A Região do Sousa e Tâmega, onde se incluem Lousada, Paços de Ferreira ou Penafiel, foi a que menos fundos comunitários recebeu por habitante no último semestre, informa, a largamente desconhecida, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (“CCDR-N”). Mas esta não é razão pela qual as CCDR têm estado na ribalta. O motivo é antes a eleição dos seus presidentes a 13 de outubro, em vez da até aqui tradicional nomeação.
Mas vamos todos às urnas? Não. Esse privilégio é apenas aberto aos autarcas, como os presidentes das câmaras municipais ou os presidentes das assembleias municipais, da região coberta por cada CCDR. No caso da nossa CCDR, é abrangido todo o N(orte). Ou seja, todos os seus municípios, como Lousada, Paços de Ferreira e Penafiel (parte do Tâmega e Sousa) ou Paredes e Porto (que integram a Área Metropolitana).
Não sou capaz de conjeturar o que vai na cabeça destes grandes eleitores, mas consigo imaginar uma razão para a importância da eleição: a distribuição dos fundos comunitários.
A União Europeia financia a grande maioria do investimento público em Portugal, incluindo das autarquias. Desde Julho, aliás, repete-se à exaustão o grande número: 750.000.000.000 de Euros (sim, dez zeros). A Portugal caberá uma parte que, depois de chegada a Lisboa, será distribuída por todo o país, incluindo por cada uma das CCDR.
Mas não é necessário esperar pelo que virá para perceber a importância desta comissões na distribuição destes fundos: a CCDR-N geria, em meados do ano passado, mais de 3.000.000.000 de Euros. Imaginem o que será no futuro. As CCDR e os seus presidentes serão os novos donos disto tudo.
Mas se esta eleição é tão importante, certamente que alguém sabe como vão votar os autarcas. Temos visto que alguns autarcas do Porto não estão particularmente agradados com quem se perfila, apesar de área metropolitana recebido mais 252 milhões do que no semestre anterior. Do Sousa e Tâmega, alguém sabe como vão votar os seus autarcas no próximo dia 13 de outubro?
