Colocar a pessoa no centro dos cuidados é o grande objectivo do projecto “Humanizar +” do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS). As iniciativas previstas foram apresentadas, esta sexta-feira, durante a I Jornada de Humanização do centro hospitalar, realizada no Hospital de Amarante, que contou com vários especialistas e a presença do Bispo Auxiliar do Porto.

O projecto Humanizar + quer “reforçar a aproximação à realidade das pessoas, não só no cuidado e nas relações pessoais, profissionais e inter-profissionais, como também em toda a globalidade do sistema de saúde através da abertura e proximidade da instituição ao cidadão, espaços terapêuticos, nas equipas e processos assistenciais”, descreve o CHTS.

As medidas foram pensadas em torno de cinco eixos estratégicos: Humanização na prática assistencial; Informação e Comunicação; Profissionais: Agentes de Humanização; Espaços, Acessibilidade e Conforto; e Envolvimento e Participação dos cidadãos.

Em cada um desses eixos há várias acções previstas, direccionadas para as pessoas doentes, família e profissionais de saúde. Entre elas estão o acolhimento através de uma abordagem terapêutica e relacional para integrar os pais nas rotinas e cuidados às crianças na Pediatria; continuar a desenvolver, na Neonatologia, o Crescer com Afectos; criar um balcão único de apoio e informação ao utente sobre os procedimentos e dinâmicas hospitalares; realizar um ciclo de conferências; dar formação no âmbito da humanização a todos os grupos profissionais; criar um espaço para realização de sessões de relaxamento para profissionais e outras actividades de ajuda na gestão do stress; lançar da campanha Psiuu: o silêncio é parte do tratamento, entre outras iniciativas.

“O projecto tem também em consideração a melhoria do espaço e conforto com medidas que vão permitir o acesso livre à internet aos utentes e acompanhantes; decoração do Serviço de Urgência Pediátrica; melhoria do espaço de acolhimento no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental; actualização da sinalética de modo a facilitar o acesso fácil e intuitivo dos utentes para as diferentes áreas pretendidas; climatização adequada; criação do hospital de dia polivalente; criação de um serviço de admissão de doentes cirúrgicos e quartos para parturientes e acompanhantes”, acrescenta nota de imprensa.

Unidades devem ser avaliadas pela sua “taxa de humanização”

Durante as jornadas realizadas esta sexta-feira, Filipe Almeida, director do Serviço de Humanização do Centro Hospitalar São João, colocou a tónica na necessidade de “contratualizar a humanização”, ou seja, à semelhança do que se faz com as cirurgias ou as consultas, é necessário que as unidades de saúde sejam avaliadas, também, pelas suas “taxas de humanização”.

Duas doentes falaram da sua experiência enquanto pacientes dos hospitais deste centro hospitalar. Vânia Lopes, portadora de uma doença degenerativa explicou que, depois do choque do diagnóstico, o apoio da equipa hospitalar e o habitual “estamos aqui” no fim de cada consulta lhe dá “uma nova perspectiva”. “A doença é uma situação, não é uma condenação e é isso que me transmitem”, descreveu, segundo nota de imprensa. Já Gabriela Carvalho, mãe de uma bebé que nasceu prematura e que esteve mais de um mês internada no Serviço de Neonatologia, relatou que foi sempre “tratada como uma mãe especial” e que isso acontecia com todas as mães e todos os pais que lá estavam a acompanhar os filhos. “Senti ali a humanização”, disse.

Carlos Alberto Silva, presidente do conselho de administração do CHTS salientou que num centro hospitalar em que “os números de produtividade e de eficiência merecem um sinal verde, não é tolerável que o semáforo fique vermelho no que respeita à humanização”. “É absolutamente fundamental que sejamos capazes de dar o salto”, argumentou.