O jazz está a chegar a Lousada. A partir desta quinta-feira até domingo, dia 29, a vila vai respirar música desde o Auditório Municipal até à zona dos bares, junto às Piscinas Municipais, com o Agitazz.

O Auditório, à semelhança das outras edições, vai ser o palco dos cinco artistas de jazz convidados. No dia 26 de Maio, Bruno Macedo e Quarteto são as primeiras bandas a subir ao palco. A seguir ao concerto, o rumo é para o Sunny Side Bar para ouvir o combo da ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo.

No dia a seguir, a tarde vai ser animada com o conservatório de música JOBRA e, à noite, é a vez de Carlos Bica e João e de Paulo Esteves da Silva.

No sábado, à tarde, haverá um combo da Conservatório de Música do Porto e, à noite, Salvador Sobral acompanhado por Júlio Resende, André Rosinha e Bruno Pedroso, vão terminar os concertos do auditório.

Ao longo dos quatro dias as ruas de Lousada vão ter animação de manhã à noite com várias iniciativas ligadas ao mesmo género de música: desde os “Santos da Casa também tocam Jazz”, às, já conhecidas, JAM sessions.

 

Projecto lida com crianças carenciadas dos 6 aos 16 anos

Margarida Guimarães- Agitarte

Margarida Guimarães tem 22 anos, estudou Ciências da Comunicação, em Braga, é de Lousada, e faz parte do projecto que organiza este evento, o Agitarte. A jovem é a mais nova da equipa com um total de sete pessoas, todas elas do sexo feminino.

No início, a equipa pensou em criar uma associação, mas desde logo percebeu que “exigia muita burocracia” e, por isso, decidiu “formar antes um projecto que envolvesse os jovens que já estavam incluídos em actividades do género, como jovens músicos e voluntários”. No entanto, a criação do projecto fez com que tivessem que procurar apoio jurídico. A associação “Ao Encontro das Raízes” respondeu às necessidades e, de acordo com Margarida Guimarães, “é lá que vão buscar ajuda quando mais precisam”.

A associação, à semelhança do projecto, tem âmbito recreativo e cultural, estando ligada às artes.

Este projecto, segundo explica a lousadense, tem por base a “intervenção social em crianças carenciadas, dos 6 aos 16 anos, que não é financiada por fundos públicos, mas por eventos que vão realizando ao longo do ano”, ainda assim, as ajudas por parte da Câmara Municipal de Lousada e por parte de algumas empresas da região têm feito a diferença para que este grupo de pessoas conseguisse levar o projecto avante.

O Agitazz funciona como principal financiador para as restantes iniciativas a serem feitas ao longo do ano. ”As crianças já foram à praia, ao cinema, a parques radicais e muitas outras actividades”. Para a organização, para além do lucro, foi uma forma de responder às necessidades culturais da população do Vale do Sousa, já que não existe mais nenhuma iniciativa do género na região.

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O preconceito pelo jazz ainda existe, mas está a ser ultrapassado

Para a responsável do Agitarte não deve voltar a haver um ano como o de 2015, em que conseguiram encher uma sala do auditório municipal com um concerto de Maria João e Mário Laginha. Ainda assim, começam a reparar que o reconhecimento da iniciativa já vem de outras zonas do país, como Lisboa e Porto, e, o facto de os bilhetes para os concertos estarem à venda na Ticketline, facilita a compra. “Já temos alguns vendidos”, adiantou esta segunda-feira ao VERDADEIRO OLHAR.

Este festival destina-se, sobretudo, a pessoas acima dos 30 anos, sendo que já começam a aparecer jovens interessados. “O jazz não é pop, não é rock e nem sequer é música clássica e, por isso, existe muito preconceito. Não é sempre fácil, mas tem vindo a melhorar e já temos muitos jovens a estudar jazz na região”, reflecte a jovem.

Os concertos não são a principal atractividade, diz Margarida Guimarães, o que explica que as Jam sessions sejam “um sucesso” no festival. Estas sessões permitem, a qualquer pessoa, subir ao palco e tocar de livre vontade e, ao contrário dos concertos, não são pagas. “Os Santos da Casa também tocam jazz” é outra iniciativa que teve muita adesão este ano, obrigando a organização a fechar as inscrições mais cedo. Este ano, cerca de 100 crianças e jovens, dos 3 aos 20 anos vão “provar que o jazz já faz parte da prata da casa”. Desta última iniciativa, “vão fazer parte a Orquestra do Conservatório do Vale do Sousa, miúdos da Creche Coração Solidário e seis jovens de Lousada com as respectivas bandas”, acrescenta.

“É muito raro haver salas cheias no jazz em todo o país” mas o Agitazz está a chegar a outro patamar e começa a ser uma referência. Por isso, diz a jovem, estão confiantes para esta nova edição.