Se já foi ao Hospital Padre Américo, como utente ou visitante, pode já ter-se cruzado com as batas amarelas dos voluntários da Liga de Amigos do Hospital Padre Américo. São eles o rosto mais visível do apoio concedido por esta instituição criada há 25 anos. Mas a Liga é muito mais que isso. Todos os dias apoia centenas de pessoas, com lanches, ajudas técnicas e alimentação e vestuário para utentes e famílias carenciadas.

Este sábado comemoraram o aniversário com uma sessão solene em que 17 voluntários estagiários passaram a efectivos e em que foram distinguidos com um diploma de mérito os voluntários com 25 anos de serviço.

No total, a Liga de Amigos do Hospital Padre Américo conta com cerca de 150 voluntários.

Voluntariado é o “braço armado” da Liga, mas há mais

A Liga de Amigos nasceu, em 1991, no ainda Centro Hospitalar do Vale do Sousa, que integrava os antigos hospitais de Paredes e Penafiel. “Na altura era director clínico o médico José Freire Soares que achou boa ideia implementar um serviço de voluntariado à semelhança do que já existia noutros hospitais”, conta José Manuel Oliveira, secretário da Liga. Recebeu, na altura, muitos voluntários que, sendo da região, faziam voluntariado no Hospital de São João, no Porto.

O voluntariado sempre foi a parte mais visível da Liga de Amigos do Hospital Padre Américo, o “braço armado” da estrutura: ao todo são 150 os voluntários que, diariamente, apoiam os utentes e famílias. Mas o seu objectivo é mais vasto e passa pelo apoio social aos utentes do hospital e pela realização de iniciativas que promovam a saúde e o bem-estar do doente.

E são muitas as actividades desenvolvidas. Começaram por equipas os serviços religiosos do Hospital e é a Liga que dinamiza a visita Pascal e também a distribuição de prendas às crianças da Pediatria, no Natal. A festa de Natal do hospital também é da sua responsabilidade. Colaboram sempre com o Dia Mundial da Diabetes, que foi assinalado no domingo, com actividades desportivas.

Dá apoio alimentar diário. Desde o lanche no serviço de Psiquiatria, à distribuição gratuita, aos utentes da urgência e das consultas, de bolachas, chá, água e leite.

No âmbito dos equipamentos, foi também esta instituição que, ao longo dos anos, equipou as várias enfermarias e lugares públicos do hospital com televisores. Já ofereceram dezenas de cadeiras de rodas aos serviços e trabalham em colaboração com a equipa de cuidados continuados do Hospital, criada no ano passado, fornecendo ajudas técnicas, como camas articuladas e cadeiras de rodas.

 

Querem criar espaço para dar apoio aos familiares dos doentes

José Manuel OliveiraAlém do voluntariado, uma das colaborações mais visíveis passa pelo Espaço Solidário que, em colaboração com os serviços sociais do hospital, tem como objectivo dar apoio a utentes e famílias carenciadas, com alimentos, vestuário e calçado. Muitas vezes, dão também apoio em dinheiro para transportes, vacinas e medicação. “O valor dos apoios aumenta todos os anos. Há cada vez mais procura”, confessa José Manuel Oliveira, voluntário sem bata amarela e um dos fundadores da Liga.

No futuro, as metas da Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo passam por “continuar a assegurar os serviços e manter a qualidade”.

Além disso, pretendem arranjar um edifício perto do hospital que servirá para dar apoio a familiares de doentes internados ou em tratamento no hospital, que morem em localidades mais afastadas. “Uma espécie de albergue em que quem é de longe possa pernoitar, fazer a alimentação e a higiene pessoal”, refere José Manuel Oliveira.

 

“Uma simples palavra muitas vezes basta para fazer a diferença”

Rosa RebeloDiariamente, são muitos os voluntários que doam um pouco do seu tempo para trazer conforto aos utentes e familiares. Rosa Rebelo, de 57 anos, é uma delas.

É voluntária há cerca de 15 na Liga de Amigos, mas no fundo foi voluntária a vida toda. “Dediquei-me desde muito pequena aos outros. O voluntariado começa em casa, nos vizinhos, nas pessoas que estão ao nosso lado e que precisam. Basta estar atento”, afiança.

Rosa realça que o papel do voluntário, que deve sempre respeitar e ouvir o doente, passa por dar ânimo e ajudar o doente e a família, que muitas vezes também precisa de “um ombro amigo”. São coisas simples: uma conversa, um toque que mostra que não estão sozinhos, uma ajuda na alimentação.

“É bom ver que um rosto, apagado e triste, se ilumina com um sorriso. É o mais gratificante que levo daqui. E não há dinheiro que pague isso. Uma simples palavra muitas vezes basta para fazer a diferença”, garante a voluntária.

Agora, Rosa Rebelo conta com a ajuda de João Pedro e João Manuel, dois jovens estudantes do 2.º ano de Medicina que estão a estagiar no âmbito de uma disciplina de voluntariado. São de Penafiel e garantem que a experiência está a ser boa e “diferente do que já tinham feito”.

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