Disto eu gosto

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Há dias em que cresce em nós um egoísmo quase inexplicável. Tanto quanto possível, nunca o interesse particular do autor destas crónicas se sobrepôs à opinião que sobre cada assunto tem. No entanto, não somos tão ignorantes para esquecer que todo o pensamento é subjetivo e condicionado, em primeiro lugar, à condição de humanos e ao conjunto de valores que fazem de nós quem somos.

Conscientes disso, não deixamos, contudo, de falar o que sentimos, mesmo que aquilo que hoje é o assunto se encontre à nossa porta. Não será, de todo, reprovável. Por uma vez que seja.

Não falaremos, portanto, do alcatrão que falta nas estradas, não falamos das prioridades da autarquia, das falácias dos números da contas do município, da arbitrariedade da escolha de uma freguesia em desfavor das outras todas e, hoje, nem sequer queremos saber se não há obras em Lordelo porque só se fazem em Rebordosa ou se o sul do concelho continuará confinado a um insustentável e inadmissível esquecimento, mesmo sendo a parte mais bonita  de Paredes.

Muito menos nos preocuparemos com o que já devia ter sido feito, com o que nunca deveria ter sido desfeito, nem sequer do que disseram que fariam e agora fazem ao contrário do que prometeram.

Hoje falamos do que vemos e gostamos. Ponto.

Iniciaram-se as obras de recuperação do pavilhão gimnodesportivo municipal de Paredes. Bem sabemos que – incapazes de ser modestos – nos prometem, como se fosse possível, um multiusos no meio da zona de maior densidade habitacional da sede do concelho, mas isso, por ora, pouco nos interessa.

Nem nos queremos lembrar que os que agora se propõem recuperá-lo se dispuseram a vendê-lo. Queremos lá saber!

E não nos venham com a velha prosápia de que as coisas se fazem porque as eleições são já a seguir. Sabemos disso e também sabemos que, aqui e nos outros sítios, as coisas são assim. Os ciclos eleitorais determinam o tempo em que as obras acontecem.

Já ficaremos contentes se o velho pavilhão, renovado e funcional, vier a ser recuperado para as funcionalidades e valências que sempre possuiu.

Um pavilhão com três naves. A nave principal com capacidade para receber todo o tipo de competições desportivas indoor, mesmo as de dimensão internacional e até com capacidade para grandes transmissões televisivas é o mínimo que se exige.

E o que atrás se pede não é nada que já não tivesse existido. Por isso, repor as funcionalidades que já deteve é devolver à sede do concelho uma parte pequena de tanto que já teve.

E, já agora, se não fosse pedir muito, para acabar com aquele péssimo aspeto do Estádio das Laranjeiras, que mais parece um monumento destruído durante uma guerra ou em ruínas numa cidade abandonada, não seria possível, estender a chapa ao longo das Laranjeiras. Sabemos que só vão recuperar o pavilhão e que o resto ainda irá dar muito que falar, mas digam-nos lá se a cidade não parecia mais limpinha?

É que a cidade inteira passa por ali todos os dias e acordar com aquele cenário permanente é um despertar que ninguém merece. E até nos entristece.

P.S.: o exemplo apresentado é mera sugestão.