A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios atribuiu um crachá de ouro, ao vice-presidente da direcção dos Bombeiros, José Vieira Pinheiro, uma das mais altas distinções da Liga dos Bombeiros Portugueses, várias medalhas de assiduidade, 12 de grau cobre, cinco grau prata, correspondentes a 10 anos de assiduidade, quatro grau ouro correspondentes a 20 anos de assiduidade e vários distinções a elementos da Fanfarra dos Bombeiros, no âmbito do aniversário do 95.º aniversário da instituição, que se assinalou este domingo.

A cerimónia ficou, também, marcada pela apresentação de duas viaturas (transportes de doentes não urgentes) novas, um auto-tanque reconstruído e um veículo de comando, oferecido à instituição por uma empresa, que foi posteriormente adaptado.

A cerimónia teve, também, como pontos altos a atribuição de três medalhas de dedicação por 25 anos de serviço, a atribuição de uma medalha de serviços distintos, grau cobre, à sub-chefe Susana Rangel, quatro medalhas serviços distintos, grau ouro, a Adriano Clemente, António Clemente, Armando Barbosa da Silva e Filomena Pereira, ex-presidente da direcção.

As comemorações do 95.º aniversário dos Bombeiros de Entre-os-Rios ficaram, também, assinaladas pela atribuição da medalha de mérito distrital ao presidente da direcção dos Bombeiros de Entre-os-Rios, António Fontes, pela Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto pelos serviços prestados à comunidade e aos bombeiros  ao longo de mais de 40 anos.

Em dia de aniversário, a direcção dos Bombeiros de Entre-os-Rios distinguiu, ainda, Nelza Florêncio, sócia honorária, e ex-secretária-geral do Ministério da Administração Interna pelo papel determinante que teve aquando da construção do actual quartel.

“Ninguém pode dispor dos bombeiros a seu belo prazer”

O presidente da direcção Humanitária dos Bombeiros de Entre-os-Rios, António Fontes, na sua intervenção, aludiu às dificuldades financeiras que continuam a assoberbar a associação, defendendo que as associações humanitárias devem ser geridas como empresas.

“Com as dificuldades financeiras e os exíguos apoios oficiais, continua a não ser fácil gerir esta casa. Tenho que referir mais uma vez que estas instituições de bombeiros têm que funcionar e ser geridas como se de uma empresa se tratasse cuja actividade principal é socorrer pessoas e bens com custos elevados e tratando-se de uma entidade de utilidade pública ela é de direito privado”, disse, salientando que qualquer acção solicitada aos bombeiros que não seja de emergência e socorro, essa intervenção estará sempre sujeita a orçamento e quem requisita os serviços terá que assumir o inerentes custos.

“A organização de quaisquer eventos está sujeita à legislação que prevê vários meios, agentes de autoridade para assegurar a ordem pública, agentes de protecção civil e bombeiros, a quem terá de ser pago, também, o seu serviço.  Ninguém pode dispor dos bombeiros a seu belo prazer. Ou são elaborados protocolos de cooperação onde estejam consagrados outros eventos que não sejam de âmbito do colectivo para que foram criados os corpos de bombeiros ou quando se fizerem parcerias com outras entidades estas terão que se responsabilizar pelos respectivos custos”, afiançou.

“Entramos numa fase de reestruturação do parque de viaturas”

O responsável pela direcção dos Bombeiros de Entre-os-Rios recordou que os custos da actividade dos bombeiros aumentam todos os dias, com receitas cada vez mais exíguas e com despesas maiores motivadas pelos custos dos combustíveis e do equipamento que é imperativo dar aos soldados da paz, reconhecendo que o parque automóvel da corporação está envelhecido com grande parte das viaturas a terem mais de 12 anos.

“Entramos numa fase de reestruturação do parque de viaturas”, afirmou, lamentando que os meios que as autoridades vêm anunciando que vão ser colocados ao serviço dos bombeiros não passam disso mesmo, de simples anúncios que na prática não existem, defendendo um levantamento individual  das necessidades de reequipamento.

Falando dos meios que as autoridades têm prometido, António Fontes recordou que os Bombeiros de Entre-os-Rios realizaram uma candidatura ao abrigo do anunciado financiamento comunitário POSEUR-2020 de uma viatura VTTF para combater os fogos florestais, mas esta não foi atendida.

“Foram comtemplados alguns corpos de bombeiros onde quase não existe floresta, comparado com a mancha florestal da área de intervenção dos Bombeiros de Entre-os-Rios”, sustentou.

