Chega de aterros em Valongo. A Recivalongo, implantada na vila de Sobrado, tem de ser fechada e os Sobradenses não podem esperar o tempo que os Ermesindenses esperaram pelo fecho da Fertor – um outro aterro que em outros tempos existiu no concelho de Valongo.

Há quem diga que esta luta não será política porque todos os partidos do concelho estão solidários na decisão, mas tudo é político, e se foi uma decisão politica que trouxe este aterro para Sobrado também terá de haver uma vontade e uma decisão política para o retirar.

Essa vontade já foi assumida pela câmara e pela assembleia municipal, falta a decisão que ultrapassa, infelizmente, as competências da câmara.

Precisamos que o governo nos ajude a alterar uma má decisão técnica da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN). Uma má decisão que permitiu a renovação de uma licença que a câmara e os Sobradenses não queriam e manifestaram esse desejo às duas entidades. Queremos por isso que as mesmas revertam um licenciamento que permite a deposição de mais de 400 tipos de resíduos que diariamente, estão a degradar a vila de Sobrado.

Para que entendam do que falo e de forma resumida, esclareço:

Em 2008 uma empresa do Grupo Casais construiu um aterro para resíduos de construção civil. Em 2012 uma outra empresa do mesmo grupo, construiu, na mesma zona, um novo aterro para depositar outros resíduos que não os resultantes das obras. A empresa obteve das entidades competentes licença para depositar 425 tipos de resíduos. Essa licença levou a que uma freguesia de cariz rural, convidativa a viver e propicia à exploração agrícola, passasse a ter, diariamente, cheiros nauseabundos, pragas de insetos, gaivotas e os seus leitos de água impróprios para consumo.

A mesma empresa, Recivalongo, perante o atual executivo camarário tentou realizar mais um investimento naquela zona mas foi recusado. Foi, porque não queremos investimentos que em nada contribuem para a melhoria do concelho. O atual executivo camarário do PS, perante alguém que apresenta um investimento, só aceita o mesmo se cumpridas algumas condições como: Novos postos de trabalho criados, impacto ambiental reduzido, forte possibilidade de interação comercial com empresas e produtores locais, uma boa capacidade de atrair novas empresas que pretendam manter relações comerciais com a empresa, valor global do investimento e o que este pode gerar na atividade empresarial e comercial local aquando da sua execução/construção.

Este aterro não trouxe nem traz nada disso. Praticamente não tem operários, o valor do investimento foi reduzido e não promove qualquer tipo de relacionamento com o tecido empresarial e comercial local. Em contrapartida tem um impacto ambiental muito negativo e retira qualidade de vida à população de Sobrado. Por tudo isto nunca autorizaremos novos aterros ou novas atividades que promovam o atual.

Aproveito e lanço um apelo aos senhores administradores do grupo Casais. Foi realizada uma caminhada de protesto organizada por moradores de Sobrado onde estiveram mais de 1000 pessoas, incluindo políticos de todos os partidos, o que demonstra que é unânime: Ninguém quer este aterro. Fechem-no! Levem-no para outro lado que não prejudique populações.

Os tempos, felizmente, são outros e vivemos numa era em que se privilegia o ambiente, a preservação dos ecossistemas naturais e a qualidade de vida das populações. Não podem continuar a insistir em aterros com um funcionamento arcaico.

Há poder para fechar este aterro, há vontade e por isso haverá ação. Fechem-no por vontade própria porque nós não vamos desistir até que isso aconteça.