresa, que têm tentado salvaguardar, lhes paguem os direitos. “Estou cansada e desgastada. Já não posso ver isto”, conta, sentada à porta da empresa.

Segundo os funcionários e como confirma uma advogada ligada ao processo, as dívidas da empresa ascendem a 2,5 milhões de euros, a fornecedores e à banca. De fora estão ainda os créditos que serão reclamados pelos trabalhadores.

O Verdadeiro Olhar tentou ouvir a Sioux Portuguesa, mas sem sucesso.