Na sua alocução, o presidente da direcção ressalvou, também, o apoio que a Câmara de Penafiel tem dado à corporação, felicitando-a pela instalação do ar condicionado no salão nobre do quartel.

“Parque automóvel envelhecido. Algumas viaturas têm 600 mil quilómetros”

O comandante dos Bombeiros de Entre-os-Rios, Marco Ferreira, realçou o esforço que a actual direcção e demais órgãos sociais da corporação têm feito com o objectivo de equilibrar financeiramente a associação e dotar o comando e o seu corpo activo dos meios e viaturas para fazer face às necessidades da corporação.

Falando das viaturas que foram apresentadas, o responsável pelo corpo activo esclareceu que não existe nenhuma contradição com o facto da corporação  ter apresentado quatro viaturas no dia do seu aniversário e as dificuldades financeiros que vêm assoberbando a instituição.

Marco Ferreira declarou que o auto-tanque, Veículo Tanque Táctico, a corporação foi buscá-lo à sucata, tendo sido reconstruído pelos bombeiros e o carro de comando foi oferecido por uma empresa, tendo sido posteriormente adpatado.

Referindo-se, ainda, ao parque automóvel, Marco Ferreira avançou que este era um investimento que tinha de ser feito, que vai permitir dotar a corporação de melhores meios quer no socorro quer no combate aos incêndios florestais, defendendo que o parque dispõe de várias viaturas, algumas com 600 mil quilómetros.

O responsável pelo corpo activo elogiou,  também, a colaboração da comunidade local nas várias campanhas que a corporação tem realizado e elogiou o trabalho dos seus homens no apoio à população.

O vice-presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto, Joaquim Carneiro, manifestou que celebrar os 95.º aniversario de uma instituição é lembrar o passado, os seus fundadores, mas, também, perspectivar o futuro. Na sua alocução, Joaquim Carneiro recordou as vítimas do incêndio de Pedrogão Grande e expressou o desejo para que este cenário não se repita.

Referindo-se aos incêndios do ano transacto, elogiou a postura dos bombeiros que estiveram nas vária frentes de fogo, sublinhando que os soldados da paz devem estar sempre de pé, de espinha direita e que não devem nada a ninguém.

O vice-presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto  entregou a medalha de mérito distrital ao presidente da direcção dos Bombeiros de Entre-os-Rios justificando esta atribuição pelos 40 anos de ligação aos bombeiros, pela sua acção e apoio logístico na tragédia de Entre-os-Rios e ter sido uma mola fundamental na construção do novo quartel.

Albano Teixeira, 2.º Comandante Distrital do CODIS Porto enfatizou a importância do voluntariado, a cultura de instrução e formação que existe nos Bombeiros de Entre-os-Rios, assim como o esforço da direcção e do comando para dotarem a corporação e o seu corpo activo de melhores meios e materiais.

“Há milhões para tudo, não há nada para os bombeiros”

O vice-presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Marco Braga, relevou o papel que os bombeiros portugueses tiveram em Pedrogão Grande, discordando com os que insistem em atribuir responsabilidades soldados da paz pelo sucedido.

“Há milhões para tudo, não há nada para os bombeiros”, disse, insistindo na necessidade da criação do cartão social para os bombeiros, na implementação incentivos ao voluntariado, na revisão da lei do financiamento e na inclusão das autarquias na lei do financiamento.

Marco Braga defendeu, também, a criação de um comando único e uma direcção autónoma para os bombeiros, a criação de comissões distritais de reequipamento que elaborem um plano nacional de reequipamento com o objectivo de substituir veículos de maior idade e mais envelhecidos e de uma equipa de intervenção permanente para os Bombeiros de Entre-os-Rios e Paço de Sousa.

Já a vice-presidente da Câmara de Penafiel, Susana Oliveira, enfatizou o trabalho dos bombeiros no socorro às populações e salvaguarda dos seus bens, reconheceu as dificuldades que as direcções sentem em gerir instituições mas atalhou que a Câmara de Penafiel está se estará ao lado das corporações e dos bombeiros.

A autarca relembrou o trabalho já realizado pela autarquia, nomeadamente na atribuição de um seguro de saúde a todos os bombeiros do concelho e entregou ao presidente da direcção dos Bombeiros de Entre-os-Rios um cheque com montante  de 12 mil euros, metade do subsídio anual atribuída pela autarquia ao bombeiros de Entre-os-Rios.

Susana Oliveira declarou, ainda, que o executivo  aprovou em reunião de câmara um subsídio no valor de 13.686 euros para ajudar nos custos da reconstrução do auto-tanque, uma das viaturas que foi apresentada em dia de aniversário.